Remo: empresário oferece mais de R$200 milhões para comprar SAF azulina; Fábio Bentes nega proposta
Empresário carioca afirmou ter emitido proposta ao Remo direcionada ao presidente do Condel azulino, Milton Campos, para a compra do departamento de futebol do clube
O futebol brasileiro aos poucos está mudando e cada vez mais grupos de investidores estão buscando clubes de futebol para realizar negócios, neste caso, Cruzeiro-MG e Botafogo-RJ são pioneiros no quesito da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Em Belém, o Remo possui uma proposta de compra, feita pela empresa VL Gold Dubai, administrada por Leandro Rodrigues, ex-jogador de futebol e que teve passagens pelo Pará. O valor ofertado pela empresa ao clube paraense é de 40 milhões de euros, cerca de R$210 milhões, mais acréscimos de 25% do valor caso suba para a Série B. A informação foi confirmada pelo presidente da empresa ao O Liberal.
Ouça um trecho da entrevista:
Um documento foi formalizado e entregue a um representante de Leandro Rodrigues no Pará, que não teve o nome divulgado, porém, ele faz parte do condel azulino e está tratando diretamente com o presidente do Condel, Milton Campos.
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“Faço gestão de investidores fortes do mundo árabe e temos um acordo de fazer a compra de um clube no Brasil. Trabalho com commodity, intermediação de compra e venda de ouro e diamantes, títulos, criptomoedas. Acredito que o Remo seja a melhor opção de investimento não só no Pará, mas também no Brasil. O Remo a nível de torcida possui um potencial, que faz o time ir para frente, que sempre sustentou o clube quando esteve em baixa e é bem destoante do cenário brasileiro. Se pegarmos o Remo sem observar que ele se encontra na Série C, mas em termos de torcida, o potencial de crescimento a nível de futuro. O Remo está igual ou acima de pelo menos uns seis clubes da Série A do Brasileiro”, disse.
Mudança no futebol paraense
Atualmente morando em Zurique, na Suíça, Leandro Rodrigues, disse ao O Liberal que conhece o a relação dos clubes de Belém. Ele afirmou que em algumas situações pessoas ligadas ao clube como colaboradores, já se intitulam donos da agremiação pelo fato de ajudar, mas que isso pode mudar com a questão da SAF, que busca mudar o futebol e os clubes colhendo os frutos da SAF.
“A negociação está bem no início, mas ficamos temerosos, pois já conhecemos o cenário do Estado do Pará, como funciona a parte de diretoria, Condel, investidor que sempre ajudou o clube, mas que já se intitula proprietário e já se intitula mais que o presidente. Sabemos como funcionam o futebol brasileiro e no Pará. Estava conversando com um amigo, de colocar o torcedor do Remo à par do que está se passando, para que ele não seja enganado. É mais fácil passar a informação fidedigna ao torcedor, que é o maior interessado no clube, que existe uma proposta real e que isso pode mudar o futuro do Remo por completo. O cenário do futebol brasileiro na questão de SAF, quem aproveitar agora, vai colher bons frutos na frente. Temos pressa, pois não queremos pegar um clube que seja demorado o processo, muito do meu debate com os investidores do dinheiro é isso, tudo se dará através da minha empresa, 100%, do início ao fim. Caso não seja feito (o negócio) agora e deixe para acontecer, o Remo terá o cenário de três, quatro ou cinco anos em retornar à Série A do Brasileiro. [Sendo feito agora] o Remo terá totais condições mediante ao investimento dessa envergadura, se acelerarmos o processo a subir à Série B, daí se equipara ao interesse inicial de investir, que seriam em equipes das Séries A e B”, disse.
Escolha pelo Condel
Leandro Rodrigues informou que é o dono da empresa, mas que os investidores que são do mundo árabe não querem aparecer neste momento, mas que todas as garantias serão dadas por sua empresa ao Remo em tudo que for necessário. A escolha por conduzir o possível negócio pelo Condel, sem passar pela presidência, partiu do processo político que o Remo vive, após o descenso para a Série C.
“O dono da empresa sou eu, os donos do dinheiro não querem aparecer. Tudo ocorrerá através da minha empresa, corre o rito normal, chegará o momento em que o Remo terá que exigir a garantia, prova de fundos e será apresentado sem problema algum, mas é necessário dar início ao negócio, mas existem procedimentos, etapas, que é preciso transcorrer. Fizemos a proposta em Belém, através de um amigo que é muito próximo do Remo, consultei ele sobre o melhor caminho e achamos pertinente conduzir mais pelo lado do Condel, que é por onde se determinam as coisas dentro do clube do que ir pela presidência e foi por esse lado que avançamos. Tenho um amigo que está conduzindo essa situação, ele é uma pessoa envolvida com o clube, série, e acredito que ele já tenha entregue isso nas mãos do Milton Campos (Presidente do Condel) e agora só depende do clube, debater entre eles e avançar nas próximas etapas.
