Tratamento revolucionário elimina câncer considerado incurável em adolescente; entenda

Seis meses depois, o câncer de Alyssa está indetectável, mas a menina continua sendo monitorada para o caso de ele voltar

Luciana Carvalho
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Um novo tipo de tratamento revolucionário, eliminou um câncer considerado incurável em uma adolescente. O tratamento foi realizado pela primeira vez e todos os outros métodos utilizados para curar a leucemia da menina haviam falhado. As informações são da BBC.

Alyssa, que tem 13 anos e é de Leicester, na Inglaterra, foi diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda de células T em maio de 2021.

Seis meses depois, o câncer de Alyssa está indetectável, mas a menina continua sendo monitorada para o caso de ele voltar.

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Como foi feito o tratamento revolucionário que eliminou o câncer de Alyssa?

Os médicos do Great Ormond Street Hospital, um hospital infantil em Londres, recorreram à engenharia biológica para viabilizar o tratamento. 

As células T deveriam ser as guardiãs do corpo, buscando e destruindo ameaças, mas para Alyssa elas se tornaram um risco e estavam saindo de controle.

O câncer de Alyssa era agressivo. A quimioterapia e um transplante de medula óssea não conseguiram eliminá-lo de seu corpo. Sem o medicamento experimental, a única opção restante seria apenas deixar Alyssa em cuidados paliativos.

A equipe do hospital usou uma tecnologia chamada "edição de base", inventada há apenas seis anos. "Bases nitrogenadas" são a linguagem da vida. Os quatro tipos de base nitrogenada — adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T) — são os blocos de construção do nosso código genético. Assim como as letras do alfabeto formam palavras que carregam significado, os bilhões de bases em nosso DNA formam o manual de instruções de nosso corpo.

A edição de base permite aos cientistas ampliar uma parte precisa do código genético e, em seguida, alterar a estrutura molecular de apenas uma base, convertendo-a em outra e alterando as instruções genéticas.

A numerosa equipe de médicos e cientistas usou essa ferramenta para projetar um novo tipo de célula T capaz de caçar e matar as células T cancerígenas de Alyssa. Eles usaram células T saudáveis que vieram de um doador e começaram a modificá-las.

A primeira edição básica desativou o mecanismo de direcionamento das células T para que não atacassem o corpo de Alyssa. O segundo removeu uma marcação química, chamada CD7, que está em todas as células T. A terceira edição foi uma capa invisível que impedia que as células fossem mortas por uma droga quimioterápica.

O estágio final da modificação genética instruiu as células T a rastrear qualquer coisa com a marcação CD7 para que destruísse todas as células T de seu corpo, incluindo as cancerígenas. É por isso que essa marca deve ser removida do tratamento, caso contrário, ela simplesmente se destruiria.

Se a terapia funcionar, o sistema imunológico de Alyssa, incluindo as células T, será reconstruído com o segundo transplante de medula óssea.

Alyssa ficou vulnerável a infecções, pois as células projetadas atacaram tanto as células T cancerígenas em seu corpo quanto aquelas que a protegem de doenças.

Depois de um mês, Alyssa estava em remissão e recebeu um segundo transplante de medula óssea para regenerar seu sistema imunológico.

Ela passou 16 semanas no hospital e houve preocupações depois que o check-up de três meses encontrou sinais do câncer novamente. Mas nos dois exames mais recentes não havia sinais da doença.

(Luciana Carvalho, estagiária da Redação sob supervisão de Keila Ferreira, Coordenadora do Núcleo de Política).

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