Em tom sarcástico, Putin expressa 'apoio' a Kamala Harris; Casa Branca reage
Governo dos Estados Unidos (EUA) acusa Rússia de interferência eleitoral
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou nesta quinta-feira (5/9) apoio à candidata democrata Kamala Harris na eleição presidencial americana de novembro, em um tom sarcástico e um dia após Washington voltar a acusar Moscou de interferência eleitoral.
O presidente americano Joe Biden "recomendou a seus eleitores que apoiem a senhora Harris, então nós também a apoiaremos" quando enfrentar o ex--presidente Donald Trump, disse Putin, com um sorriso, em um fórum econômico em Vladivostok, no extremo leste russo.
"Em segundo lugar, ela (Kamala) tem um sorriso tão expressivo e contagiante que mostra que tudo está bem com ela", acrescentou o presidente russo.
A Casa Branca reagiu e exigiu que Putin “pare de interferir” nas eleições dos EUA.
"Os únicos que devem decidir quem será o próximo presidente dos Estados Unidos são os americanos, e agradeceríamos muito se o senhor Putin, a) parasse de falar sobre as nossas eleições, e b) parasse de interferir nelas", declarou o porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby.
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Putin geralmente usa um tom duro para mencionar os eventos políticos e sociais nos Estados Unidos.
No ano passado, ele afirmou que o sistema político americano está "apodrecido" e que Washington não poderia dar lições de democracia a outros países.
Putin disse nesta quinta-feira que Trump, que foi presidente entre 2017 e 2021, impôs "mais sanções contra a Rússia que qualquer presidente" anterior.
"Se Harris estiver bem, talvez se abstenha de tais ações", acrescentou.
Em fevereiro, Putin afirmou que Joe Biden, na época pré-candidato à reeleição antes desistir da candidatura em julho, era mais "previsível e experiente" que Donald Trump.
A declaração foi recebida com muito ceticismo pelos analistas americanos, que acreditam que Moscou prefere Trump, que é mais suscetível a reduzir a ajuda militar e financeira à Ucrânia.
Neste sentido, uma afirmação como a desta quinta-feira poderia ser uma simples estratégia para confundir as intenções russas.
A inteligência dos Estados Unidos concluiu que houve interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e 2020 a favor de Trump, o que o republicano nega categoricamente, assim como a diplomacia russa.
Trump já expressou sua admiração pelo presidente russo e disse que teria a capacidade de solucionar o conflito entre Rússia e Ucrânia "em 24 horas".
Também criticou os bilhões de dólares desembolsados por Washington para ajudar Kiev a conter a ofensiva russa, iniciada em fevereiro de 2022.
Kamala Harris prometeu no final de agosto que apoiará a Ucrânia de maneira veemente.
Sanções e acusações de interferência
As autoridades americanas anunciaram na quarta-feira sanções e processos judiciais contra funcionários do meio de comunicação russo RT, em resposta ao que afirmam que são tentativas de interferir nas eleições de novembro.
Entre as 10 pessoas e duas instituições afetadas pelas sanções do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos estão a editora-chefe do RT, Margarita Simonian, e sua adjunta, Elizaveta Brodskaia.
Segundo a Casa Branca, Putin estava "a par" das operações de interferência eleitoral.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentou a afirmação nesta quinta-feira.
"Evidentemente é uma operação, uma campanha de informação (...) preparada há muito tempo e que é necessária agora que se aproxima a última fase do ciclo eleitoral", disse em uma entrevista à agência russa Ria Novosti.
As autoridades americanas não afirmaram quem seria beneficiado pelas tentativas de interferência russa nas eleições de 2024.
O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Merrik Garland, comentou brevemente que, segundo a análise dos serviços de inteligência, "as preferências da Rússia não mudaram em relação às últimas eleições", o que a entender que Moscou está mais uma vez trabalhando a favor do republicano Trump.
A transmissão da RT foi amplamente reduzida ou proibida em muitos países ocidentais, que acusam o canal de tentar desestabilizar as suas democracias com a divulgação de informações falsas.
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