Agricultura familiar da agrovila do Itaqui vira modelo de gestão em Castanhal
Trabalho da comunidade se tornou referência no município e virou case de sucesso
Deise e seu Antônio Alves são agricultores e pequenos empreendedores em Castanhal. Hoje colhem o fruto saboroso, não só das delícias que cultivam e produzem, mas de um árduo trabalho que já dura 11 anos na agricultura familiar.
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A terra onde o casal mora e tira a sua subsistência fica a agrovila do Itaqui, zona rural de Castanhal. O local se chama “Sabor Agrofamiliar Itaqui” e tem 38 hectares, sendo 27 de reserva florestal e apenas 11 apropriadas para o trabalho, onde são plantadas diversas culturas e variedades como a do açaí chumbinho e o pai degua, laranja, banana pacoa, cupuaçu carimbó e o Rubens Lima, além de cacau, coco e a produção de mel. E as castanhas do Pará como produção nativa.
Mas quando eles chegaram na terra que a agricultora herdou dos pais, não tinha nada e estava improdutiva. O casal voltou para Castanhal por causa dos estudos da filha.
“Voltamos para evitar que o terreno fosse vendido e enfrentamos muitas dificuldades. Não tínhamos nenhum tipo de orientação sobre cuidar disso tudo só mesmo o recurso para empregar. E foi muito difícil no começo. A gente tinha porco, pato e outras aves, mas os morcegos vinham e comiam tudo e deu um desespero. Foi então que resolvi procurar a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará) em busca de socorro, pois já estava decidida a voltar pra cidade. A Emater me levou na Zoonoses e eles fizeram um trabalho incrível aqui, assim como a Secretaria Municipal de Agricultura”, relembrou Deise Alves.
O trabalho começou a ser feito pelos órgãos competente e o problema solucionado, mas os recursos que a família tinha para investir na propriedade acabaram e foi então que com uma doação de quatro porcos à família mudou totalmente de vida. “Os porquinhos foram doados pela Emater e com acompanhamento. Saímos das baias que era na lama e fomos para um sistema de cama sobreposta para suínos e esses quatro suínos criados e vendidos, se transformaram em três baias de alvenaria, uma fossa, um aviário, mais quatro leitões e cem pintos. Então nós começamos com muito pouco, porém com muito conhecimento”, explicou a agricultora.
Os agricultores iam em busca de conhecimento, e também ganhavam mudas e caroços das melhores espécies que passaram por processo de estudo e tecnologia. “As culturas que tem hoje não são as mesmas que o meu pai cultiva lá atrás, está tudo modificado. A banana por exemplo, a prata comum não dá dinheiro porque é uma fruta pequena que não se desenvolve e não serve para o mercado. As tecnologias desenvolveram a banana pacoa, prata pacovan que já tem mercado. Então sem essas tecnologias não teria como manter o pequeno agricultor. Um outro exemplo é o cupuaçu nativo que tem pouca polpa e já o carimbo tem um quilo de polpa e quase nada de caroço”, contou.
“Eu acredito que quando a gente quer tem que ir em busca. Porque eu não era agricultora e os meus pais e avós plantavam e cultivavam da maneira deles e não queriam fazer diferente, mas quando eu percebi que eu não iria conseguir dessa forma fui em busca para não desistir de tudo. E quando eu passei a conhecer tudo o desenvolvimento que tem para a agricultura eu fui em bisca de mais conhecimento”, disse a agricultura.
E vem dando certo todo o esforço da família que já se tornou referência e case de sucesso. A propriedade se transforou em propriedade modelo. “Nosso sítio é visitado por estudantes da área, técnicos de todos os órgãos voltados para a agricultura e recentemente estou sendo visitada e acompanhada pelo Sebrae. Todos querem ver de perto o nosso trabalho. Não é um trabalho só meu e agora é uma propriedade modelo com muitas variedades”, contou Deise Alves.
Empreendedora
Na casa simples da família foi construída recentemente uma pequena cozinha somente para trabalhar o beneficiamento dos produtos que não são vendidos in natura. O casal passou a produzir licores e polpas com os sabores de todas as frutas do sítio, mel com favo, própolis, andiroba, óleo do coco, biscoitode castanha, cacau em pó e outros.
“Eu não me imaginava fazendo essas coisas, quero ter ainda uma agroindústria e estamos só no começo. Mas continuo buscando conhecimento e agora de marketing para melhorar as embalagens e rótulos”, explicou a empreendedora.
Lucros
“Meu carro chefe já foi o frango, mas a agricultura familiar é auto sustentável e tem mês que entra mais renda com a produção dos produtos artesanais a assim vamos vivendo com muita felicidade”, contou Deise Alves.
Exemplo
O trabalho e a dedicação do casal de agricultores é referência no município de Castanhal, como explica o titular da Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Agrário, Gabriel Titan. “Ela vai cada vez mais longe e serve como exemplo, assim como seu esposo que é muito dedicado. O casal toca sozinho essa propriedade. A Deise é uma empreendedora e está preocupada com todos os detalhes dos seus produtos, como por exemplo está querendo melhorar sua logo marca e até acrescentar valor nutricional nas embalagens. Por isso estamos intermediando com o Sebrae. Ela vai longe”, disse.
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