Setor produtivo paraense está otimista com a retomada das exportações de carne bovina para a China
Sindicarne estima que houve queda de 20 a 30% dos abates no Estado, durante período de autoembargo, que durou cerca de um mês
O setor produtivo paraense festeja o anúncio do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, nesta quinta-feira, 23, sobre o fim do autoembargo brasileiro em relação às exportações de carne bovina para a China, que haviam sido suspensas há cerca de um mês, após a confirmação de um caso isolado e atípico do “mal vaca louca”, em uma fazenda do Estado. De acordo com o zootecnista da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Feapa), Guilherme Minssen, o reinício das operações de exportação de carne para a China deve ocorrer já a partir desta sexta-feira, 24, o que certamente trará alívio para o setor, bastante prejudicado pelo autoembargo, já que a China é a maior compradora das exportações de carne paraense, representando 74% desse mercado.
“Isso atingiu muito o mercado paraense em preços, pois o Pará só consome 33% da carne que produz, e agora voltaremos a trabalhar na normalidade, pois voltaremos a exportar e, além da China, outros mercados também começam a comprar a carne daqui”, destacou Guilherme.
Entre os novos mercados a que Guilherme se refere está, por exemplo, a Indonésia, que também anunciou, nesta semana, o aumento de 20 para 100 mil da cota anual de importações de carne bovina do Brasil. A medida, válida até 31 de dezembro deste ano, abrange 20 frigoríficos nacionais, entre os quais um em Marabá, um em Xinguara e um em Água Azul do Norte.
Segundo o presidente do Sindicato da Carne e Derivados do Estado do Pará (Sindicarne), Daniel Acatauassu, o autoembargo da carne brasileira para a China pode ter provocado uma queda de algo em torno de 20 a 30% dos abates no Pará, mas esses dados só deverão ser consolidados no final deste mês. Hoje, o Estado, que tem o segundo maior rebanho bovino do País, com 26 milhões de cabeças de gado, conta com 19 frigoríficos habilitados para exportar, três deles especificamente para a China.
“Depois da China, nossos principais compradores são Cingapura, Israel, Hong Kong e outros. Estamos otimistas com essa retomada e, também, com a possibilidade de conquistar novos mercados, pois temos um excedente aqui de 400 mil toneladas de carne por ano que não são aproveitadas pelo mercado interno. Com isso, poderíamos, por exemplo, começar a exportar para outros mercados que ainda não atendemos, como Estados Unidos, Europa, Japão, Coreia e outros”, detalhou.
Autoembargo - O autoembargo brasileiro em relação à exportação de carne para o mercado chinês começou no último dia 22 de fevereiro, após a detecção, por técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), de um quadro neurológico diferente em um bovino de nove anos de idade, localizado em um propriedade que fica no município de Marabá, no sudeste paraense. O material desse bovino, então, foi coletado e enviado para um laboratório de referência no Canadá, que atestou se tratar de um caso atípico, que não comprometia o rebanho brasileiro. O animal foi sacrificado. Como nessa relação comercial com a China há o compromisso, por parte do governo brasileiro, de autoembargar as exportações, caso algum problema desse tipo seja detectado, foi o próprio governo brasileiro que determinou a suspensão dos envios de carne para o país asiático.
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