Trump quer reduzir importações e taxar madeira; EUA compram 40% da produção do Pará

O presidente chegou a afirmar, no início do mês passado, que pensava em impor uma taxa de 25% sobre a madeira serrada e produtos florestais

Elisa Vaz
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Principal comprador da madeira paraense, os Estados Unidos ameaçaram fazer uma investigação comercial sobre possíveis danos que as importações do produto podem causar para a segurança americana, o que tem sido observado com preocupação pelo setor no Pará. Segundo dados da Associação das Indústrias de Madeira do Estado do Pará (Aimex), o país é o destino de cerca de 40% da madeira produzida no Estado.

As investigações serão conduzidas pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e se baseiam na Seção 232 da Lei de Expansão do Comércio, de 1962. O presidente Donald Trump também assinou uma ordem executiva para elevar o número de possíveis fornecedores de madeira e madeira serrada e buscar reduzir os custos para a moradia e construção. A ideia é tentar garantir processos de licenciamento mais rápidos e aumentar a quantidade de produtos de madeira oferecidos para venda.

Diretor executivo da Aimex, Deryck Martins diz que o setor observa a medida com preocupação. “Os Estados Unidos são o principal destino da exportação da madeira produzida no Estado do Pará. Representa algo em torno de 40% do destino da madeira, seguido da União Europeia, depois a Ásia, Caribe e outros”, diz.

Taxação

Ainda não há uma informação oficial, mas Trump chegou a afirmar, no início do mês passado, que pensava em impor uma taxa de 25% sobre a madeira serrada e produtos florestais. Se isso ocorrer, de acordo com Deryck Martins, poderá ser percebida uma substituição por outros materiais mais poluentes e menos sustentáveis. Porém, o diretor reforça que a medida não é direcionada apenas ao Brasil, e sim para a madeira de qualquer país.

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“Nos últimos anos, a gente tem observado o crescimento de alguns produtos substitutos chamados de composite, que é um produto que utiliza em sua composição e que, muitas vezes, é usado como substituição à madeira. Então, ao aumentar essa taxação da madeira, isso pode criar uma maior procura por produtos que utilizem plástico em sua composição, ou seja, derivado do petróleo, então a gente percebe que pode ter um efeito na adoção de produtos mais poluentes ao invés de recursos naturais renováveis, como é o caso da madeira”, ressalta.

Deryck menciona, ainda, que a Aimex tem acompanhado esse processo de perto, com o objetivo de evitar a criação de novas taxas. É possível que, com o custo mais alto, o Pará busque uma diversificação maior da pauta exportadora, direcionando as vendas para países da Ásia, que já têm ocupado uma boa fatia.

Decisão

Por meio de um informativo, o governo dos EUA esclareceu que há uma exigência de novas orientações das agências do país com o objetivo de expandir a produção de madeira. Entre as demandas está a aceleração na aprovação de projetos florestais sob a Lei de Espécies Ameaçadas, o que ajudaria a prevenir incêndios florestais e melhoraria o habitat dos animais.

Antes da assinatura do documento, o conselheiro comercial da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou a jornalistas que a investigação seria uma espécie de contraponto às ações de grandes exportadoras do produto, como Canadá, Alemanha, além do próprio Brasil. “(Esses países) estão despejando madeira em nossos mercados às custas da nossa prosperidade econômica e segurança nacional”, disse o conselheiro.

Entre os produtos que devem ser impactados estão todos os itens feitos a partir de madeira serrada, a exemplo de móveis e armários de cozinha. Ainda não há uma previsão oficial para a conclusão das investigações, apesar de que a informação repassada pelo funcionário da Casa Branca indique que o processo seria acelerado pelo Departamento de Comércio do país.

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