Santa Rosa aciona justiça após derrota para o Cametá; súmula do jogo aponta objetos arremessados
A direção do Santa Rosa alega que partida não poderia acontecer no Parque do Bacurau, que estaria com laudo vencido, e promete acionar MP e TJD/PA
A partida entre Cametá e Santa Rosa, pela semifinal da Segundinha do Parazão, tem rendido várias polêmicas nos bastidores do futebol paraense. Após perder na decisão por pênaltis, o time de Icoaraci promete entrar com ação na Justiça Desportiva, alegando uma série de irregularidades que vão desde a utilização do estádio sem laudo, até agressão sofrida pelos atletas.
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De acordo com o diretor jurídico do Santa Rosa, Emerson Dias, o clube já está com a documentação pronta e vai acionar as instituições competentes nesta terça-feira (8). "Vamos apresentar denúncias no Ministério Público, junto à Comissão de Combate à Violência nos Estádios. Vamos apresentar o vídeo onde o prefeito [Vitor Cassiano] informa que, após exceder o número de ingressos gratuitos, cinco mil, ele mandou abrir os portões para os torcedores, com total abuso de poder, uma arbitrariedade que viola o Estatuto do Torcedor e o regulamento da competição", acredita.
Ainda conforme o dirigente, houve agressão aos atletas, por parte dos torcedores do Mapará. "Além disso, os nossos jogadores foram agredidos. Após o gol, arremessaram garrafas cheias de água. Nós estamos aguardando a súmula do jogo para verificar o que o árbitro vai narrar, se vai omitir essas situações", conta.
As providências, segundo Dias, não param por aí e apontam para outra questão delicada, que foi a utilização do próprio estádio, que estaria com o laudo de segurança da Polícia Militar vencido. "Vamos denunciar junto à Federação e ao TJD-PA [Tribunal de Justiça Desportiva do Pará]. O mais grave, no entanto, é que o laudo que atesta a liberação para cinco mil pessoas foi vencido em outubro. Ou seja, o jogo deveria ser realizado com portões fechados, porque o laudo da PM venceu".
Na esteira das críticas, sobrou até para a Federação Paraense de Futebol (FPF). "Infelizmente a federação não agiu como organizadora da competição. Informamos do vencimento do laudo, da atitude do prefeito. Tem um vídeo do prefeito informando que abriria os portões. Vamos denunciar o prefeito no MP, pois entendemos que ele cometeu um crime, colocou as integridades físicas dos torcedores e atletas em risco. Ele estava dentro do gramado quando o Cametá fez gol. Os dirigentes não podem ficar no gramado, mas o prefeito pode", criticou.
Súmula registra objetos arremessados em campo
O árbitro da partida, Ignacio José de Almeida Pedro, relatou na súmula da partida algumas infrações cometidas durante a partida. Uma delas envolve alguns funcionários que trabalhavam na partida. "Aos 28 minutos no primeiro tempo, expulsei os senhores Dvaldino Lisboa e João Batista, ambos maqueiros, após carregar o atleta da equipe do Santa Rosa, o Sr. Tiago Albuquerque. Os mesmos largaram a maca de forma abrupta, que poderia machucar o atleta, não tendo os devidos cuidados".
As outras duas anotações se referem ao arremesso de objetos no gramado de jogo. "Aos 51 minutos do segundo tempo, após o segundo gol do Cametá, a torcida atirou algumas garrafas e copos plásticos contendo líquido para dentro do campo de jogo e em direção ao banco de reservas do Santa Rosa, onde ninguém foi ferido. Aos 57, no momento de um arremesso lateral realizado pelo atleta do Santa Rosa, Pedro Levy, o mesmo foi atingido por uma garrafa plástica que o atingiu na altura do abdômen".
FPF se manifesta
O presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Ricardo Gluck Paul, foi questionado pela reportagem do Núcleo de Esportes de O Liberal, sobre as denúncias apresentadas pelo Santa Rosa. Segundo ele, a FPF recebeu a queixa sobre a liberação dos portões do estádio, mas o próprio Cametá apresentou defesa, através do comunicado abaixo:
Com isso, o presidente alega que o próprio clube garantiu não ter aberto os portões após a capacidade ter esgotado. Contudo, em um dos registros utilizados pela defesa do Santa Rosa mostra que o prefeito da cidade, Vitor Cassiano, em entrevista à equipe de transmissão da partida, atesta a abertura dos portões, mesmo com os cinco mil ingressos já distribuídos e esgotados.
Gluck Paul também informa que foi apresentado um ofício do Ministério Público, autorizando a presença de torcedores no Parque do Bacurau. O documento em questão traz três laudos: segurança, vistoria de engenharia e prevenção e combate de incêndio. O detalhe é que apenas o primeiro laudo, feito pela Polícia Militar, apresentou data vencida em outubro deste ano.
Entretanto, ao final do documento, a 3ª Promotora de Justiça do Consumidor, Joana Chagas Coutinho, atesta a liberação, mas recomenda que "a capacidade de público seja estipulada em no máximo 5.000 (cinco mil) pessoas, conforme laudo da Polícia Militar". O documento foi expedido no dia 22 de setembro deste ano. A reportagem entrou em contato com a direção do Cametá, mas não obteve retorno.
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