Mais de 27% dos paraenses têm dívidas em atraso

Altas taxas de endividamento e inadimplência prejudicam desempenho da economia

Fabrício Queiroz
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Os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo no Estado do Pará (Fecomércio-PA) mostram uma realidade preocupante para a vida financeira de muitos paraenses. Segundo o levantamento referente ao mês de fevereiro, 65,2% da população está endividada, sendo que destes 27,2% está com as contas em atraso e 6,5% não tem condições de arcar com esses débitos.

O endividamento se refere ao compromisso com pagamentos que ainda irão vencer, como ocorre, por exemplo, em parcelamentos; já a inadimplência envolve aqueles pagamentos que não foram feitos dentro do prazo acordado. “Essas situações se tornam problemáticas para o orçamento pessoal ou familiar porque isso geralmente é devido à falta de planejamento e descontrole financeiro”, analisa o economista Genardo Chaves de Oliveira.

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No comparativo com o mesmo período do ano passado, o nível de endividamento reduziu, passando de 66% para 65,4% entre os consumidores da faixa de renda de até dez salários mínimos, e de 78,4% para 62,8% entre o público com renda superior a dez salários mínimos. Ainda assim, essa situação tende a frear o aquecimento do setor de comércio e serviços, já que 31,3% da renda da população está comprometida com essas dívidas.

Na avaliação da assessora econômica da Fecomércio-PA, Lúcia Cristina Lisboa, o endividamento aliado ao grande número de inadimplentes, às taxas de juros elevadas e à inflação devem fazer o consumo avançar somente 3% no mês de março. “Esse conjunto de fatores, mais o cenário econômico e as dificuldades dos consumidores, limitam elevadas taxas de aumento nas vendas em maiores patamares, no mês de março, embora as perspectivas sejam positivas”, pontua.

Com isso, o indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) do Estado do Pará alcançou no mês passado a marca de 103 pontos, em uma escala que vai de 0 a 200 pontos, sendo que quanto mais perto de 200, melhores são as perspectivas. Ou seja, o cenário indica uma perspectiva positiva, porém com baixo incremento no consumo.

Para Genardo Oliveira, em um cenário com tantas pessoas em débito é natural que a economia tenha um desempenho mais tímido. “Altos níveis de endividamento e taxas de inadimplência podem levar a uma diminuição nos gastos do consumidor, o que pode afetar negativamente as empresas e a economia como um todo. Além disso, bancos e instituições financeiras podem ficar mais cautelosos ao emprestar dinheiro devido ao aumento do risco de inadimplência, o que pode limitar ainda mais o acesso ao crédito para quem precisa”, explica o economista.

Ainda de acordo com a PEIC, o tempo médio de atraso no pagamento é de 64 dias, sendo que entre os paraenses, 20,8% estão com dívidas em atraso a 30 dias, outros 30% estão inadimplentes de 30 a 90 dias, 44,8% estão em atraso a mais de 90 dias e 4,4% não souberam ou não responderam.

Outro aspecto que chama atenção é o fato de que oito em cada dez paraenses possui dividas em cartões de crédito, que se sobressai entre todos os demais tipos de dividas. Outros débitos frequentes entre os consumidores são carnês (17,1%), crédito consignado (12,2%), financiamento de carro (5,6%) e cheque especial (5,1%).

Para quem está nessa situação e deseja organizar a vida financeira, Genardo Oliveira diz que os primeiros passos devem ser a avaliação e o planejamento. “Comece identificando todas as suas dívidas, incluindo saldos pendentes, taxas de juros e datas de vencimento. Isso ajudará você a entender a extensão do seu problema de dívida e a criar um plano para saldá-lo. Também é importante ter um orçamento para ajudá-lo a entender suas receitas e despesas e identificar áreas onde você pode cortar. Crie um orçamento realista que contemple todas as suas despesas essenciais, como moradia, alimentação e transporte, e priorize o pagamento de suas dívidas”, orienta.

image O economista Genardo Oliveira diz que busca por estabilidade financeira requer disciplina (Divulgação)

Além disso, a negociação com os credores e o auxílio profissional podem auxiliar a ter metas factíveis. “Com o plano certo e o compromisso de fazer mudanças, você pode superar seus problemas de endividamento e alcançar a estabilidade financeira”, destaca.

Confira 5 dicas para se livrar das dívidas

  1. Avalie – Identifique os débitos, saldos pendentes, vencimento e taxas de juros
  2. Crie um orçamento – Organize suas principais despesas, veja se é possível cortar gastos e quanto de recurso você dispõe para pagar as dívidas.
  3. Priorize o pagamento de dívidas – A orientação é pagar primeiro as contas com juros altos e, em seguida, amortizar aquelas com juros mais baixos.
  4. Negocie – Muitos credores e plataformas de crédito oferecem condições para facilitar o pagamento. Entre em contato com seus credores e tente negociar um plano de pagamento parcelado ou uma taxa de juros menor.
  5. Procure ajuda profissional – Caso tenha dificuldades em sanar as dívidas, um consultor financeiro ou de crédito pode auxiliar na elaboração de um plano para saldar os débitos pendentes.
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