Pelo menos 71 palestinos morrem em ataque de Israel contra chefe do Hamas, dizem autoridades

O grupo islamita militante Hamas disse, em nota oficial, que as alegações israelense de que o ataque tinha como alvo líderes militares eram falsas

Reuters
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CAIRO/GAZA/JERUSALÉM (Nidal al-Mughrabi, Hatem Khaled e Maayan Lubell/Reuters) - Um ataque aéreo israelense matou pelo menos 71 palestinos em uma zona de designação humanitária em Gaza neste sábado, de acordo com o Ministério da Saúde palestino, em um ataque que Israel disse que tinha como alvo o chefe militar do Hamas Mohammed Deif.

Ainda não se sabe ao certo se Deif foi morto. “Ainda estamos verificando os resultados do ataque”, disse uma autoridade militar israelense aos repórteres.

O grupo islamita militante Hamas disse, em nota oficial, que as alegações israelense de que o ataque tinha como alvo líderes militares eram falsas e que foram feitas apenas para justificá-lo, um dos mais letais nas últimas semanas.

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Desabrigados que ocupam a área disseram que as suas tendas foram destruídas pela força do ataque, descrevendo partes de corpos espalhadas pelo chão.

"Não sabia dizer onde estava ou o que estava acontecendo”, disse Sheikh Youssef, residente da cidade de Gaza que está atualmente desabrigado na zona de Al-Mawasi. "Saí da tenda e olhei ao redor, todas as tendas estavam caídas, tinham pedaços de corpos por todos os lados, mulheres idosas no chão, crianças em pedaços," ele disse à Reuters.

As forças militares israelenses disseram que o ataque contra Deif também tinha como alvo Rafa Salama, o comandante da brigada do Hamas Khan Younis, e que eles foram os mentores dos ataques de 7 de outubro que desencadeou a guerra em Gaza.

Deif escapou de sete tentativas de assassinato de Israel, a mais recente em 2021, e está no topo da lista de mais procurados no país por décadas, e é responsabilizado por dezenas de mortes de israelenses em ataques suicidas à bomba.

O Ministério da Saúde de Gaza disse que 71 palestinos foram mortos no ataque e que 289 ficaram feridos. Al-Mawasi foi designada como uma zona humanitária que o Exército israelense repetidas vezes pediu para os palestinos se dirigirem para lá depois de exigir a retirada de outras áreas da região.

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Imagens da Reuters mostram ambulâncias correndo para a região em meio a nuvens de fumaça e poeira. Os desabrigados, incluindo mulheres e crianças, fugiam em pânico, com alguns deles carregando os seus pertences com as mãos.

As forças militares israelenses publicaram uma foto aérea da região, que a Reuters não conseguiu verificar imediatamente, na qual alegava que havia “terroristas escondidos entre os civis”.

Uma autoridade militar israelense disse que a área não é um acampamento de tendas de desabrigados, mas um entreposto operacional do Hamas e que tinha vários outros militantes protegendo Deif.

Muitos dos feridos no ataque, incluindo mulheres e crianças, foram levados ao hospital próximo Nasser, cujos representantes afirmam que está sobrecarregado e que “não é mais capaz de funcionar” por conta da intensidade da ofensiva israelense e da falta de suprimentos médicos.

"O hospital está cheio de pacientes, de feridos, e não temos leitos para as pessoas”, disse Atef al-Hout, diretor do hospital, ressaltando que era o único hospital ainda em operação no sul de Gaza.

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O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, estava tendo reuniões especiais, de acordo com o seu ministério, por conta dos "acontecimentos em Gaza". Ainda não está claro como o ataque vai afetar as discussões sobre um cessar-fogo em Doha e no Cairo. 

ATAQUE ATINGE ÁREA TRANQUILA, AFIRMAM TESTEMUNHAS 

O escritório de imprensa operado pelo Hamas disse que pelo menos 100 pessoas foram mortas e feridas no ataque, incluindo membros dos serviços de emergência civil.

Uma autoridade sênior do Hamas não confirmou se Deif estava presente e classificou as alegações israelenses como “absurdas”.

"Todos os mártires são civis e o que aconteceu é uma intensificação na guerra de genocídio feita com apoio dos Estados Unidos e o silêncio mundial”, disse Sami Abu Zuhri para a Reuters, acrescentando que o ataque deixa claro que Israel não tem interesse em um cessar-fogo.

Em outra região no sábado, ao menos 17 palestinos foram mortos em outro ataque israelense em um salão de oração na zona oeste da cidade de Gaza, de acordo com autoridades do Ministério da Saúde palestino.

Testemunhas afirmam que o ataque em Khan Younis foi surpreendente já que trata-se de uma área tranquila, confirmando que outros mísseis foram disparados. Alguns dos feridos sendo retirados trabalhavam nos serviços de emergência, afirmam.

“Foram todos embora, minha família toda... Onde estão os meus irmãos, todos eles se foram. Não há mais ninguém”, disse uma mulher em prantos, que não deu o seu nome.

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