Deslizamento de terras no rio Mapuera deixa 2 mil indígenas com dificuldades de alimentação
O deslizamento foi constatado após sobrevoo da Funai na área afetada na segunda-feira (30)
Em Oriximiná, cerca de 2 mil indígenas que dependem do Rio Mapuera para alimentação e consumo de água estão enfrentando dificuldades após aparecimento de turbidez na água no último sábado (28). Um sobrevoo da Fundação Nacional do Índio (Funai), na área afetada constatou que a coloração do rio foi alterada por um deslizamento de terras de oito hectares, equivalente a oito campos de futebol, que desceram direto para o rio.
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Diante da problemática, o Ministério Público Federal marcou uma reunião para discutir a segurança alimentar das aldeias no entorno do rio.
As alterações nas águas foram percebidas pelos indígenas no último sábado (28) e no domingo (29), peixes foram achados mortos boiando no rio. Já na segunda-feira (30), um sobrevôo na região foi realizado pela Funai, indígenas e integrantes da Proteção Etnoambiental Cuminapanema, onde foi constatado o grande deslizamento de terras que avança para dentro das águas.
Segurança Alimentar dos indígenas
Em entrevista a OLiberal.com, o indígena Walter Powci wai wai, antropólogo e representante do povo wai wai, relatou as dificuldades dos indígenas para conseguir alimentos.
“Estamos passando a maior dificuldade, a gente vive com a maior parte de caça e pesca. Hoje, ficou complicado para manter a família assim. Estamos procurando igarapés com água limpa para consumo”, contou
De acordo com o indígena, as aldeias têm buscado alternativas de alimentos fora do rio. “Estamos buscando caça no mato porque a pesca ficou complicada com essa situação do rio”, detalhou.
Uma reunião foi marcada pelo MPF para esta quarta-feira, 1º de julho, para tratar sobre a segurança alimentar dos povos indígenas que dependem do rio para alimentação e consumo de água e que foram diretamente afetados.
Foram convocados para participar da discussão a prefeitura de Oriximiná, Secretaria de Meio Ambiente de Oriximiná, Funai, ICMBio, Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Distrito Sanitário Especial Indígena Guamá-Tocantins, Instituto do Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio) e com os representantes dos povos indígenas da região.
Segundo o MP, a reunião vai ser virtual e serão discutidas a questão da segurança alimentar e a necessidade de se mitigar os danos ambientais provocados pelo deslizamento de terras.
Relatório sobre a mancha de terra
As análises de imagens de satélite enviado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ao Ministério Público Federal (MPF), apontam que o deslizamento totaliza mais de oito hectares de terras, o equivalente a oito campos de futebol. Nesta terça-feira (31), a mancha no rio atingiiu a calha do Trombetas, principal rio da região.
“Por enquanto não há indícios de ter sido causado por ação humana, mas persiste a necessidade de resguardar a segurança alimentar e a saúde nutricional dos indígenas, quilombolas e ribeirinhos afetados pelas impurezas nas águas”, pontuou o MPF.
A prefeitura de Oriximiná informou que tem dado assistência aos indígenas, inclusive, com realização de uma arrecadação para doação de água mineral.
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