Criar um legado duradouro para a infraestrutura turística da Amazônia é o objetivo, diz Celso Sabino

Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o Ministro do Turismo falou os planos e projetos do ministério para o fortalecimento do turismo na Amazônia e fomentar o desenvolvimento econômico local, antes e após o evento climático internacional.

Gabi Gutierrez
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Com a proximidade da COP-30, o turismo e a cultura paraense têm sido cada vez mais explorados. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, o Ministro do Turismo, Celso Sabino, falou sobre os planos e projetos do ministério para o fortalecimento do turismo na Amazônia e fomentar o desenvolvimento econômico local, antes e após o evento climático internacional.

"Ainda enfrentamos algumas dificuldades com frequências aéreas, mas estamos superando esse desafio gradualmente. Outro desafio é a promoção e divulgação da região Norte dentro do Brasil”, declarou.

Ele ainda destacou as medidas de democratização de viagens áreas, por meio de programas como o ‘Conheça o Brasil Voando’ e ‘Voa Brasil’. Confira a entrevista:

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Quais são os principais investimentos da pasta do turismo para alavancar o turismo, principalmente aqui na região amazônica?

O Governo Federal entende que precisamos promover uma explosão no turismo no Norte do país. Por determinação do presidente da república, o Ministério do Turismo, junto com a Secretaria de Comunicação da Presidência, preparou uma campanha para incentivar os jovens do sul e sudeste a conhecerem a Amazônia. Vamos divulgar e mostrar os grandes atrativos de toda a região Norte para que os jovens, especialmente do sudeste, tenham mais interesse em conhecer a região. Uma pesquisa feita na cidade de São Paulo mostra que a vontade de viajar dentro do país superou a de viajar para o exterior, com o Brasil ficando em primeiro lugar na preferência dos brasileiros que moram em São Paulo, ultrapassando até mesmo os Estados Unidos. Essa pesquisa, divulgada em um grande veículo de comunicação, nos motiva a despertar o interesse pelo turismo interno, especialmente na região Norte.

Estamos investindo fortemente na região do Pará, especificamente. Desde que assumimos a gestão, já destinamos quase R$ 200 milhões em obras de infraestrutura e outros R$ 200 milhões em financiamento para empreendimentos na iniciativa privada. Estamos nos esforçando muito para fazer uma grande Cop no ano que vem. Esses investimentos são estratégicos e visam não apenas o evento em si, mas também um legado duradouro para a infraestrutura turística da região.

Além dos investimentos diretos em infraestrutura, o Ministério do Turismo também está implementando ações de capacitação e qualificação profissional para o setor turístico. Sabemos que para atender bem o turista, é necessário que os profissionais estejam bem preparados e alinhados com as expectativas dos visitantes. Dessa forma, estamos oferecendo cursos de formação e treinamento em parceria com instituições locais, focando em áreas como hospitalidade, atendimento ao cliente e gestão de empreendimentos turísticos.

Outro ponto importante é a digitalização e modernização dos serviços turísticos. Estamos incentivando a adoção de tecnologias que facilitem a vida do turista, como aplicativos para reserva de hotéis, compra de ingressos para atrações turísticas e até guias turísticos digitais que possam ser acessados pelo celular. Acreditamos que a tecnologia pode ser uma grande aliada na promoção e facilitação do turismo na Amazônia.

A infraestrutura de transporte também é um foco crucial. Estamos trabalhando na melhoria das estradas e na construção de novas rotas de acesso para facilitar a chegada dos turistas aos destinos turísticos da região. Investimentos em aeroportos regionais e em portos fluviais estão em andamento para garantir que os turistas tenham várias opções de transporte à disposição, tornando suas viagens mais confortáveis e acessíveis.

O ecoturismo é um segmento com grande potencial na Amazônia e, para isso, estamos desenvolvendo projetos que promovem a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Estamos apoiando iniciativas que buscam o turismo de base comunitária, onde as comunidades locais participam diretamente da atividade turística, gerando renda e valorizando a cultura local. Além disso, temos programas específicos para a conservação de áreas naturais e a criação de parques e reservas que possam ser visitados por turistas de forma sustentável.

