Vendas de material de construção devem cair em Belém a partir da metade de dezembro

Entidade estima que queda chegue a 30% até fevereiro do ano que vem, durante retração sazonal

Elisa Vaz
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As vendas de material de construção civil devem começar a cair a partir da metade deste mês em Belém. A Associação dos Comerciantes de Material de Construção do Estado do Pará (Acomac-PA) estima uma queda a partir do dia 15, que deve chegar a 30% até fevereiro. Trata-se de um comportamento sazonal do mercado, já que os consumidores estarão focados nas festas de final de ano e nas responsabilidades financeiras de janeiro, como matrículas escolares e pagamento de impostos anuais.

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Presidente da entidade, Herivelto Bastos afirma que, até a semana que vem, as vendas devem continuar normais - a partir da segunda metade do mês, há uma queda natural. "Agora tem até um pequeno acréscimo nas vendas, estimulado pelo recebimento de valores como o décimo terceiro salário, depois vai caindo e só voltamos a funcionar bem no início de março. Nosso maior problema é em fevereiro", adianta.

Essa queda, no entanto, não se dá pela escassez de material no setor, mas sim pela falta de poder aquisitivo da população. Herivelto afirma que haverá uma parada natural e, por isso, os empresários nem vão tentar comprar mais produtos. "Mas estoques existem, já compramos tudo até novembro, não estamos mais dependendo da chegada de mercadoria. O único problema que temos é sazonal. E dependemos de logística do material vindo de outro Estado. No final do ano os caminhoneiros querem passar tempo com a família, então demora um pouco para chegar, mas não tem escassez. Nem greve ou fechamento de rodovias vai atrapalhar. O maior problema é a sazonalidade e a falta de poder aquisitivo da população".

Quanto aos preços, o presidente da Acomac afirma que o material de construção deve ficar mais caro devido ao "aumento natural" da inflação. O percentual de reajuste vai depender de como a inflação do ano ficar e, considerando que a população, há tempos, não tem aumento real na remuneração básica, deve haver uma retração no mercado também por conta disso.

"Já estamos esperando, haverá uma alta de preços. Até porque muitos produtos são baseados no preço do dólar e dependem do mercado internacional, a exemplo do PVC e do ferro, que são os que mais nos atingem", comenta Herivelto. Outros itens devem influenciar também no setor: cerâmica, cimento e acabamentos em geral.

Preços

Dono de uma loja de material de construção em Belém, o empresário Jorge Valente diz que os preços devem subir no ano que vem, mas por conta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que deve aumentar de 17% para 19% no Pará a partir de 2023. "Isso, com certeza, vai encarecer o produto, porque as empresas vão ter que repassar para o consumidor final. Então, talvez dê uma retraída no setor logo no início porque o cliente vai segurar para comprar depois, dependendo do cenário econômico", afirma.

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O empresário acha que agora é um bom momento para comprar o material, justamente por ainda não haver o acréscimo do ICMS sobre os produtos. Além disso, Jorge afirma que a Black Friday ainda continua em alguns locais e que o consumidor pode encontrar preços mais baixos neste período. "O inverno é uma época ruim de vendas, ninguém consegue construir por causa da chuva, então algumas empresas precisam fazer campanhas para diminuir os preços e vender".

Já o representante de vendas no setor de material de construção Luís Cláudio Queiroz diz que a economia mundial "sofreu muito" em função da pandemia, e isso acabou influenciando nos preços de insumos, o que gerou aumento no valor dos produtos - isso sem falar na alta do combustível e de impostos, o que, segundo ele, ocasiona no repasse na ponta das prateleiras.

Na opinião do profissional, a melhor forma de driblar a situação é realizando muitas pesquisas antes da compra, além de ajustar o orçamento às necessidades e prioridades na reforma ou construção e buscar sempre o gerente das lojas com a finalidade de negociar os preços.

Sobre as vendas, ele discorda. Com 25 anos de experiência no mercado, Luís Cláudio, que é também sócio e gestor de uma empresa da área, já constatou que os meses de dezembro e janeiro são “ótimos” em vendas, em função dos preparativos para o Natal, a virada de ano e o começo de um novo ciclo. Porém, a partir de fevereiro, com a intensificação das chuvas, ele diz que as vendas realmente caem significativamente. Esse clima, de acordo com o profissional, atinge diretamente os canteiros de obra.

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