Customização de abadá gera renda extra para empreendedores de Belém

Estilistas da capital paraense aproveitam o período para tirar o “13º salário” em fevereiro

Daleth Oliveira

Com a chegada do Carnaval em fevereiro e os blocos de rua antes mesmo da data oficial da “festa da carne”, um nicho de mercado de Belém fica aquecido: o de customização de abadás. Em um ateliê localizado no bairro de Nazaré, os estilistas Lilia Lima, 48, e Alê Ferrero, 27, aproveitam o período para fazer uma renda extra.

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“É um momento que a gente tira o nosso 13º salário de empreendedor. A gente saiu de um mês que geralmente é ruim para comerciantes, designers e demais profissionais desse ramo da moda, porque em janeiro as pessoas estão de férias, viajando, se programando para a volta às aulas, então a demanda cai muito. E chega fevereiro com esse gás a mais que é o Carnaval”, conta Ferrero.

Juntos, eles têm o ateliê há três anos onde atendem público em geral, produzem roupas sob medida, fazem ajustes e pelo segundo ano consecutivo, customizam abadás. Em 2022, o movimento foi baixo por conta das restrições impostas pela pandemia da covid-19, mas este ano, só com as festas de pré-carnaval, a dupla já bateu o número de produções do ano anterior.

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“Em 2022 fizemos uns 20 abadás, no máximo. Mas agora, só no mês de janeiro já foram 150 e a expectativa é de dobrar esse número até o final de fevereiro, com a chegada de mais blocos e festas pela cidade”, diz a estilista Lilia.

De camisa à vestido

Já se foi o tempo que customizar um abadá era apenas cortar as mangas e amarrar uma fitinha colorida. Hoje em dia, os foliões estão mais exigentes e ousando cada vez mais nas modificações. Alguns querem o look completo, afinal, uma camiseta pode virar não só um top, mas um vestido, como usou a modelo e digital influencer Isabelle Holles, 25, em uma festa realizada em janeiro, em Belém.

“Eu gosto de customizar porque me sinto única, diferente e é um momento de despertar  criatividade. A gente quer brilhar, chamar atenção de alguma forma, mas eu gosto de fazer isso com muita autenticidade. Então, eu pesquiso referência para fazer meus modelos autorais e sair do óbvio”, explica Isabelle.

Além de vestido, ela já transformou o abadá em biquíni e outros modelos ousados. “Eu gosto de customizar com estilistas como uma forma também de apoiar esses profissionais e fazer a economia girar. Em um dos que mais gosto, nós usamos um pedaço do tecido da camisa em um top e outra parte como bordado do short”, descreve a influencer.

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Isabelle revela que além de consumir, também aproveita o momento para ganhar dinheiro com a revenda das peças. “Eu já coloquei o abadá em um espaço da roupa em que a pessoa pode remover depois e colocar de outro bloco. Ou seja, a peça não fica exclusiva só minha, dá para repassar para outra usuária. Assim, a gente reutiliza as roupas e ganha um dinheiro extra”, finaliza.

Alê Ferreiro aponta que por conta dessa tendência da customização, as empresas de festas já entregam as camisas pensando nisso. “Hoje em dia, os abadás estão cada vez mais simples. Não vem mais com golas, manga e até mesmo com bainha, que é justamente para o folião fazer essa customização de uma forma mais prática. Aqui a gente transforma uma camisa simples em vestidos, tops, maiô, enfim, usando uma infinidade de adereços para torná-lo uma peça mais única e diferente”, relata.

“Geralmente o cliente já chega aqui com uma inspiração. Às vezes traz uma foto de alguma blogueira ou celebridade, e então, usamos de nossa criatividade em cima disso. Porém, tem outras vezes que eles vêm sem nenhuma ideia do que quer, e então nós enquanto estilistas damos opiniões baseadas nas limitações do cliente e produzimos uma peça exclusiva”, continua Ferrero.

Preços variam

O preço do serviço de customização depende de quantas modificações o cliente quer. Quanto mais pedras, enfeites e recortes, mais o valor sobe, explica Alê Ferrero. “Nós já fizemos customização de R$ 15, vai de acordo com os adereços aplicados no abadá. Quando o cliente quer um serviço básico, transformando em biquíni, por exemplo, é um serviço pequeno, então o preço é mais baixo. Porém, já pegamos uma encomenda que saiu por R$ 350”, esclarece.

“Portanto, quando acrescenta correntaria, pedras e outros materiais que às vezes nem encontramos em Belém, fica mais caro. Mas no final, tudo isso agrega valor e mesmo assim, as clientes bancam porque vale a pena pular o carnaval com uma peça diferente”, continua.

Dicas

Para quem trabalha com moda, design e costura, e quer começar a empreender com a customização, a dupla deu algumas dicas. “Tem que meter a cara mesmo e fazer. Para as pessoas que não têm acesso às matérias primas, o comércio de Belém está aí. Lá, se encontra quase tudo se procurar. E não precisa fazer peça cara, é possível fazer algo lindo e mais em conta, fazendo um serviço mais simples, um recorte, um brilho a mais. A gente só sabe se vai conseguir a demanda se tentar”, aconselha Lilia.

“É bom também focar em materiais alternativos. Muitas vezes a gente não tem o que a gente precisa, mas às vezes, usando algo inusitado, a gente consegue o mesmo resultado. Então, meta a cara, vá pra frente, ofereça para os amigos, porque do amigo vai passando para outro amigo, que vai passando para outro amigo, pois o boca a boca funciona muito bem aqui em Belém”, finaliza Alê.

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