 

Você mencionou que o interesse dos brasileiros em conhecer o país é muito grande. E quais são os maiores desafios para desenvolver o turismo local entre os brasileiros?

Bom, temos muitos voos internacionais, e estamos trabalhando para ampliar esse número. Já conseguimos dezenas de novas frequências internacionais, permitindo que mais pessoas possam ter oportunidades de conhecer o nosso país. Observamos que, em muitos voos, como de Belém a Lisboa, a maioria dos passageiros são brasileiros, tanto na ida quanto na volta. Isso indica que muitos brasileiros preferem fazer turismo fora do país em vez de atrair estrangeiros para o Brasil. Atualmente, recebemos cerca de dez milhões de turistas estrangeiros por ano, enquanto cerca de doze milhões de brasileiros viajam para o exterior. Nosso foco é fazer com que esses brasileiros que buscam turismo no exterior optem por destinos dentro do país.

Já conseguimos aumentar o número de visitantes internos e o ticket médio, pois geralmente quem viaja para o exterior é de uma classe média ou alta, com maior poder de gasto. No ano passado, quebramos várias marcas, ultrapassando cento e doze milhões de bilhetes aéreos vendidos para voos dentro do país, além de registrar recordes de gastos dos brasileiros em viagens domésticas. As viagens de carro e ônibus também superaram todas as marcas. Não só voltamos aos números pré-pandemia, mas também, no primeiro quadrimestre deste ano, já atingimos a metade dos números que tínhamos antes da pandemia, indicando que 2024 será um ano muito positivo para o turismo nacional.

Ainda enfrentamos desafios significativos para o desenvolvimento do turismo local. A infraestrutura ainda precisa de grandes melhorias, especialmente em áreas mais remotas e de difícil acesso. Estradas, aeroportos e portos precisam ser modernizados e ampliados para acomodar o aumento do fluxo de turistas. Além disso, a conectividade digital também é um desafio, pois muitos destinos turísticos ainda não possuem cobertura de internet adequada, o que pode afetar a experiência do turista.

Outro grande desafio é a questão da segurança. Embora muitas áreas turísticas do Brasil sejam seguras, a percepção de segurança pode ser uma preocupação para os turistas, tanto nacionais quanto internacionais. Estamos trabalhando em conjunto com outras esferas do governo para melhorar a segurança nas áreas turísticas e garantir que os visitantes possam aproveitar suas viagens sem preocupações.

A promoção internacional do Brasil como destino turístico também é um desafio. Apesar de termos um enorme potencial, ainda somos vistos como um destino exótico e desconhecido por muitos turistas internacionais. Precisamos fortalecer nossas campanhas de marketing no exterior e mostrar ao mundo a diversidade e a riqueza cultural e natural que o Brasil tem a oferecer.

A capacitação e qualificação da mão de obra local é outro ponto crucial. Precisamos garantir que os profissionais do setor turístico estejam bem preparados para atender às expectativas dos turistas. Investir em educação e treinamento é fundamental para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos e, consequentemente, a experiência do turista.

Finalmente, a sazonalidade do turismo é um desafio a ser enfrentado. Precisamos desenvolver estratégias para atrair turistas durante todo o ano, e não apenas em períodos específicos. Isso inclui a promoção de eventos e festivais fora da alta temporada, bem como a diversificação dos atrativos turísticos para que os destinos possam oferecer experiências interessantes durante todo o ano.

E agora, focando mais na região Norte, quais são os maiores desafios para o desenvolvimento do turismo nesta região?

Ainda enfrentamos algumas dificuldades com frequências aéreas, mas estamos superando esse desafio gradualmente. Outro desafio é a promoção e divulgação da região Norte dentro do Brasil. O fluxo de turistas brasileiros viajando dentro do país aumentou bastante, e estamos, junto com a EMBRATUR, a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, divulgando a região Norte em todas as ações que têm acontecido pelo mundo.

Além da questão dos voos, um dos maiores desafios na região Norte é a infraestrutura básica. Muitas áreas ainda carecem de estradas pavimentadas, transporte público eficiente e serviços básicos de saúde e segurança, que são fundamentais para garantir uma boa experiência turística. Investir em infraestrutura é crucial para tornar a região mais acessível e atrativa para os turistas.

