HRW denuncia 'centenas' de crimes de guerra no ataque de 7 de outubro contra Israel
Grupo terrorista Hamas criticou o documento
O Hamas e outros grupos armados palestinos de Gaza cometeram "centenas" de crimes de guerra em seu ataque sem precedentes de 7 de outubro contra Israel, afirma a ONG Human Rights Watch (HRW) em um relatório publicado nesta quarta-feira (17). A investigação, que constitui até o momento um dos estudos mais detalhados do ataque que desencadeou a atual guerra em Gaza, detalha uma série de crimes imprescritíveis segundo o direito internacional.
"É impossível estabelecer um número específico de casos", afirmou Belkis Wille, diretora associada da organização, em uma entrevista coletiva. "Obviamente, aconteceram centenas naquele dia", acrescentou.
Os crimes de guerra "incluem ataques deliberados e indiscriminados contra civis e bens civis, assassinatos intencionais de pessoas sob custódia, tratamentos cruéis e outros tratamentos desumanos, violência sexual e de gênero, tomada de reféns, mutilação e roubo de corpos, uso de escudos humanos, assim como atos de pilhagem e saques", afirma o relatório.
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A publicação se concentra nas violações do direito humanitário internacional, o conjunto de regras reconhecidas pelos Estados sobre a conduta em tempos de guerra, a maioria incluída na Convenção de Genebra.
A HRW também identificou "crimes contra a humanidade", como "o assassinato planejado de civis e o sequestro de reféns".
Embora o grupo islamista palestino Hamas seja considerado o organizador do ataque, o relatório cita outros grupos armados que cometeram crimes de guerra em 7 de outubro, incluindo a Jihad Islâmica.
Os detalhes sobre o que aconteceu naquele sábado são abundantes.
"Em vários pontos, os combatentes atiraram diretamente contra os civis, muitas vezes a curta distância, quando eles tentavam fugir, e contra pessoas que dirigiam veículos na área", afirma o relatório.
"Lançaram granadas e dispararam contra áreas seguras e outros abrigos... incendiaram casas, queimaram e asfixiaram as pessoas até a morte, forçaram outras a sair que depois foram sequestradas ou mortas".
A HRW também cita uma equipe do representante especial da ONU sobre violência sexual em conflitos, que entrevistou testemunhas de estupros.
A verdadeira extensão da violência sexual, no entanto, "provavelmente nunca será totalmente conhecida", devido à morte das vítimas, o estigma social para as sobreviventes e ao fato de que os funcionários israelenses de emergência não recolheram provas suficientes em um primeiro momento.
Ataque "incrivelmente planejado"
Na entrevista coletiva, Wille negou que os piores atos de violência tenham sido cometidos por civis em Gaza, como afirmam com frequência "o Hamas para se distanciar dos acontecimentos e Israel para justificar as suas operações de represália".
A diretora da HRW destacou "a natureza incrivelmente planejada e coordenada" do ataque contra cidades, kibutz e bases militares na área de Israel próxima à Faixa de Gaza.
A ONG afirma no relatório que mais de 815 civis morreram no ataque.
Segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses, o ataque de 7 de outubro matou 1.195 pessoas do lado israelense, a maioria civis. Além disso, 251 pessoas foram sequestradas.
As autoridades israelenses calculam que 116 continuam em cativeiro em Gaza, mas 42 foram declaradas mortas.
Em resposta ao ataque, Israel iniciou uma campanha militar contra Gaza para eliminar o Hamas, uma operação que deixou mais de 38.700 mortos, a maioria civis, segundo os dados do Ministério da Saúde do território controlado pelo grupo islamista.
O Hamas criticou o relatório.
"Rejeitamos as mentiras e o preconceito flagrante em benefício da ocupação e a falta de profissionalismo e credibilidade do relatório da Human Rights Watch. Exigimos a sua retirada e um pedido de desculpas", afirma um comunicado divulgado pelo movimento islamista palestino, considerado um grupo "terrorista" por Estados Unidos, União Europeia e outros países.
O relatório cobre apenas os acontecimentos de 7 de outubro, e não a guerra subsequente. O Hamas afirmou que o documento deveria ter incluído a resposta israelense. A HRW continua investigando o conflito em Gaza.
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