Endividamento e inadimplência crescem entre as famílias do Pará em março
Economista afirma que isso pode ter ocorrido por causa dos compromissos financeiros do início do ano, como volta às aulas
O percentual de famílias endividadas cresceu no Pará, passando de 65,2% em fevereiro para 67,3% em março, incluindo todas as faixas de renda, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), produzida pela Federação do Comércio do Pará (Fecomércio-PA).
Da mesma forma, também aumentou a inadimplência, considerando que 27,2% das famílias estavam nessa situação em fevereiro e o percentual subiu para 28,2% em março. O endividamento é quando uma pessoa possui dívidas a pagar, não necessariamente vencidas, como parcelas futuras de cartões e financiamentos, enquanto inadimplência se dá quando o consumidor não paga uma conta já vencida.
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O economista Valfredo de Farias afirma que o endividamento e a inadimplência podem ter crescido no mês passado por conta dos compromissos financeiros do início do ano, como as matrículas escolares e em outros cursos, para quem tem filhos; pagamento de impostos anuais; compra de material escolar; e até mesmo os gastos com o Carnaval.
“As coisas começam a pipocar no início do ano, de fevereiro para março. Muita gente usa o cartão de crédito para ir ao Carnaval, e geralmente os compromissos com a volta às aulas também são pagos no cartão, por isso que pode ter aumentado só agora em março”, avalia.
Ainda segundo a Peic, da Fecomércio-PA, do total de famílias com dívidas, 8,5% estão muito endividadas e 40,6% mais ou menos endividadas, sendo que ao menos 6,5% não terão condições de pagar essas dívidas. Valfredo lembra que o endividamento não é um problema, já que grande parte das pessoas tem pagamentos como financiamentos e uso de cartão de crédito - a questão é quando um consumidor faz várias dívidas ao mesmo tempo e acaba entrando em uma “bola de neve”.
Orientações
Para a pessoa não se “enrolar”, o economista indica ter controle financeiro. “Basta você anotar tudo que você está gastando. Esse é o segredo. Não é quanto eu ganho, é quanto gasto e o que tenho de contas para pagar. Por exemplo, toda vez que eu comprar em um cartão parcelado, tenho que anotar em algum lugar quanto vou pagar a cada mês. Se a pessoa tiver essa disciplina, consegue se controlar”, orienta.
É justamente o cartão de crédito o principal vilão do orçamento das famílias paraenses. No total, 83,1% têm essa dívida, de acordo com o levantamento. Assessora econômica da Fecomércio-PA, Lúcia Andrade diz que esse percentual está alto mesmo com os juros mais elevados, que encarecem o crédito.
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A regra do controle de gastos vale também para quem é adepto do cartão de crédito com frequência, de acordo com o economista Valfredo de Farias. Mas algumas outras dicas são: evitar ter mais de dois cartões; priorizar cartões com limites mais baixos; não comprar muito no cartão, mas usar apenas para emergências; se nada disso der certo, quebrar o cartão para evitar usá-lo até conseguir quitar as dívidas e se organizar.
Até porque a tendência, segundo Lúcia Andrade, é o endividamento se manter em níveis elevados nos próximos meses, sobretudo em razão da inflação crescente, manutenção dos juros altos e fragilidade do mercado de trabalho.
Dados de endividamento e inadimplência no Pará em março
- Famílias endividadas: 67,3%
- Famílias inadimplentes: 28,2%
- Famílias que não terão como pagar dívidas atrasadas: 6,5%
Nível de endividamento
- Muito endividado: 8,5%
- Mais ou menos endividado: 40,6%
- Pouco endividado: 18,3%
- Não tem dívidas desse tipo: 32,7%
Tipos de dívidas
- Cartão de crédito: 83,1%
- Cheque especial: 4,4%
- Crédito consignado: 11,9%
- Crédito pessoal: 2,8%
- Carnês: 17,5%
- Financiamento de carro: 5,2%
- Financiamento de casa: 2,7%
- Outras dívidas: 0,3%
Fonte: Peic, da Fecomércio-PA
Dicas para se livrar das dívidas com cartão de crédito
- Não usar a modalidade de pagamento como se fosse parte da renda
- Priorizar cartões com limites mais baixos, até o valor da receita mensal
- Não ter mais de dois cartões de crédito, para evitar uso excessivo
- Ter controle, anotando o valor de cada compra por mês
- Evitar pagar o mínimo ou parcelar a fatura, por conta dos juros altos
- Negociar dívidas atrasadas
- Se for o caso, quebrar o cartão para não usá-lo até se organiza
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