1ª feira de casamentos homoafetivos do Pará combate preconceito e facilita acesso a fornecedores
A Love Fair reunirá fornecedores que apoiam e respeitam a comunidade LGBTQIA+, oferecendo desde serviços de buffet e música, até decoração, todos em stands para facilitar o acesso e o contato com os casais
O número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo na região Norte do Brasil aumentou nos últimos anos, registrando um crescimento de 32,8% em 2022 em comparação com o ano anterior, conforme os últimos dados do IBGE. Apesar deste avanço, muitos casais homoafetivos no Pará ainda enfrentam desafios ao buscar fornecedores para seus casamentos, encontrando resistência e preconceito. Para combater essa situação e oferecer um ambiente acolhedor e inclusivo, Belém sediará a primeira feira de casamentos homoafetivos da história do Pará, a Love Fair, no próximo dia 18 de setembro, no salão da floricultura Bem Me Quer, no bairro do Umarizal.
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A idealizadora do evento, a cake designer Nana Silva, decidiu tocar o projeto da feira após ouvir dois casais homoafetivos que sofreram preconceito e tiveram serviços recusados pelos fornecedores que procuraram.
"Aquilo foi muito forte de ouvir. Disseram que quando o fornecedor procurado sabia que se tratava de casal homoafetivo, respondiam que não faziam esse tipo de evento ou simplesmente deixavam de responder", diz Nana, acrescentando que a decisão de organizar o evento veio após conversas com seu marido sobre a ausência de feiras de casamento voltadas para casais homoafetivos no Pará e no Brasil.
Feira Exclusiva
A Love Fair reunirá 24 fornecedores que apoiam e respeitam a comunidade LGBTQIA+, oferecendo desde serviços de buffet, musical, até decoração, todos em stands para facilitar o acesso e o contato com os casais.
"Conseguimos o apoio da floricultura Bem Me Quer, que cedeu o salão maior. Serão 24 fornecedores, todos eles estarão em stands onde exporão seus produtos, vamos ter banda, coral, será uma festa", explica Nana.
Vinicius Ferreira, gerente de vendas e celebrante social que está casado há três anos com Ronaldo Adriano, também enfrentou dificuldades ao organizar seu casamento. Junto com Nana, ele é um dos organizadores do evento.
"Tivemos uma certa dificuldade em encontrar fornecedores porque as pessoas veem com desdém, não acreditam que duas pessoas do mesmo sexo podem casar. Me recusaram serviços também, isso acontece com frequência", relata Vinicius, ilustrando a discriminação ainda presente no setor de casamentos.
A psicóloga Aline Baía dos Santos, que está prestes a se casar com sua noiva Gleyce Lima após 13 anos juntas, compartilhou uma experiência similar.
"No início [uma fornecedora] estava nos tratando muito bem em contato via internet. Estávamos dispostas a fechar o negócio, porque o trabalho dela é reconhecido, mas aí infelizmente ela começou a destratar a gente, ignorando nossas mensagens logo depois que falamos que éramos casal homoafetivo". Aline destaca o desconforto e a tristeza que sentiu, além da revolta pela discriminação enfrentada.
“Me senti muito triste, depois fiquei revoltada, porque todo mundo tem esse direito e a gente não tem!?”, conta Aline. Para a paraense, a Love Fair mostrará a força de uma demanda crescente e que pode consumir os melhores serviços.
“Fomos em duas feiras de fornecedores, todas as vezes que nos apresentávamos perguntavam pelos nossos noivos, não sentimos representação, falta de preparo. É um mercado profundamente heteroafetivo. Essa feira vai abrir um leque muito grande de oportunidades de conhecimento e de negócios”, diz.
Como participar
Para participar da Love Fair como expositor, é necessário entrar em contato com os organizadores pelos telefones (91) 98263-4330 (Nana Silva) ou (91) 98281-9424 (Lene Lagoia). Já para ir como visitante, basta se inscrever pelo link ou acessar a plataforma Sympla.
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