A importância da denúncia e da rede de apoio no combate à violência doméstica em Rondon do Pará

Segundo dados de 2022 do Governo Federal, no primeiro semestre do ano passado, a central de atendimento do Disk Denúncias registrou 31.398 ocorrências e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres

Clara Maia/ Especial para O Liberal
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Segundo dados de 2022 do Governo Federal, no primeiro semestre do ano passado, a central de atendimento do Disk Denúncias registrou 31.398 ocorrências e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres.

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No Pará, um levantamento publicado aqui em O Liberal, com base em dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), revelou que, entre janeiro e fevereiro de 2022, houve um registro de 18.428 casos de violência contra a mulher, seja de natureza física, psicológica e sexual.

Algo em comum em todos esses casos, segundo os especialistas e nossas fontes é a forma como a violência doméstica começa. São atitudes consideradas leves e, muitas vezes, até imperceptíveis,diluídas em discussões, cenas de ciúmes, proibições, e que vão evoluindo para outras formas de abuso psicológico, como humilhações, xingamentos, manipulações e agressão física ou mesmo a morte. Geralmente, mulheres nessas condições não fazem denúncias por acreditar que o seu parceiro pode mudar, por dependência financeira ou emocional e por medo.

O relacionamento da rondonense Esther, nome fictício dado à nossa personagem para resguardar sua identidade, que durou um ano e cinco meses, começou a ser conturbado a partir dos sete meses de convivência. O seu parceiro começou a fazer cenas de ciúmes relacionadas ao trabalho, dizia que ele poderia fazer certas coisas e ela não, a xingava e depois dizia que a amava.

“A gente se dava muito bem um com o outro, saía juntos, curtia, só que, com o passar do tempo, eu evitava sair com ele, porque quando a gente saía, quando o efeito da cachaça batia nele, a festa toda ele passava a olhar pra mim, era motivo de querer arrumar briga com todo mundo”, relata Esther.

Esther rompeu o relacionamento, mas diz que, até hoje, o ex-companheiro pede para reatar e manda mensagens, tentando demonstrar arrependimento. Ele diz: “eu fui muito injusto com você e com nossa relação, quero te pedir desculpas pelas inúmeras vezes que deixei meu egoísmo falar mais alto e te afastar de mim. Eu vendo nossas fotos, me bateu uma saudade daquilo tudo.” Mas, Esther diz que não pretende voltar com o parceiro, pois carrega um grande trauma do que viveu com ele.

Esther sofreu agressão psicológica e, por pouco, não chegou a ser agredida fisicamente. Em uma das agressões, o ex-parceiro quebrou a sua janela com um soco e isso aconteceu mais de uma vez. Essa violência levou Esther afazer um pedido de medida protetiva, mas ele a convenceu a retirá-lo. Porém, em outra cena agressiva, ele pegou um vidro e ameaçou matá-la, assim ela pediu novamente a medida protetiva, que funciona até hoje, mas que, segundo ela, às vezes ele desobedece para tentar se aproximar.

Assim como muitas mulheres, Esther não nega que já ficou insegura diante das as palavras do ex-companheiro, com promessas de afeto e de mudanças na relação. Mas, ela afirma que está decidida a não dar mais uma chance, pois ainda carrega o trauma da violência doméstica.

Assistência para a mulher

Em Rondon do Pará, além da delegacia, a mulher pode procurar o Creas, que é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social, um serviço público destinado a atender pessoas que vivenciam situações de violações de direitos ou de violências. Lá as vítimas podem receber apoio e orientação.

Maria de Oliveira Cunha, coordenadora do Creas, conta que o Centro realiza campanhas e rodas de conversas sobre o direito da mulher. Ela reforça a importância de reunir as famílias, amigos e vizinhos, como uma rede de apoio na realização de denúncias e pedido de ajuda.

Nos casos de violência doméstica, o Creas oferece acompanhamento de assistência social e atendimento psicológico às vítimas. Em um dos atendimentos do Centro, a vítima pôde conversar com o psicólogo e recebeu orientação para procurar a delegacia e fazer a denúncia. A coordenadora conta que, inicialmente, a vítima esteve receosa em procurar a delegacia, mas, após bastante diálogo, decidiu fazer um boletim de ocorrência.

O agressor deste caso foi preso por um período breve e depois foi solto. Apesar disso, a vítima continuou com o acompanhamento psicossocial por um tempo e depois parou. “A gente sabe que existem muitos casos, mas ninguém denuncia. Por isso não há dados. Daí surge a importância desse trabalho de conscientização, das campanhas e rodas de conversa”, conta Maria Cunha.

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