Mulher é impedida de abortar mesmo sofrendo risco de vida: ‘Só quero sair daqui viva’
A moradora dos Estados Unidos passa as férias no país europeu e os médicos locais informaram que sua placenta está parcialmente deslocada do útero, trazendo riscos para a gestação
Recentemente, a americana Andrea Prudente e o marido Jay Weeldreyer foram surpreendidos durante a viagem de férias no arquipélago de Malta, país localizado na Europa. Andrea está com 16 semanas de gravidez e, durante a viagem, descobriu que estava com problemas na gestação. Sua placenta estava deslocada e não havia chances de vida ao bebê. Mesmo correndo risco de vida e contra sua vontade, a moça mantém a gravidez, obedecendo rígida legislação do país que impede a realização de aborto.
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"Parte de mim ainda celebra ouvir o batimento cardíaco. Ao mesmo tempo, não quero que continue, porque isto só contribui para o sofrimento da mulher que eu amo", disse Jay.
A americana aproveitava os dias de folga quando sentiu fortes dores e apresentar hemorragia. Inicialmente, Andrea foi aconselhada a tomar remédios para ajudar a finalizar o sangramento, que não cessou. Dois dias depois, a turista precisou ser internada em um hospital localizado na Ilha.
De acordo com o médico, com o deslocamento da placenta uterina, não havia mais a presença de líquido amniótico, responsável por fazer a proteção do embrião contra infecções externas. O diagnóstico dado também traz riscos à vida de Andrea, que, além de estar com covid-19, pode ter aumento do sangramento a qualquer momento, acarretando perigo à sua vida.
"É uma forma inconcebível de tortura emocional e psicológica", desabafou o marido.
Malta é o único país europeu onde o aborto é completamente ilegal. Em 2019, um projeto de lei foi apresentado ao Parlamento do local, porém foi vetado. Andrea continua internada e acompanhada pelos médicos, que reconhecem o risco, mas alegam que ela precisa manter a gestação até que o feto não apresente mais batimentos cardíacos ou aguardar uma infecção grave para que a equipe médica possa interferir.
A turista relatou, em entrevista, que é visitada diariamente no quarto do hospital para verificar se o coração do filho ainda está batendo e que é uma situação traumatizante.
"Só quero sair daqui viva. Jamais conseguiria imaginar um pesadelo destes. Não quero que ninguém passe por isso", disse.
Andrea está tentando conseguir uma transferência para algum hospital no Reino Unido, onde o aborto é permitido até as 24 semanas de gestação. Entretanto, ela e o marido alegam que a equipe do hospital está dificultando o processo e a documentação para transferência.
lara Dimitrijevic, fundadora da Fundação dos Direitos da Mulher de Malta, está atuando como advogada de Andrea e disse estar indignada com a situação. "A cada minuto acresce o perigo de vida dela", declarou Iara.
(Estagiária Juliana Maia, sob supervisão do editor executivo de OLiberal.com, Carlos Fellip)
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