Os motivos pela escolha do Remo
Para chegar até o Remo, uma pesquisa de mercado foi feita pela empresa que indicou o Clube do Remo como potencial econômico, além de ter como base as negociações realizadas no Brasil no quesito SAF.
“Tudo é discutido pelos investidores e por mim. Fizemos uma pesquisa de mercado elaborado por mim, pela minha empresa, para chegarmos a esses termos. Nos baseamos por tudo que já ocorreu no Brasil em termos de investimento SAF e outras questões de mercado exterior de futebol”, comentou.
Metas
A possível negociação do Remo com a SAF possui algumas metas estabelecidas, além de mudanças no trabalho interno do clube e profissionalização de algumas áreas.
“O projeto é Série A em dois anos, só depende da diretoria do Remo, investimento tem para realizar, potencial técnico para trabalharmos a equipe também temos. Eu ficaria como proprietário do clube, farei a gestão, contrataria pessoas capacitadas, profissionalizar de fato o futebol e daí para frente. Eu já tenho algumas questões estabelecidas e uma delas é morar em Belém”, contou.
Forma de investimento
O dinheiro investido no Remo nesta primeira etapa, caso o negócio seja feito, será dividido em algumas áreas, uma delas é o estádio azulino, que passaria por melhorias, além de buscar parceria com Estado na administração do Mangueirão.
“Esse valor é o total e desse valor sairá uma porcentagem inicial para quitação de dívidas, capital de giro, investimento de algumas coisas de imediato, além de investimento em curto período. Isso é praticamente para ser investido neste ano no clube para ascender à Série B, desde contratações atletas, novo CEO, pessoas capacitadas para fazer a gestão do clube de forma ímpar. O Baenão com investimento, vai depender muito do governo, de pegarmos e fazer a gestão do Mangueirão para que só o Remo possa jogar no estádio, além do novo CT, temos um projeto bem bacana e elaborado”, falou.
Outra proposta
Leandro afirma que o Remo possui duas propostas de SAF, mas que a outra é bem inferior ao que foi apresentado ao Leão através de seu correspondente. Segundo Leandro, o Remo já está em fase de inicial de discussão.
“Meu amigo já está de posse de um documento, não sei se o Milton Campos está de posse disso. O que foi passado para mim, é que eles estão discutindo de forma inicial e embrionária. Recebi que o Remo também tem outra proposta, de uma empresa brasileira, bem inferior a nossa e que de fato, ele me transmitiu essa é a melhor oferta que o Remo possui”, disse.
Prazo de resposta
Para o dono da VL Gold Dubai, o fato do Remo ter um número baixo de dívidas ajudou a negociação com os investidores, já que eles não queriam clubes da Série C e com altos valores em pendências. A proposta da VL Gold Dubai foi feita no dia 28 de abril e tem validade de um mês.
“A proposta é válida por 30 dias, depois disso ela perde validade e destinamos a atenção para outro lugar, isso vale até próximo ao final do mês de maio. Temos muita pressa, pois não é interessante para nós, pegarmos uma equipe da Série C, só é interessante para nós uma equipe da C, que tenha potencial de ascender à Série B ainda esse ano. Para que possamos seguir dando atenção ao Remo é necessário ser rápido, para que seja feito os investimentos necessários ainda esse ano e suba em 2022. Pode acontecer que o Remo não suba por questões técnicas, pode ocorrer, isso tudo está dentro dos riscos calculados, mas isso não seria por falta de aporte e ação técnica e o mínimo de estrutura”, afirmou.
A empresa negocia a compra de um clube da Segunda Divisão da Inglaterra, segundo Leandro, é necessário rapidez para que se tenha investimento de imediato no Remo.
“Estamos com pressa, pois estamos fazendo a aquisição do Swansea, da Inglaterra, mas isso é em outros moldes, só irei deter 10%. É uma conexão extremamente necessária, não temos muito tempo para gastar com possibilidades que não venham a convergir à concretização. Precisamos de fato fazer acontecer para que no ano que vem já tenhamos a ‘máquina girando’”, contou.
O Paysandu
Perguntado sobre os motivos do Paysandu não fazer parte do leque da VL Gold Dubai, Leandro afirmou que o Remo possui uma projeção melhor de futuro que o clube alviceleste e que o leão está à frente do Papão em relação a negócios.
“Eu conheço um pouco mais o Paysandu do que o Remo, em termos internos. Mas sinceramente não vejo o Paysandu à frente do Remo em termos de projeção de futuro. Não quero obviamente ofender o carinho que tenho pelo Paysandu, mas meu amor é pelo futebol do Pará. Em termos de negócio o Remo está bem à frente do Paysandu, na minha ótica de futebol por e investimento, optamos pelo Remo com muita facilidade”, finalizou.
O lado do Remo
A equipe de O Liberal entrou contato com o presidente do Clube do Remo, Fábio Bentes, para saber mais sobre essa possível proposta. O mandatário azulino desmentiu a situação e afirmou que desconhece proposta.
“Nunca chegou proposta alguma. Isso é fake, sequer ouvi falar sobre isso”, disse, Bentes.
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