Em lágrimas, jogadora do Paysandu que foi vítima de racismo revela: 'Pensei em desistir'
Técnica do Papão cobrou mudança de postura dos bicolores que mantêm um comportamento preconceituoso
Vítima de injuria racial no clássico Re-Pa do Campeonato Paraense Feminino, a jogadora Silmara concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira (24), na Curuzu. Ao lado da técnica do Papão, Aline Costa, a atleta, que se mostrou abalada, se emocionou em alguns momentos da conversa com a imprensa e contou como reagiu ao caso.
"Naquele momento passou muita tristeza em meu coração. Pensei em desistir, quando cheguei lá em casa. Falei com as meninas que queria ir embora. É muito triste passar por isso, sinto saudades de minha mãe, que está longe de mim, só queria um abraço dela. Nem consegui dormir direito, ficava lembrando dele falando toda hora. Acordei de madrugada, fiquei chorando. Doeu muito no meu coração a palavra que ele falou", revelou Silmara.
Segundo o Paysandu, que formalizou um boletim de ocorrência, Silmara foi chamada de "macaca" por um torcedor: "Hoje parei muito para pensar e vejo que isso pode ser um incentivo a mais. Isso vai acontecer muitas vezes, mas vou ter mais forças e seguir em frente. Que eles possam parar de fazer isso, pois machucam as pessoas", disse a jogadora.
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Mudança de postura e cobrança
A técnica Aline contou que esta foi a primeira vez que viveu esta experiência negativa, nos mais de 20 anos de carreira. Com isso, ela prometeu uma mudança na postura da comissão técnica: "Em cima de tudo isso que aconteceu com a Silmara, vou mudar a postura da comissão com elas, para que possam saber enfrentar esses momentos", disse Aline.
Apesar disse, a comandante também fez críticas a parte dos torcedores que mantêm um comportamento preconceituoso: "É difícil ler comentários na postagem do Paysandu e torcedor dizer [ironicamente] 'existe futebol feminino no Paysandu?', e outros perguntando se não íamos tomar providência. Não sabem que tomamos providência e que existe sim futebol feminino no clube. Somos bicampeãs paraenses sub-20, que são essas mesmas meninas que estão lutando, para que o nosso próprio torcedor, que diz não saber que existe futebol feminino, venha prestigiar com amor", concluiu.
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