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Aprovado na UFPA, homem de 64 anos supera quase cinco décadas longe da escola

Walmerinston Paixão Corrêa retomou os estudos através do EJA e, hoje, é estudante de Letras

Hannah Franco | Especial em OLiberal
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Nunca é tarde para estudar. Essa é a lição que Walmerinston Paixão Corrêa, de 64 anos, aprendeu ao enfrentar desafios, superar a situação de rua e conquistar uma vaga na Universidade Federal do Pará (UFPA). Após 46 anos afastado da escola, ele retomou os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e agora está matriculado no curso de Letras. 

A história de Walmerinston é um exemplo do poder transformador da educação. Ele encontrou na rede estadual de ensino a oportunidade de mudar sua trajetória e reescrever sua história. Agora, o seu maior sonho é tornar-se professor e lançar um livro.

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O primeiro passo foi na Escola Estadual Gregório de Almeida Brito, no bairro do Maguari, em Ananindeua, onde concluiu o Ensino Fundamental. Depois, seguiu para a Escola Estadual Luiz Nunes Direito, no bairro do Coqueiro, onde finalizou o Ensino Médio.  

Superação e resiliência

Voltar à escola após quase cinco décadas foi um desafio. “Passei 46 anos fora da escola e senti os impactos disso. Saí do 8º ano aos 17 anos e, por estar nas ruas, era julgado de forma errada. As pessoas me viam como bandido ou viciado", contou Walmerinston.

"A escola foi onde meu horizonte começou a se abrir novamente. No início, senti vergonha por estar ao lado de jovens atualizados, e tive dificuldade para assimilar os conteúdos. Nem esperava ser aprovado na universidade, pensava em tentar outra vez com mais calma”, revelou.

Durante os anos em situação de rua, Walmerinston enfrentou preconceitos e humilhações. “Decidi mudar por conta das humilhações diárias. Quando eu dava uma opinião sobre algo, ouvia coisas como ‘o que tu sabes, se nem estudas?’ ou ‘esse aí quer ser o que não é’. Isso me machucava muito. Então comecei a recolher livros do lixo e a estudar por conta própria. Isso foi essencial para minha aprovação”, relembrou.  

O impacto da EJA na vida dos alunos

Para a Coordenadoria de Educação de Jovens e Adultos (CEJA), histórias como a de Walmerinston reforçam o papel social da escola pública. “O senhor Corrêa passou 20 anos nas ruas, mas decidiu voltar a estudar e concluiu o Ensino Médio conosco. Ele pegava livros no lixão para estudar, pois ainda sobrevive catando recicláveis. Para nós, é emocionante ver sua conquista. A escola pública tem um papel social muito maior do que apenas transmitir conhecimento: ela deve ressignificar vidas e dar oportunidades. A história de Walmerinston é um exemplo disso”, destacou a coordenadora da CEJA, Ana Cláudia Neves.  

image Walmerinston Paixão Corrêa, estudante de Letras na UFPA. (Divulgação)

Agora, Walmerinston está ansioso para começar sua jornada acadêmica na UFPA. “Estou muito animado para o primeiro dia de aula. Quero aproveitar cada oportunidade, aprender, conhecer pessoas e mostrar que a sarjeta não é o fim. A escola é o caminho para recomeçar. Quando me formar, finalmente terei uma profissão regulamentada. Quero ser professor e isso vai mudar minha vida.”  

Para ele, a EJA representa um verdadeiro resgate social. “Eu achava que mudanças assim só aconteciam com outras pessoas, mas está acontecendo comigo. A escola transforma uma sociedade. Se não houver investimento na educação, não deixaremos um legado positivo para o futuro.”  

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