Castanhal: desenhos de menino autista viram arte
Guilherme Marinho já participou de diversas feiras e exposições com seus desenhos de dinossauros
Os desenhos do Guilherme Marinho, de 10 anos, estão estampados em camisetas, chaveiros e quadros. Aos poucos a arte da criança com transtorno do espectro autista está ganhando notoriedade em Castanhal e na capital. O pequeno artista participou da última edição da Feira do livro de Belém e também da de Castanhal, Feira Municipal da Educação Especial, Expofac, feira de talentos da escola e muitos outros convites estão surgindo, como explica a sua mãe, Leidiane Alves Marinho, 41 anos, que também é mãe da Isabelle de 8 anos de idade.
“O Guilherme está ficando famoso e agora que vai sair no jornal O Liberal vai ficar mais conhecido ainda. Através do talento do meu filho ele é chamado para mostrar sua arte em vários eventos e exposições e nós apoiamos esse dom que ele tem”, disse a mãe toda orgulhosa.
A ideia de estampar os desenhos em camisetas, outros objetos e comercializa-los veio após a insistência de alguns amigos da família.
“Muitas pessoas falavam para eu fazer camisa com os desenhos e eu ficava pensado se ia dar certo ou se seria muito caro, mas aos poucos fomos investindo e mandando fazer não só as camisetas como também os chaveirinhos com os desenhos e pequenos quadros. E os valores são de 10 a 15 reais”, contou a mãe.
O principal tema abordado por Guilherme é o dinossauro, que é o seu hiperfoco. Essa é uma das características marcantes do transtorno do espectro autista e acontece quando eles apresentam um interesse intenso e altamente focado, em um ou mais assunto. Pode durar a vida toda ou mudar com o tempo.
E foi o interesse pela arte de desenhar que chamou a atenção na primeira escola para o diagnóstico do autismo. “Ele só queria desenhar. A professora falou para colocar num curso de arte e que ele tinha um dom especial. Já estava com cinco anos e não falava e nem conseguia se desenvolver na escola, mas amava desenhar e foi aí que veio o diagnóstico da escola. Começamos então a fazer as terapias e mudamos o Guilherme da escola particular para a municipal que oferece mediadores para o aluno com deficiência”, explicou Leidiane.
VEJA MAIS
Na escola Pedro Coelho da Mota, no bairro do Heliolândia, onde a família mora, Guilherme conheceu a professora Mayara Ribeiro que utilizou o hiperfoco nos dinossauros como recurso para conseguir ajudar no desenvolvimento do artista.
“Sou professora da sala de recurso que é um atendimento contra turno onde o aluno deficiente vai para lá para trabalhar as habilidades. Descobri o hiperfoco no dinossauro e esse foi o recurso usado para prender a sua atenção”, contou.
Leidiane conta que a forma como foi conduzido o tratamento do filho na escola fez toda a diferença na vida da criança.
“Antes ele não brincava com outras crianças e hoje ele participa de exposições como artista. Fico muito emocionada quando lembro de tudo que passamos”, disse.
A professora Mayara destaca o emprenho da família do Guilherme para a virada de chave no desenvolvimento da criança.
O diferencial é o empenho da família. Nosso atendimento pode ser o melhor possível, mas se a família não se conscientizar que precisa ser parceira da escola, que precisa levá-lo a outros atendimentos com profissionais da área da saúde, o Guilherme não teria a evolução que ele tem hoje”, contou.
Mayara destaca também o papel da escola na vida da criança com deficiência.
“A escola pra ter um diferencial na vida de um aluno com qualquer transtorno ou deficiência também precisa entender que cada estudante é único, cada um aprende de uma forma e a gente precisa pôr em prática. Eu por exemplo avaliei ele no começo do ano, vi quais as habilidades que precisavam ser trabalhadas, conversei com os professores e a gente trabalha em conjunto. As habilidades são atenção e concentração, memória, socialização, atividade de vida diária”, explicou a professora.
Natal
As camisetas com os desenhos do pequeno artista irão compor o look da família na noite de Natal.
“Minha mãe já até falou que neste ano vamos estar todos vestidos de uniforme. Vamos mandar fazer mais camisetas para todo mundo”, contou.
E os projetos futuros?
“Ele já é um artista e vamos colocar ele para estudar artes e vai se aperfeiçoar ainda mais”, disse a mãe.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA