Dia da Amazônia: em três anos e meio área de 30.896 km² da Amazônia foi desmatada
Pará cai no ranking entre os estados que mais desmatam na Amazônia. No primeiro semestre de 2023 caiu para o terceiro lugar
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) registrou que de 2020 até junho de 2023 a Amazônia teve uma área desmatada de 30.896 km². Em 2020, a área de derrubada da floresta foi de 8.058 km², em 2021 foi de 10.362 km², em 2022 de 10.573km² e de janeiro a junho de 2023 foi de 1.903 km².
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Embora o SAD tenha identificado a redução de 60% no desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2023, a área destruída foi a 6ª maior de toda a série histórica do monitoramento, que iniciou em 2008. Apenas no semestre, a Amazônia perdeu um território florestal quase duas vezes maior do que Belém. Isso equivale a mais de mil campos de futebol desmatados por dia.
Dos nove estados que compõem a Amazônia Legal, apenas Roraima apresentou alta no desmatamento entre janeiro e junho de 2023. No estado, a derrubada passou de 74 km² no primeiro semestre do ano passado para 112 km² neste ano, um aumento de 51%.
"Apenas o assentamento PAD Anauá perdeu uma área de 17 km² de floresta entre janeiro e junho, o equivalente a 1,7 mil campos de futebol. Ele foi o segundo assentamento mais desmatado de toda a Amazônia no primeiro semestre deste ano. “A maior parte do desmatamento no estado de Roraima no primeiro semestre ocorreu em áreas de assentamento e imóveis privados”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
De janeiro a junho, Mato Grosso devastou 580 km², Amazonas 475 km² e Pará 427 km², o que representa 30%, 25% e 22% do total na região, respectivamente. Juntos, foram os responsáveis por 77% da floresta destruída nos 9 estados da Amazônia Legal.
Em Mato Grosso, a derrubada da floresta vem avançando principalmente na metade norte, em municípios como Feliz Natal, o sétimo mais desmatado na Amazônia no primeiro semestre, e Colniza, o décimo. Além disso, duas áreas protegidas localizadas ao norte do estado também ficaram entre as mais devastadas. O território Piripkura, localizado nos municípios de Colniza e Rondolândia, foi a terceira terra indígena mais destruída da Amazônia. E a Resex Guariba-Roosevelt, que fica nos municípios de Aripuanã e Colniza, foi a sétima unidade de conservação mais desmatada da região.
“O Mato Grosso historicamente é um dos estados da Amazônia que mais desmatam, a maior parte desse desmatamento está relacionado a atividade agropecuária”, comenta Amorim.
O Amazonas sofre com o avanço do desmatamento nos municípios do sul, principalmente na divisa com Acre e Rondônia, região chamada de Amacro. É lá que ficam cinco dos 10 municípios que mais desmataram a Amazônia no primeiro semestre: Apuí, o líder do ranking, Novo Aripuanã, Canutama, Lábrea e Manicoré. “Apenas esses cinco municípios foram responsáveis por 76% da derrubada da floresta registrada no Amazonas nos primeiros seis meses deste ano”, alerta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Por causa dessa pressão no sul, o Amazonas também foi o estado que teve o maior número de assentamentos entre os 10 mais desmatados da Amazônia, cinco. Além disso, três das terras indígenas amazonenses ficaram entre as 10 mais destruídas da região: a Tenharim Marmelos (Gleba B), líder do ranking, a Andirá-Marau, que também fica no Pará, e a Sepoti.
O Pará teve uma redução significativa em área de desmatamento do período de janeiro a junho deste ano com relação aos ano passado. Este ano, o SAD registrou uma área de 427km² e nos mesmo período de 2022 a área foi de 1378km², isso representa uma redução de 69%.
“O Pará vem realizando operações que resultaram na redução do desmatamento no estado. Porém, algumas áreas protegidas estão enfrentando forte pressão, com o avanço da derrubada ilegal em seus territórios. São locais que precisam receber atenção prioritária para barrar o aumento da destruição de suas florestas, com a devida punição dos responsáveis por esse crime ambiental”, avalia Amorim.
É em solo paraense que ficam metade das terras indígenas e das unidades de conservação mais devastadas da região. O caso mais grave é da APA Triunfo do Xingu, unidade de conservação estadual que perdeu 60 km² de floresta entre janeiro e junho, o que equivale a mil campos de futebol por mês.
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