Filhos e pais que empreendem juntos: o amor que leva à prosperidade nos negócios
Conheça as histórias de Eduardo e Carlos Alebrto, pais que começaram uma empresa 'do zero' e ensinaram os filhos a empreender
Quando Eduardo Cravo carregava malas no Terminal Rodoviário de Belém e Carlos Alberto vendia farinha na feira da Cidade Nova 6, em Ananindeua, não imaginavam onde chegariam, mas tinham uma convicção: dar até a última gota de suor pela família. Eduardo é pai de quatro filhos, Carlos de três. Hoje todos são adultos. Os dois pais não se conhecem, nunca se viram, mas possuem algo em comum: Ambos conseguiram despertar nos filhos a veia do empreendedorismo raiz, aquele onde se começa ‘de baixo’ e se luta até a conquista do que se quer.
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Eduardo hoje possui um exuberante restaurante amazônico na capital, Carlos Alberto é dono de uma empresa que representa grandes marcas de mobiliário corporativo. Os filhos se tornaram os principais funcionários e também sócios, pois ajudam a direcionar os negócios com afinco, afinal de contas, o chefe é o pai. A união das experiências de vida ajudam nas soluções para uma parceria de sucesso nos negócios e na vida familiar, aumentando o contato e a proximidade dos pais com os filhos.
“É uma benção de Deus ter meus filhos junto com a gente trabalhando. Eu gosto do interesse deles pelo negócio, essa é uma das partes que mais gosto, quando eles entendem a proposta, a batalha. Procuro incentivar e mostrar que hoje temos um negócio que pode gerar muitos resultados para nós, na parte do empreendedorismo, mas também para abraçarmos a cultura alimentar de nossos ancestrais”, diz Eduardo, quilombola nascido em Cachoeira do Arari e morador de Belém desde a adolescência.
Para o pai marajoara, a ideia do empreendedorismo surgiu em meados de 2008, após duas décadas carregando malas. A esposa, igualmente quilombola, mas de Barcarena, trabalhava nos serviços gerais. O tempo passara, os meninos cresceram, as demandas haviam aumentado. Era preciso fazer alguma coisa, acreditar que podiam mais. Começaram vendendo café da manhã. O amor empregado no novo negócio trouxe a prosperidade. Hoje o espaço recebe uma boa quantidade de clientes e é reconhecido pela boa comida. Um dos filhos, Edielton Batista, é responsável pela organização diária junto ao pai, enquanto Ewerton cuida das redes sociais da empresa, que bombou e hoje conta com mais de 20 mil seguidores no Instagram. Os dois não esperavam trabalhar com o pai no início.
“Eu não esperava trabalhar com meu pai, no começo ficava meio distante, não queria me envolver muito. Mas com o passar do tempo a gente foi crescendo, eu vi a necessidade de entrar com a proposta de cuidar das redes sociais, que eram abandonadas. Através disso a gente cresceu ainda mais, aparecendo pra Belém inteira. Cresceu bastante nesses dois anos que peguei para ajudar”, diz o irmão mais velho.
Edielton queria ser jogador de futebol, mas com o tempo percebeu sua missão. Hoje está presente diariamente no local, sendo uma espécie de ‘braço direito’ do pai. “Futebol acabou não dando muito certo e eu acabei fazendo parte, me aproximando, futebol foi ficando de lado e fiquei aqui. Meu pai sempre me incentivou a pensar positivo, que as coisas vão dar certo, isso sempre levo comigo”, diz Edielton.
Farinha, tecidos e móveis
Quem entra na empresa do senhor Carlos Alberto, tem contato com um ambiente requintado, corporativo. O pai sempre ocupado em reuniões com grandes empresários, os filhos de um lado para outro, muito trabalho. Dois de seus três filhos abraçaram a missão do pai desde crianças, quando iam ajudar o pai a vender farinha na feira. Ex-militar, Carlos Alberto herdou do pai, o taxista Orlando Borges, a visão de vida que transmitiu aos filhos Thiago e Bruno: é preciso lutar para conquistar.
“Os filhos estão presentes no negócio desde os 12 anos. Não por imposição, mas para mostrar a eles as dificuldades das conquistas, como se faz para se conseguir as coisas. Então eles iam para feira, ajudavam em tudo, entendiam esse processo da conquista. A dificuldade é uma contante na nossa vida até hoje. Passamos por vários processos de evolução. Iniciamos com um box de 15 metros quadrados e 10 anos depois tínhamos 11 box. Passamos de farinha para tecido e hoje estamos no mobiliário corporativo, rodando o Brasil inteiro, não paramos mais”, diz um sereno Carlos Alberto.
“Meu pai sempre foi nosso herói, não tinha super herói da televisão, ele era a inspiração. Lembro que sempre trabalhou incansavelmente, muitas vezes ausente de casa devido ao trabalho, que levava com muita dedicação. Tenho muitas lembranças da infância, quando eu e meu irmão íamos pra feira depois da escola. Trabalhar com ele e seguir seus passos foi algo que decidi naquela época”, diz Thiago Borges, o mais velho.
Sonho paterno virou realidade
O pai também não esconde que sempre sonhou com o momento que vive. “Acredito que empresário que monta sua empresa, que luta e conquista seu espaço, e que fala que pra ele é indiferente se o filho vai tocar seu negócio, ele não está falando de coração. É muito bonito falar isso filosoficamente, mas o coração da gente pede que o nosso negócio tenha continuidade pelas mãos de nossos filhos. Que gerem emprego e renda para pessoas, porque não trabalhamos hoje em prol de conquistar mais para gente, entendemos que hoje passou a ser uma responsabilidade social, são várias famílias que se sustentam e realizam seus sonhos em prol de nossa empresa”, diz Carlos Alberto, sempre lembrando da importância que seu pai taxista, que hoje dá nome ao auditório da empresa, teve em todo processo.
“Meu avô e o pai dele eram de um outro jeito, não queriam nada [risos]. Meu pai quebrou essa corrente, sonhou e aprendeu, mudou o destino das gerações, então foi de grande importância para família e é isso que tento repassar. O melhor presente do dia dos pais é a gente ver a sustentabilidade da família, os filhos crescidos e educados, seguindo nossos exemplos e passando para as próximas gerações, como meu pai fez. Hoje tenho duas netas que estão seguindo essa conduta e me sinto realizado”, diz.
Eduardo Cravo e Carlos Alberto ainda não se conhecem, mas entre tantas coisas em comum, uma se destaca: sentem-se realizados com seus filhos, assim como seus filhos sentem o mesmo.
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