Setor hoteleiro de Belém vai abrir as portas para o mundo, afirma presidente da ABIH Pará
Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Antônio Santiago, presidente da ABIH Pará, anunciou um marco histórico para a hotelaria em Belém e abordou questões sobre a preparação para a COP 30.
Belém vive um momento de adaptações e protagoniza diversas discussões. Entre elas, o potencial turístico da capital tem sido amplamente explorado. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Antônio Santiago, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Pará (ABIH PA), anunciou um marco histórico para a hotelaria em Belém e falou sobre as estratégias de preparação para a COP 30, a capacidade hoteleira da cidade, as iniciativas de treinamento e os desafios enfrentados pelo setor.
"Em maio deste ano, tivemos o melhor mês da história da hotelaria em Belém, com uma taxa de ocupação de 85%. Esse número varia sempre entre 50% e 60%. Agora estamos vendo isso como, principalmente, reflexo dos eventos preparatórios para a COP 30, além de ter Belém no centro de diversas discussões", diz Antônio.
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Com a construção de novos hotéis e capacitação das equipes hoteleiras em todo o Pará, o presidente diz que, neste setor, a expectativa é grande, tanto para o período do evento, quanto para o legado que essa ‘renovação’ deixará para o turismo no estado. Acompanhe a entrevista na íntegra:
P: Como a indústria hoteleira em Belém está se preparando para a COP 30?
R: Estamos nos preparando para um número entre quarenta e cinquenta mil pessoas. A rede hoteleira está se programando em diversas obras, aumentando sua oferta. Estamos pensando nesse número de pessoas durante quinze dias. É importante ressaltar que essas pessoas não vêm todas de uma vez, mas se dividem ao longo dos dias. Os hotéis estão fazendo sua parte. Estamos investindo em novas construções, ampliações e renovações para garantir que a infraestrutura hoteleira esteja à altura do evento. Além disso, estamos desenvolvendo parcerias com proprietários de imóveis residenciais para oferecer mais opções de hospedagem e atender à crescente demanda. A previsão é que, com todas essas medidas, possamos acolher os visitantes de maneira eficiente e confortável, fazendo com que todos se sintam bem-vindos em nossa cidade.
P: Como os hotéis em Belém estão se adaptando para atender aos padrões de sustentabilidade frequentemente associados aos eventos da COP?
R: Temos mais de sessenta tipos de treinamentos na cidade e no interior, como na ilha de Marajó e Santarém, todos focados para que a COP 30 seja um grande evento, importante para Belém do Pará. Esses treinamentos abrangem diversas áreas, desde idiomas até técnicas de hospitalidade e atendimento ao cliente. Estamos capacitando nossos funcionários para que possam atender turistas de diferentes nacionalidades, garantindo um atendimento de excelência. Além disso, estamos realizando workshops e seminários sobre cultura local e sustentabilidade, para que possamos oferecer uma experiência única e autêntica aos visitantes. A ideia é que, após a COP 30, esses treinamentos deixem um legado duradouro de qualificação profissional, elevando o padrão de serviços turísticos em toda a região.
P: Qual é a capacidade atual dos hotéis em Belém e é suficiente para acomodar o esperado afluxo de visitantes para a COP 30?
R: Belém ainda não tem essa capacidade que precisamos. Mas, com as obras e novos hotéis surgindo, teremos cerca de dezenove mil leitos, suficientes para a demanda. Além disso, o governador está trazendo dois transatlânticos que somarão mais seis mil leitos. Existem também ações de hospedagem em casas residenciais, somando mais cinco mil leitos, além de hospedagens alternativas como acampamentos para pessoas com menor poder aquisitivo. Acreditamos que alcançaremos quarenta mil leitos disponíveis na cidade ou mais. Isso demonstra nosso comprometimento em garantir que todos os visitantes tenham um lugar adequado para ficar. Com a diversidade de opções de hospedagem, estamos prontos para atender diferentes perfis de turistas, desde aqueles que buscam acomodações mais luxuosas até os que preferem opções mais econômicas. O objetivo é que todos possam aproveitar o evento ao máximo, sem preocupações com a hospedagem.
P: Logo que foi noticiada a confirmação da escolha de Belém como sede da COP, muito se falou sobre possíveis acomodações em barcos e transatlânticos. Isso realmente deve acontecer? E se sim, como será?
