Empreendedores locais veem oportunidade de negócios no mundo dos pets em Belém

Profissionais do setor sentem que maior movimentação ocorre desde 2021; demandas crescem ainda mais pela falta de tempo no dia a dia dos tutores

Camila Azevedo
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Cuidar de animais domésticos, seja com passeios ou visitas, tem sido uma atividade que ganha cada vez mais espaço no mercado em Belém. A demanda gerada pela falta de tempo na rotina dos tutores é a grande aliada para impulsionar dog walkers (na tradução para o português, passeador de cães) e pet sitters (um tipo de babá) locais, que enxergam ótimas oportunidades dentro da profissão e investem nas habilidades necessárias da área. Em um país que é o terceiro da lista das nações com maior quantidade de pets, de acordo com o censo mais recente do Instituto Pet Brasil (IPB), de 2021, o serviço passa a ser mais necessário e promissor.

A estudante de medicina veterinária Jackeline Rabelo, de 29 anos, foi uma das pessoas que perceberam o fenômeno dentro do setor e optou por uma mudança. Ela era funcionária de uma academia no bairro do Umarizal, na capital paraense, quando notou a grande procura por um espaço no dia a dia dos donos de animais para que os passeios fossem realizados. “Cheguei a conversar com alguns tutores que eram alunos da academia e reclamaram que não tinham tempo de passear ou, às vezes, passeavam muito tarde com o pet e, aí, eu acabei indo pesquisar um pouco a respeito. Na verdade, eu nem sabia que o termo era dog walker, coloquei passeador. Hoje, eu tenho certificado da área”, conta. 

Os investimentos feitos começaram em agosto de 2022 e, desde então, focar na marca e no empreendedorismo passaram a ser uma realidade para Jackeline. Atualmente, ela tem uma média de 10 clientes. Com isso, a visão de negócios da estudante se expandiu e, além de ganhar experiência com os animais, o pensamento já está no momento em que estiver formada. “Eu quero seguir atendimento clínico de pequenos. Então, querendo ou não, eu já estou me familiarizando para, lá na frente, ter clientes. Têm tutores que querem logo, mas eu ainda não quero porque não sou formada, mas já estou montando a rede de contatos”, explica.

Empresa virou negócio de família

Com o grande número de atendimentos feitos por dia, a empresa de Jackeline precisou de mãos extras para dar conta de gerir tudo e conseguir dar mais conforto aos pets. Por isso, o pai da empreendedora passou a contribuir na rotina de trabalho. “É uma organização familiar, porque eu conto com a ajuda dos meus pais, eu acabo gerando o dinheiro que entra na minha casa. Ele [o pai] é o meu motorista e ele ganha para isso, eu consigo pagá-lo. Hoje, fora ele, eu trabalho sozinha, mas agora no mês fevereiro, vão entrar mais duas pessoas para me ajudar por conta da demanda. Porém, só vão entrar depois da capacitação de dog walker”, detalha.

Diferencial da empresa é forma de fidelizar clientes

Além do investimento em conhecimento, que foi necessário tanto para dar segurança para a estudante, quanto para a credibilidade com os tutores, Jackeline também escolheu por um formato diferente de prestar o serviço: monitoramento. “Eu não daria o meu cachorro pra qualquer pessoa, então, comecei a me questionar o que me levaria a contratar um dog walker, o por quê. Percebi que algumas pessoas que trabalham na área não são uniformizadas, não levam a garrafinha pra dar água para o animal, não levam petisco e não tinham como ter monitoramento. Mas, na minha empresa, a gente tem um monitoramento: eu mando a foto e o percurso, coloco algumas observações, se as fezes sairam de forma diferente, quantas vezes ele fez xixi…”, explica.

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Os passeios duram cerca de quarenta minutos, dependendo do porte do animal e, para dar mais visibilidade à empresa, as redes sociais são uma importante ferramenta no processo. “Consegui alcançar um número relativo de pessoas e falei da área que estava mudando, apresentando meu novo trabalho e quem tivesse interesse poderia entrar em contato. Cheguei a conversar com uma blogueira para me divulgar quando eu não tinha nenhum cliente e fui para a parte de panfletar durante os finais de semana, no sábado e domingo, na praça da República, explicando e falando o que era e tudo mais. A partir de setembro de 2022 explodiu, o retorno que eu tive foi muito rápido. Hoje em dia eu tenho clientes que me indicam e acabo flexibilizando meu horário para poder atender”, comemora Jackeline. 

Empreendedora sem ‘boom’ no setor

Adriana Alves, de 30 anos, é bióloga e pet sitter desde 2018. Ela começou trabalhando com hospedagem de animais por meio de um aplicativo e migrou para as visitas aos pets quando uma cliente precisou viajar durante o final de semana. “Ela não queria estressar a gatinha dela e pediu pra eu ir na casa ver o animal. Eu marquei para ir lá por dois dias. Já cuidava de animais há muitos anos e sabia de todos os procedimentos: o que tem que fazer, a alimentação, a limpeza deles. Tenho cliente que sempre tem quem dorme na casa, aí, eu vou pelo dia para limpar e passear. Para eles, é bem confortável e a gente pensa também no financeiro, se colocarem quatro animais no hotel é caro”, ressalta.

Porém, o setor começou a aquecer em 2021, meados da pandemia da covid-19. Adriana conta que a captação de tutores é feita, em grande parte, por indicação. As redes sociais também dão o engajamento necessário. “De uns dois anos pra cá foi que eu comecei realmente a ter uma clientela maior e fixa, tem gente que quando viaja, faz duas ou três vezes por ano e já tem aquela data reservada, garantida. Estou sempre divulgando para os meus amigos, pessoas que eu conheço, muita gente vem pelo google e pelo instagram. No final do ano, o pet sitter bombou, férias de junho é sempre muito movimentada, feriados prolongados, mas fora de época também, principalmente quem viaja aos finais de semana”, completa Adriana. 

Como escolher o dog walker ideal para o seu pet

→ Observar a quantidade e o porte dos cães que fazem o passeio em conjunto - devem acontecer com animais do mesmo tamanho;

→ Optar por profissionais que permaneçam uniformizados e identificando, usando o material próprio de passeio, como as guias;

→ Certificar-se se o dog walker leve os pets em praças específicas - isso pode prejudicar a saúde do animal, ao entrar em contato com outros de porte diferenciado;

→ Analisar preços e benefícios.

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