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Ano de 2022 registra mais de 230 mil mortes em conflitos, o mais letal em três décadas

Mas não foi a Ucrânia, responsável por mais de 80 mil mortes, que liderou o ranking e sim a Etiópia

O Liberal
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Em 2022, ocorreu uma escalada de violência global, resultando em mais de 230 mil mortes em conflitos, tornando-o o ano mais letal das últimas três décadas, ficando atrás apenas de 1994, quando aconteceu o genocídio em Ruanda. Embora a guerra na Ucrânia tenha sido responsável por mais de 80 mil mortes, ela não foi a mais mortífera. O país que liderou o ranking de letalidade foi a Etiópia, conforme apontado pelo Programa de Dados de Conflitos da Universidade de Uppsala, na Suécia.

Até 14 de julho, foram registradas 238 mil mortes em violência organizada em 2022, categoria que engloba guerras entre países, atores não estatais e violência contra civis. A violência promovida por Estados foi responsável por 205 mil mortes, sendo a Etiópia e a Ucrânia responsáveis por 75% do total.

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Ucrânia: percepção de um mundo mais inseguro

O professor Magnus Öberg, da Universidade de Uppsala, ressalta que poucas guerras concentram a maioria das baixas devido ao envolvimento de grandes Estados e exércitos. Apesar de não liderar a lista de letalidade, a guerra na Ucrânia contribuiu para aumentar a percepção de um mundo mais inseguro, sendo o primeiro conflito a envolver diretamente dois países centrais desde a Guerra Fria. Esses conflitos também trouxeram à tona batalhas cada vez mais sangrentas, marcadas pelo uso de tecnologias que ampliam o número de baixas militares e civis.

A guerra na Ucrânia teve um papel importante na quebra de tabus, incluindo o "tabu da água", que proíbe o uso da água como arma de guerra e a explosão de represas. Essas restrições, em geral respeitadas desde a Segunda Guerra Mundial, foram violadas no conflito ucraniano, tornando-o um marco importante.

Etiópia e uma guerra sangrenta

A Etiópia, por sua vez, foi responsável pelo último impulso no número de mortes, palco de uma guerra sangrenta entre o governo e os rebeldes da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF) desde 2020, com denúncias de crimes de guerra.

O aumento na letalidade e no número de conflitos está relacionado a diversos fatores, incluindo disputas territoriais, conflitos por identidade e o colapso de Estados. A globalização e o trânsito intenso de armas mais leves, baratas e tecnológicas também têm contribuído para esse cenário. Diversas regiões do mundo enfrentam focos de conflito com alto índice de mortes, sendo o conflito não estatal mais comum no norte da África e na América Latina, relacionado ao narcotráfico.

As guerras também trazem um alto custo econômico, como evidenciado pelo exemplo da Ucrânia, afetando o comércio e provocando disparadas nos custos de energia, como o preço do barril de petróleo, que alcançou níveis elevados desde a crise de 2008. Com um impacto econômico significativo, é esperado que o mundo enfrente momentos difíceis, ressaltando a necessidade de encontrar soluções pacíficas para reduzir a violência global.

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