R: Vai acontecer sim. E deve abrigar muita gente. Estamos reunidos com o governo do estado e com o Comitê da COP 30, em sintonia, para atender essa demanda de navios, com a dragagem do porto de Belém. Outros tipos de embarcações surgirão, como na festa de Parintins em Manaus, onde muitas pessoas ficam hospedadas em barcos. Em Belém, teremos barcos com camarotes e redes para atender todos os tipos de público. A ideia é criar uma experiência única de hospedagem flutuante, que não só atenderá à demanda extra, mas também proporcionará uma experiência diferenciada para os visitantes. Esses transatlânticos e barcos serão equipados com todas as comodidades necessárias para garantir o conforto dos hóspedes, além de oferecer vistas deslumbrantes da cidade e da paisagem amazônica. Esse tipo de hospedagem flutuante será um grande diferencial para Belém durante a COP 30, atraindo turistas que buscam experiências únicas e memoráveis. Os transatlânticos são de categoria luxo, mas os barcos que percorrem a Amazônia oferecerão uma alternativa econômica para um público diverso. É uma oportunidade de ganho para quem possui esse tipo de hospedagem em barco. Estamos trabalhando para garantir que haja uma ampla gama de opções de hospedagem, atendendo a diferentes orçamentos e preferências. Desde hotéis cinco estrelas até acomodações mais simples, passando por casas de família e hospedagens alternativas, queremos que todos os visitantes encontrem algo que se adeque às suas necessidades. Essa diversidade de opções é fundamental para garantir que todos possam participar do evento e desfrutar da hospitalidade de Belém, independentemente de seu poder aquisitivo.
P: Os hotéis também estão se preparando para receber visitantes de alto nível. O que está sendo feito nesse sentido?
R: Os hotéis estão investindo em infraestrutura, preparando suítes presidenciais para atender altas autoridades e acelerando treinamentos em várias categorias, como idiomas. Isso deixará um legado, pois todos os hotéis, incluindo os do interior, como na Ilha de Marajó, estão aprendendo inglês e técnicas de serviço. Os taxistas também estão aprendendo inglês. Esse esforço mudará o perfil da cidade. Estamos focados em elevar os padrões de hospitalidade, garantindo que nossos hotéis estejam preparados para receber dignitários e personalidades de alto escalão. Além das suítes presidenciais, estamos melhorando nossas áreas comuns, como lobbies, restaurantes e centros de convenções, para oferecer um ambiente sofisticado e acolhedor. A capacitação dos funcionários é crucial para garantir que possamos atender a todas as necessidades dos hóspedes com excelência, desde o check-in até o check-out.
P: Como você vê o impacto da COP 30 no turismo internacional em Belém?
R: A COP 30 abrirá as portas para o turismo internacional, pouco presente atualmente. Existem estudos e conversações com companhias aéreas internacionais para criar hubs em Belém, conectando a cidade com a Amazônia paraense. A cidade será mais conhecida no exterior, associando seu nome à Amazônia. Esse evento será um divisor de águas para o turismo em nossa região. Esperamos que a visibilidade proporcionada pela COP 30 atraia mais visitantes internacionais, que venham não só para o evento, mas também para explorar as belezas naturais e culturais da Amazônia paraense. A longo prazo, isso poderá resultar em um aumento significativo no número de turistas estrangeiros, fortalecendo a economia local e gerando mais empregos no setor de turismo e hospitalidade.
P: Belém está cheia de obras e planos para crescer focada neste evento. Já dá pra sentir mudança nesse momento pré-COP?
R: Em maio deste ano, tivemos o melhor mês da história da hotelaria em Belém, com uma taxa de ocupação de 85%. Esse número varia sempre entre 50% e 60%. Agora estamos vendo isso como, principalmente, reflexo dos eventos preparatórios para a COP 30, além de ter Belém no centro de diversas discussões. Esses resultados são muito encorajadores e mostram que estamos no caminho certo. O aumento na taxa de ocupação é um indicativo claro de que os esforços de preparação para a COP 30 já estão gerando benefícios tangíveis para a economia local. Estamos confiantes de que, à medida que o evento se aproxima, veremos ainda mais crescimento e sucesso para o setor hoteleiro em Belém.
P: Como a ABIH espera que a COP 30 impacte financeiramente a rede hoteleira?
R: Esperamos um grande impacto financeiro na rede hoteleira, com todos os hotéis reformados e atualizados, equiparados a padrões nacionais e internacionais. Com várias obras importantes para o turismo, como as avenidas da Doca e o Porto Futuro, Belém terá equipamentos quase novos, impulsionando o turismo. Esses investimentos são essenciais para garantir que possamos competir em pé de igualdade com outras grandes cidades que recebem eventos internacionais. A modernização das nossas instalações hoteleiras não só atrai mais turistas durante a COP 30, mas também ajudará a manter um fluxo constante de visitantes no futuro. O impacto financeiro será significativo, com um aumento na receita gerada pelo setor de turismo e hospitalidade, beneficiando toda a economia local.
P: Pode falar sobre algum desafio ou oportunidade única que a indústria hoteleira em Belém enfrenta ao hospedar um evento dessa magnitude?
R: O maior desafio é a mão de obra, que precisa ser extremamente treinada, com mais pessoas falando idiomas e técnicos preparados. A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis tenta passar ao governo do estado nossas necessidades para crescer. A qualificação profissional é fundamental para garantir que possamos oferecer um serviço de alta qualidade a todos os visitantes. Estamos investindo em programas de treinamento contínuo para nossos funcionários, cobrindo desde habilidades técnicas até o atendimento ao cliente. Além disso, estamos trabalhando com instituições de ensino e treinamento para desenvolver currículos específicos para o setor de hospitalidade. Esses esforços são essenciais
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