A preservação ambiental também é um desafio significativo. A Amazônia é uma das regiões mais ricas em biodiversidade do mundo, e o turismo deve ser desenvolvido de forma sustentável para garantir que essa riqueza natural seja preservada para as futuras gerações. Isso envolve a criação de políticas e regulamentações que incentivem práticas de turismo sustentável e a conscientização tanto dos turistas quanto das comunidades locais sobre a importância da conservação ambiental.

Outro desafio é a falta de informações e a baixa visibilidade dos destinos turísticos da região Norte. Muitos brasileiros e estrangeiros ainda desconhecem os atrativos da Amazônia e das cidades da região. Campanhas de marketing mais agressivas e a participação em feiras e eventos internacionais são necessárias para aumentar a visibilidade e atrair mais turistas.

A integração das comunidades locais ao setor turístico é um ponto crucial. Muitas vezes, as comunidades locais não se beneficiam diretamente do turismo, o que pode gerar conflitos e resistência. É importante desenvolver projetos de turismo de base comunitária, onde as comunidades locais são protagonistas e beneficiárias diretas do turismo. Isso ajuda a valorizar a cultura local e a distribuir os benefícios econômicos de forma mais equitativa.

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Ainda falando sobre esses desafios, como o senhor acredita que é possível resolver o problema da oferta de voos e altos valores dessas passagens aéreas para municípios no estado do Pará?

Essa pergunta é importante, pois nos permite informar os turistas paraenses e de todo o Brasil que querem conhecer o Pará. Observamos, em parceria com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e o Ministério de Portos e Aeroportos, que cerca de cinquenta por cento das passagens no país são vendidas por menos de quinhentos reais. Existem passagens caras, sim, mas o sistema de cálculo de preços das companhias aéreas funciona de forma que, quanto maior a antecedência, menor o preço. Quem compra passagens em cima da hora geralmente paga mais caro, financiando as passagens mais baratas de quem se programa com antecedência.

Portanto, se você comprar uma passagem com antecedência, consegue preços mais acessíveis, como trezentos, quatrocentos ou quinhentos reais. Para quem quer fazer turismo dentro do país, recomendo planejar a viagem com antecedência para aproveitar essas tarifas mais baixas. Além disso, estamos trabalhando para aumentar a concorrência entre as companhias aéreas, o que pode ajudar a reduzir os preços das passagens.

Outra medida que estamos adotando é a implementação de subsídios e incentivos fiscais para companhias aéreas que operam em rotas menos lucrativas ou de baixa demanda. Isso pode ajudar a garantir que mesmo os destinos mais remotos, como muitos municípios no estado do Pará, tenham acesso a voos regulares a preços razoáveis. O objetivo é tornar o turismo mais acessível e fomentar o desenvolvimento econômico local.

Além disso, estamos investindo em infraestrutura aeroportuária para melhorar a capacidade e a eficiência dos aeroportos regionais. Com melhores instalações, podemos atrair mais companhias aéreas e aumentar a frequência dos voos. Esses investimentos também incluem a modernização de pistas de pouso e decolagem, terminais de passageiros e sistemas de navegação aérea, tornando os aeroportos mais seguros e capazes de operar em condições variadas.

Estamos também promovendo campanhas de marketing para destacar as atrações turísticas do Pará, incentivando a demanda por voos para a região. A colaboração com operadoras de turismo e agências de viagem é crucial para criar pacotes atrativos que incluam passagens aéreas, hospedagem e passeios, oferecendo uma experiência completa e acessível para os turistas.

Por fim, é essencial educar os consumidores sobre a importância do planejamento antecipado e fornecer ferramentas que facilitem a pesquisa e a compra de passagens com antecedência. Aplicativos e sites que alertam sobre promoções e ofertas especiais são exemplos de recursos que podem ajudar os turistas a encontrar as melhores tarifas, garantindo que mais pessoas possam desfrutar das belezas do Pará sem comprometer o orçamento.

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