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Caroços de açaí e tucumã serão reaproveitados em novo laboratório da UFPA; veja como

Iniciativa desenvolve pesquisas para a produção de hidrogênio verde, bioquerosene e outros combustíveis a partir de biomassa residual como sementes de açaí

Jamille Marques | Especial em O Liberal

Caroços de açaí e tucumã, frutas típicas da Amazônia, serão reaproveitados para a produção de combustíveis sustentáveis e materiais inovadores no Laboratório de Transformação e Valorização de Resíduos Agroindustriais, da Universidade Federal Do Estado do Pará (UFPA). A iniciativa busca desenvolver tecnologias limpas, como hidrogênio verde, bioquerosene de aviação e nanocatalisadores, visando impulsionar soluções energéticas no Brasil. O laboratório foi inaugurado na manhã desta segunda-feira (2). 

O novo espaço de pesquisa marca um avanço significativo no aproveitamento de resíduos agroindustriais e na busca por alternativas energéticas sustentáveis. Os materiais serão utilizados principalmente como carreadores energéticos para setores estratégicos, incluindo aviação e produção de energia limpa.

Novo laboratório UFPA

O que são os resíduos agroindustriais?

Lucas Bernar, engenheiro químico e coordenador do laboratório, explica que os resíduos agroindustriais são materiais orgânicos descartados pelas indústrias agrícolas e alimentícias. Compostos predominantemente por celulose e lignina, eles possuem potencial para serem reaproveitados como matéria-prima em processos químicos e energéticos.“Por exemplo, caroços de açaí coletados em áreas urbanas precisam de um pré-tratamento específico para remoção de água. Já os resíduos da cana-de-açúcar requerem outro tipo de preparo, devido às suas características”, detalha Bernar.

image Lucas Bernar, Engenheiro Químico e Coordenador do Laboratório (Foto: Carmem Helena | O Liberal)

O foco do laboratório está em desenvolver tecnologias capazes de processar esses resíduos e convertê-los em produtos de alto valor agregado.

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Como funciona o processo?

O trabalho no laboratório utiliza técnicas de pirólise, que consistem em aquecer a biomassa na ausência de oxigênio. Esse processo transforma os resíduos em três subprodutos principais: biocarvão, biogás e bio-óleo. A partir daí, etapas adicionais permitem aprimorar a qualidade desses produtos.

  • O biogás pode ser convertido em hidrogênio verde.
  • O bio-óleo é refinado para produzir bioquerosene, gasolina verde e diesel verde.
  • O biocarvão pode ser transformado em catalisadores ou em carvão ativado para filtros industriais.

Essas inovações são resultados de anos de pesquisa iniciados em 2016, quando foram testadas as primeiras técnicas de pirólise de sementes de açaí.

O Espaço 

O projeto é uma realização do programa Sustenbio Energy da UFPA. Segundo o professor Nélio, Engenheiro de Processos Químicos, a iniciativa surgiu para atender à crescente demanda por alternativas energéticas sustentáveis. “Estamos desenvolvendo nanocatalisadores específicos para tornar os biocombustíveis ainda mais seletivos e com maior percentual de hidrocarbonetos, como no caso do querosene verde”, afirmou.

image Prof. Dr. Nélio Teixeira Machado, Engenheiro de Processos Químicos. (Foto: Carmem Helena | O Liberal)

Por enquanto, o laboratório visa produzir dados para pesquisa. “Ainda não temos equipamentos de grande porte para produção em escala industrial”, explica Lucas Bernar. A longo prazo, a intenção é contribuir para setores estratégicos, como transporte aéreo, que busca fontes mais limpas de combustível.

O espaço conta inicialmente com a atuação de nove pessoas: dois doutorandos, três mestrandos e quatro graduandos bolsistas. O projeto, no entanto, mobiliza uma equipe maior, com pesquisadores e técnicos ligados a diversas instituições parceiras.

Um marco para a sustentabilidade

A inauguração deste laboratório simboliza mais um passo da UFPA na liderança de pesquisas inovadoras em energia sustentável. Além de contribuir para a valorização de resíduos regionais, como caroços de açaí, o projeto alinha-se aos esforços globais de combate às mudanças climáticas e à transição para uma economia de baixo carbono.

O professor Nélio destaca que o trabalho desenvolvido no laboratório transcende a produção de combustíveis: “Trata-se de uma nova abordagem para o aproveitamento de biomassa residual, oferecendo soluções que unem ciência, tecnologia e impacto social”.

O futuro é promissor para o laboratório, que já se posiciona como referência na transformação de resíduos em soluções para um planeta mais sustentável.

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