Cidades do Marajó, no Pará, ficam cobertas por fumaça e moradores denunciam focos de incêndio
Segundo uma moradora de Portel, a situação começou no final de outubro, mas, nesta semana, a fumaça se intensificou. Breves vive situação semelhante
Moradores de duas cidades do Pará têm denunciado focos de incêndio. A situação tem causado grandes nuvens de fumaça nos municípios, principalmente na área rural. Imagens de Portel mostram os rios cobertos por uma neblina, além de pontos urbanos cheios de fumaça. O Grupo Liberal entrou em contato com a Prefeitura de Portel, mas até o momento, não obteve resposta.
Segundo um morador, que preferiu não se identificar, a situação começou no final de outubro, mas, nesta semana, a fumaça se intensificou na cidade, junto com o cheiro forte de queimada. “É mais perceptível durante a noite. De dia, fica só o cheiro de queimado, porque a fumaça se camufla e não aparece tanto. Mas, durante a noite, a gente consegue perceber mais”, contou.
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O morador disse que um representante da Prefeitura explicou à população que este é o período de queimadas. Em um áudio enviado por ela ao Grupo Liberal, uma pessoa não identificada diz que “o povo do campo, o pessoal que tem pasto, o pessoal que prepara a área para plantar mandioca, costuma fazer um preparo de área, que a gente chama de preparo da área tradicional, que a roçagem, e nesse período agora eles fazem a queima”.
Porém, a denunciante tem achado a proporção das queimadas muito grande. “Dizem que os ribeirinhos que plantam mandioca fazem o preparo queimando a terra para a plantação, mas percebemos que não se trata somente deles, também são os fazendeiros. Agora tem grandes empresários que estão investindo em fazendas para cá. Estão queimando sem controle, só os ribeirinhos com suas roças não fariam esse estrago todo”, relatou.
Ainda de acordo com ela, nenhuma medida foi tomada para cessar as queimadas no município, e os moradores não receberam resposta da Prefeitura sobre isso. O que tem ocorrido também, segundo a denunciante, é o aumento de problemas respiratórios na cidade. Sua filha, uma criança que tem asma, tem tido mais crises. Ao levá-la ao hospital, a mãe se deparou com outras pessoas com o mesmo sintoma.
Breves está coberta de fumaça
Em Breves, a situação é parecida. O professor Fábio Paes, de 43 anos, é morador da cidade e relatou que, há cerca de um mês, a população tem notado a proliferação de fumaça causada por queimadas desenfreadas.
“A população tem identificado que, na sua maioria, os focos são provocados e não pela força da natureza. Em muitos locais, os incêndios são causados por proprietários de terras que estão fazendo loteamento para construção de casas e usam o fogo como forma de devastação. As unidades de saúde já sentem o aumento significativo de pacientes com problemas respiratórios causados pela intensa fumaça que se prolifera diariamente pela cidade”, contou. Confira imagens de Breves:
Segundo ele, os moradores se organizaram, junto com entidades da sociedade civil, em um movimento contra a fumaça e pelo direito de respirar. Já foram protocolados diversos documentos junto à Prefeitura, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil Municipal, Guarda Municipal, Polícia Militar e Polícia Civil cobrando providências.
“A Prefeitura diz que foi montado um grupo interinstitucional para combater os focos de incêndio. No entanto, a população reclama que não consegue ver ações concretas e com resultados positivos desse grupo de trabalho. O Corpo de Bombeiros, por sua vez, alega falta de estrutura para combater os incêndios”, afirmou o professor ao Grupo Liberal.
Por conta disso, na última quinta-feira (14), o movimento fez uma manifestação na Câmara Municipal, mas, de acordo com Fábio, os vereadores se recusaram a receber lideranças do movimento. Em meio a tudo isso, ele detalhou que mais de 35 escolas localizadas na zona urbana já planejam paralisar suas atividades em virtude da qualidade do ar.
Em nota enviada à reportagem, a Prefeitura de Breves informou que está trabalhando na prevenção, fiscalização e combate às queimadas no município, de forma intensiva, por meio da operação “Patrulha do Meio Ambiente”, ao lado da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Defensoria Pública.
O Grupo Liberal também entrou em contato com o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e aguarda resposta.
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