Trump perde paciência e aumenta pressão sobre Zelensky

Líder americano avalia que presidente ucraniano é resistente ao acordo

Agence France-Presse | AFP
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O presidente americano, Donald Trump, intensificou nesta segunda-feira (3) suas ameaças contra o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, a quem acusa de não querer a paz com a Rússia, mas considerou que ainda é possível alcançar um acordo sobre os minerais ucranianos. Zelensky insistiu em que deseja que a guerra com Moscou termine "o mais cedo possível".

"Não deveria ser tão difícil chegar a um acordo. E esse acordo poderia se concretizar muito rapidamente", declarou nesta segunda-feira o presidente dos Estados Unidos a jornalistas, em um ambiente ainda tenso pelo bate-boca da sexta-feira com a contraparte ucraniana no Salão Oval da Casa Branca. "Agora bem, talvez haja alguém que não queira chegar a um acordo, e se esse alguém não quer um acordo, acho que essa pessoa não ficará aí por muito mais tempo", acrescentou. 

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Trump também disse que o presidente ucraniano deveria ser mais "grato" pela ajuda americana. Mas não deu por sepultado o acordo sobre os minerais que Zelensky deveria firmar em Washington na semana passada e em virtude do qual os Estados Unidos teriam acesso a terras raras ucranianas. Em um vídeo publicado nesta segunda pela noite, o chefe de Estado ucraniano reiterou seu pedido de obter garantias de segurança. 

"Foi a falta de garantias de segurança para a Ucrânia há 11 anos que permitiu à Rússia iniciar a ocupação da Crimeia e a guerra no Donbass, e depois a falta de garantias de segurança permitiu à Rússia lançar uma invasão em larga escala", disse.

O pior

Em reação a declarações feitas no domingo em Londres, nas quais Zelensky acreditava "que um acordo que pusesse fim à guerra [estava] muito longe", Trump o ameaçou em sua rede Truth Social que "não vai tolerar mais isso durante muito tempo". 

"Esse cara não vai querer a paz enquanto tiver o apoio dos Estados Unidos", disse o magnata, que, na sexta-feira, ameaçou deixar a Ucrânia sozinha se não fosse mais conciliadora.

Fazendo eco dos comentários do presidente americano, o Kremlin, que ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, afirmou nesta segunda-feira que teria que "forçar Zelensky" a firmar um acordo para terminar com o conflito porque ele atualmente "não deseja a paz". O presidente ucraniano lembrou que havia oferecido a sua renúncia em troca da paz e de que a Ucrânia fosse incorporada à Otan, o que significaria que ele já teria "cumprido [sua] missão". Mas, na semana passada, Trump disse que os ucranianos podem "se esquecer" da ideia de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), antes mesmo de receber Zelensky em Washington. 

Rússia contém seu avanço

Convidados pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, quinze líderes europeus expressaram no domingo seu comprometimento em apoiar Kiev e a se rearmar contra a Rússia. No terreno, a guerra continua causando mortes e destruição. O comandante-chefe do Exército ucraniano, Oleksander Syrskyi, disse nesta segunda-feira que um "míssil balístico Iskander-M com bombas de fragmentação" atingiu uma base do Exército na região de Dnipropetrovsk no sábado, a mais de 100 km da linha de frente, deixando "mortos e feridos". 

Segundo um blogueiro militar ucraniano, entre 30 e 40 soldados foram mortos no ataque, e até 90 ficaram feridos. Enquanto isso, as tropas russas avançaram menos em fevereiro que nos meses anteriores, segundo dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), sediado nos Estados Unidos.

O Exército russo ocupou 389 km² em fevereiro, após ter conquistado 431 km² em janeiro, 476 km² em dezembro e 725 km² em novembro. Atualmente, as tropas de Moscou avançam em direção a Pokrovsk, cidade logisticamente importante na província de Donetsk.

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