Mulheres paraenses estão mais endividadas do que os homens, aponta Peic
Em 2022, 66,1% das pessoas que fizeram dívidas são do público feminino, enquanto que 63,9% são consumidores masculinos
As mulheres paraenses estão mais endividadas do que os homens. Um levantamento feito pela Federação do Comércio do Pará (Fecomércio) aponta que o público feminino corresponde a 66,1% do total de pessoas que adquiriram dívidas em 2022, contra 63,9% dos consumidores masculinos. A tendência também é vista a nível nacional: a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgada nesta quarta-feira (08), mostra que 30,3% dos que estão com dívidas atrasadas são mulheres, enquanto 29,1% são homens.
Para Lúcia Lisboa, assessora econômica da Fecomércio, apesar de elas serem mais cautelosas com as contas e levarem menos tempo para resolver o problema, diversos fatores contribuem para a realidade. “Primeiro, as mulheres são mais numerosas na população. Segundo, a média de salário não é equiparada e, terceiro, as mulheres têm fontes de renda, no geral, menos seguras: muitas das endividadas estão na informalidade, são fontes de renda que não são estáveis e seguras. Além do mais, tem muitas mulheres assumindo a chefia dos lares e muitos compromissos com orçamento apertado”, afirma.
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Isso porque, segundo Lúcia, dentro do mercado de trabalho, a prioridade ainda é pela contratação masculina, o que, além de escancarar a desigualdade existente, também acelera ainda mais o processo de endividamento. “Os dados do CAGED [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] demostram que, dos empregos formais criados em 2022, 55% foram ocupados por pessoas do sexo masculino e 45% por mulheres. Então, o emprego formal ainda é, predominantemente, maculino. As mulheres estão lá também, têm avançado e reduzido essa desproporcionalidade”, aponta.
Mulheres também lideram o ranking de pessoas com contas em atraso
No Pará, as mulheres também estão à frente no ranking dos que mais têm contas em atraso, com 30,4% do total, contra 27,8% dos consumidores masculinos. A economista Hellen Berbel explica que existe uma diferença entre pessoas endividadas e pessoas com contas em atraso. “A diferença é o prazo. Acima de 90 dias, a gente já considera inadimplente e seria o caso de negativar o nome. Isso é preocupante, porque vai ser um ciclo. A partir do momento em que ela não consegue quitar essa dívida, ela passa a não ter mais direito a crédito e isso complica toda a vida financeira dela”, destaca.
As mulheres que são chefes de famílias, conforme analisa a economista, são as mais propícias a entrarem dentro deste contexto pela necessidade de darem conta - sozinhas - de uma grande quantidade de contas. “É necessário que tivesse alguma forma de conscientizar esse consumo, que, em alguns, isso pode ser um consumo desenfreado. Mas, isso ocorre principalmente naquelas mulheres que são chefes de família, que têm que equilibrar as contas e ver o que pode ser feito para manter uma família. São os novos modelos da sociedade em que muitas terão que se adaptar”, completa.
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