Amazônia e Pará registram queda de mais de 60% no desmatamento nos dois últimos anos, diz MapBiomas

Também na Amazônia, houve redução de desmatamento em todos os estados, exceto no Amapá

Gabriel Pires
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A Amazônia registrou uma redução de 62,2% no desmatamento nos dois últimos anos. O total de área desmatada do bioma foi de 1.202.628 hectares, em 2022, enquanto que, em 2023, esse número caiu para 454.271 hectares. Essa redução também foi uma tendência em todos os estados que compõem a floresta amazônica. No Pará, em 2022, foram derrubados um total de 465.074 hectares da vegetação, contra 184.763 hectares no ano passado - representando uma redução de 60,3%. Os dados são do Relatório Anual de Desmatamento (RAD 2023) do MapBiomas, divulgados nesta terça-feira (28).  

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Também na Amazônia, houve redução de desmatamento em todos os estados, exceto no
Amapá, onde houve aumento de 27%. Em todo o Brasil, o país perdeu 1.829.597 hectares de vegetação nativa em 2023. Em 2022, foram derrubados 2.069.695 hectares. Com isso, houve uma redução de 11,6% na taxa de desmate a nível nacional. Ainda de acordo com os dados do relatório, os dois biomas mais extensos do Brasil, a Amazônia e o Cerrado, somam mais de 85% da área total desmatada no país.

Em 2023, a área média desmatada por dia foi de 5.013 hectares – ou 228 hectares por hora. Mais da metade foi no Cerrado, onde foram perdidos 3.042 hectares de vegetação nativa por dia. Na Amazônia, foram perdidos 1.245 hectares por dia, o que equivale a cerca de 8 árvores por segundo.  O dia com maior área desmatada em 2023 foi 15 de fevereiro, quando em apenas 24 horas estima-se que foi desmatada uma área equivalente a quase seis mil campos de futebol, segundo o MapBiomas.

Outros biomas

No entanto, pela primeira vez desde o início da série histórica do MapBiomas Alerta, em 2019, o Cerrado ultrapassou a Amazônia em área desmatada. Em 2023, o Cerrado foi responsável por 61% do desmatamento no país, enquanto a Amazônia respondeu por 25%. No Cerrado, 1.110.326 hectares foram desmatados em 2023, um aumento de 68% em relação a 2022. Segundo o relatório, a expansão agropecuária foi o principal motor do desmatamento no Brasil, representando 97% do total.

A liderança do Cerrado no desmate se refletiu em vários indicadores. No bioma está o maior alerta de desmatamento do país: 6.691 hectares em Alto Parnaíba (MA). Além disso, o alerta com a maior velocidade média diária, 944 hectares em 8 dias, foi registrado em Baixa Grande do Ribeiro (PI). O território indígena mais desmatado também está no Cerrado, sendo Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, com 2.750 hectares. E o desmatamento em territórios indígenas no Cerrado aumentou 188% em relação a 2022.

Territórios quilombolas e Unidades de Conservação no Cerrado também sofreram mais, com aumentos de 665% no desmatamento de TQs e a APA do Rio Preto sendo a mais desmatada, com 13.596 hectares. São Desidério (BA) foi o município mais desmatado do país, com 40.052 hectares. Ou seja, 70% dos municípios do Cerrado registraram desmatamento.

Juntos, quatro estados do Cerrado – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que formam a região conhecida como Matopiba – ultrapassaram a área desmatada nos estados da Amazônia e responderam por quase metade (47%) de toda a perda de vegetação nativa no país no ano passado. Foram 858.952 hectares – um aumento de 59% em relação ao ano de 2022, o qual já havia registrado aumento (36%) em relação a 2021.

Três em cada quatro hectares desmatados no Cerrado em 2023 (74%) foram no Matopiba. Dois terços (33) dos 50 municípios que mais desmataram no Brasil em 2023 ficam no Cerrado, sendo que todos os 10 municípios com maior área desmatada no Cerrado em 2023 estão localizados no Matopiba.

Posicionamento

Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informa que, de acordo com dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará registrou em 2023 e pelo segundo ano consecutivo, 21% de redução no desmatamento, considerando o Ano PRODES. Em área, a redução dos últimos dois anos equivale a 193.900 ha.

Ainda segundo o INPE, no acumulado de agosto de 2023 a abril de 2024 (ano PRODES 2024), houve uma redução de 50% na área recoberta por alertas de desmatamento no estado em comparação com o período anterior.

O Estado instituiu, em 2020, a Força Estadual de Combate ao Desmatamento que, com as operações Amazônia Viva e Curupira, somente em 2024, já embargou 9 mil hectares de terras.

A redução do desmatamento no Estado consta entre os objetivos do Plano Estadual Amazônia Agora, que estabelece o compromisso de redução de no mínimo 37% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes da conversão de florestas e do uso da terra, até 2030, e de 43% de redução até dezembro de 2035. 

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