Uso da IA pode ser um importante aliado no mercado de trabalho, afirma especialista

Especialista afirma que as ferramentas ajudam no desenvolvimento econômico e social

Camila Azevedo

A presença cada vez mais forte da Inteligência Artificial (IA) nas relações humanas e, consequentemente, no mercado de trabalho, tem gerado inúmeras incertezas sobre o futuro das profissões e como lidar com a ferramenta no dia a dia. Entretanto, para especialistas, o desenvolvimento econômico e social são realidades que poderão ser alcançadas com o uso das tecnologias e suas funções de auxiliar na realização das atividades, como produções textuais e de imagens.

O pensamento é ainda mais positivo: poucas serão as substituições que a IA irá provocar nos setores profissionais, uma vez que os estudiosos da área acreditam que os mecanismos servem como copilotos, ou seja, necessitam da validação das pessoas quanto ao resultado dos comandos. Dessa forma, a expectativa é que áreas da comunicação, como o jornalismo e o marketing, além da tecnologia da informação (TI), sejam amplamente impactadas com as mudanças previstas pelo uso da IA.

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No âmbito da economia, o professor da Universidade de São Paulo (USP), da Fundação Vanzolini e especialista em Inteligência Artificial, Marcos Barretto, afirma que o recurso tem a capacidade de fazer com que a produtividade aumente. Para ele, a exemplo do que aconteceu com a automação bancária, os negócios também vão expandir, possibilitando maior velocidade e facilidade na elaboração de soluções capazes de garantir resultados mais eficientes e qualidade de vida.

“Esse é o primeiro elemento. Há uma expectativa de que, para isso, você precise de menos gente. Porém, eu tenho a expectativa do contrário: o que a automação mais trouxe foi a expansão da economia, a gente passa a fazer mais coisas, vender mais, porque produz mais barato, vende equipamentos eletrônicos mais baratos, já que automatizou a produção. Tudo isso beneficia todo mundo. É triste quando uma pessoa específica perde o emprego, mas quando englobamos a figura macro, percebemos que o mundo todo avançou”, explica.

Para isso, Marcos ressalta a importância de procurar estar habituado com a IA na rotina. Antes, a população ficava apreensiva quanto aos computadores. Assim é o movimento que acontece atualmente. “É uma ferramenta que está aí para ser usada. Um dia, nós tivemos medo de usar o computador e, hoje em dia, nem imaginamos mais trabalhar sem ele ao lado. É bom tranquilizar as pessoas, é assim com uma ferramenta nova e, para uma grande quantidade delas, principalmente as que trabalham com texto e imagens, é indispensável”.

“Quando a gente escreve um texto, já temos ajuda da revisão gramatical e ortográfica. Isso se amplia com o uso de técnicas de IA na medida em que os textos são sugeridos, facilitando a redação. Claro que essas não são ferramentas autoritativas, no sentido de que vão decidir alguma coisa. Vai competir a você entender o que está sendo sugerido, ver se está bom, ou ruim, e fazer as alterações, assim como hoje nós temos os editores de texto. Jornalismo e marketing são as que mais vão ser imediatamente impactadas por essa onda do GPT”.

Ferramenta de coparticipação

É nesse sentido que Marcos destaca que a IA é uma ferramenta de coparticipação dentro das atividades profissionais. O especialista explica que isso se dá devido ao fato de a tecnologia não ser 100% correta e demandar cuidados. “O ser humano continua sendo essencial nesse processo. Hoje em dia, a palavra que tem sido usada é a copiloto: dentro do seu editor de texto, você vai ter um copiloto que vai gerar um texto específico. Porém, quem tem que analisar e ver se esse material faz sentido é a pessoa”, aponta.

Estudante relata facilidade para aprender com a IA

O estudante Pedro Duarte, de 27 anos, já é formado em arquitetura e está fazendo uma segunda graduação na área de análise e desenvolvimento de sistemas. Ele começou os estudos há cerca de um ano e meio e, por já ter começado em meio às transformações tecnológicas e surgimento de novidades, como a IA, afirma não sentir tanta dificuldade em se adaptar à rotina da ferramenta como uma aliada.

“O uso tem sido bem positivo no meu dia a dia. Eu lido com a IA como se ela fosse um professor: ela me ajuda quando tenho alguma dúvida sobre alguma ferramenta ou utilização dentro dessa ferramenta. Eu pergunto e ela retorna. Basicamente, substituiu meu buscador antigo, que era o Google. Eu simulo como se estivesse dialogando com um professor. Agora, de fato, na construção de códigos, não vem ajudando. Não posso montar um código para ela validar, ou dizer se está certo”, comenta o estudante.

Isso porque a política da empresa em que Pedro trabalha não permite o compartilhamento de dados, respaldada pela certeza de que as IA podem compartilhar o material com qualquer pessoal. “Comecei a utilizar a IA há 4 meses e estágio há quase 1 ano, então, sim acho que me enquadro entre os pioneiros que começaram a pegar. Não tive muito o que adaptar, foi bem tranquilo, acredito que quem teve dificuldade foi por medo, porque funciona basicamente como uma conversa. Não é um bicho de sete cabeças”, diz Pedro.

Adaptação foi simples, considera profissional

Gustavo Ramos, atuante na área de ciência de dados, concorda com Pedro sobre a fácil adaptação a IA que sente durante o dia a dia de trabalho. “No meu caso, foi um processo gradual. Querendo ou não, eu já me interessava pelo assunto. Então, pode ser que quem não se interesse, veja como algo muito romantizado. Eu vejo mais como um processo que está acontecendo, um processo lógico mesmo. As empresas podem utilizar nas mais diversas áreas, seja na saúde, no marketing, ou no mercado varejista”.

“A Inteligência Artificial permite você fazer uma análise maior sobre as coisas. Coisas que têm um volume muito grande de dados, podem ser observadas de forma mais sucinta. Acredito que essas mudanças auxiliem no mercado de trabalho, porque elas funcionam como uma ferramenta. Tem suas vantagens e traz muitos insights que, muitas vezes, as empresas não têm. A IA funciona para tirarmos percepções de alguns materiais", finaliza Gustavo.

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