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Paraenses que moram nos EUA falam sobre o clima das eleições desta terça-feira (05/10)

Residentes de diferentes estados dos Estados Unidos comentam sobre o engajamento da população e quais os temas de maior preocupação dos eleitores

Gabi Gutierrez

Nesta terça-feira, 05, a população dos Estados Unidos decide seu novo presidente. O embate entre a democrata Kamala Harris e republicano Donald Trump, desde o começo, tem movimentado o cenário da política mundial e a população local que se divide entre os votos. Paraenses que residem em diferentes regiões dos Estados Unidos falam sobre o clima pré-eleitoral e a expectativa em torno do voto entre os norte-americanos. Em Wisconsin e na Flórida, ambos estados de grande diversidade cultural e posicionamentos políticos distintos, eles relatam percepções sobre engajamento, polarização e os temas que dominam o debate.

Os olhos estão voltados para os swing states, ou “estados-pêndulo”, onde o resultado pode definir quem assume a Casa Branca. Este ano, sete estados — Nevada, Arizona, Geórgia, Carolina do Norte, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin — concentram os ‘esforços das campanhas’. O colunista de política internacional do Grupo Liberal, Gustavo Freitas, destaca o papel crucial desses locais: “Representam o poder dos eleitores indecisos na política americana e refletem a importância de temas locais e demográficos específicos”. Com temas locais e dinâmicas demográficas específicas, esses estados se tornaram o campo de batalha decisivo na corrida presidencial.

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Alexandre Modesto, paraense residente na Flórida há 1 ano, destaca a preferência na Flórida por candidatos conservadores, especialmente entre os cubano-americanos e comunidades latinas com histórico de apoio a políticas republicanas. "A preferência aqui é pelo que chamam de 'valores tradicionais', e há uma forte rejeição ao Partido Democrata", aponta Modesto.

Já em Wisconsin, um dos estados-chave, a advogada Ana Carolina Cazetta percebe uma “bolha progressista” em Madison, onde o apoio a Kamala Harris é mais expressivo e com forte participação dos jovens. “Em regiões como a minha, as pessoas levam a política para dentro de casa. Usam placas e bandeiras com apoio aos candidatos, algo que acaba refletindo o engajamento político de forma mais visível”, observa.

A advogada ainda observa o incentivo ao voto como algo presente em várias esferas da vida pública e privada. Na cidade universitária de Madison, onde vive, as campanhas de mobilização ganham força, especialmente entre jovens e comunidades progressistas. "Aqui, é comum ver camisetas que incentivam o voto, e artistas apoiam abertamente certos candidatos, algo que mobiliza a juventude e dá força ao engajamento cívico", comenta.

Alexandre destaca como a mobilização eleitoral tem intensificado a polarização. “A disputa é intensa e gera discussões acaloradas entre os eleitores”, observa ele, que mora no estado há pouco mais de um ano e considera que a Flórida vive um momento de mobilização histórica, especialmente entre a comunidade latina, um grupo com inclinações distintas.

Temas em pauta

Para ambos os entrevistados, certos temas estão no centro do debate e refletem as particularidades de cada região. Segundo Modesto, a economia e o emprego são pautas predominantes entre os latinos da Flórida, com muitos apoiadores de Trump enxergando suas políticas econômicas como um pilar de fortalecimento. "A criação de emprego e crescimento econômico são essenciais. Por isso, o governo que priorizar esses aspectos terá apoio", afirma Modesto.

Em Wisconsin, por outro lado, Ana Carolina percebe que a imigração e o respeito aos imigrantes são temas sensíveis e frequentes nas discussões, especialmente entre descendentes de latino-americanos. "O impacto da regulamentação migratória afeta diretamente as famílias aqui e é algo muito presente nos discursos de quem valoriza políticas de inclusão", acrescenta.

Com o sistema eleitoral americano possibilitando voto antecipado, a advogada de 27 anos observa que muitos eleitores já expressaram sua escolha antes do dia oficial da eleição. A apuração, porém, segue um ritmo mais demorado que o processo no Brasil, o que, segundo Carolina, gera certa ansiedade. “Aqui, a espera pode durar dias, e isso surpreende eles, quando dizemos que estamos acostumados a saber o resultado no mesmo dia”, comenta.

Polarização e semelhanças com o Brasil

Para Carolina e Modesto, as eleições americanas lembram o clima polarizado no Brasil. “Há bolhas que defendem apaixonadamente os candidatos, e os jovens são os que mais promovem a participação”, diz Carolina. Já Modesto, que vê de perto a polarização na Flórida, considera que a disputa acirrada reflete o espírito patriótico dos americanos.

 

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