Região Norte registra 5,71 milhões de consumidores negativados

Mesmo com a recuperação econômica iniciada em 2017, o desemprego permanece elevado - o que justifica inadimplência alta

Thiago Vilarins / Redação Integrada

A inadimplência dos consumidores nortistas continua em alta. A região fechou o primeiro quadrimestre de 2019 com 5,71 milhões de consumidores com contas em atraso e registrados em lista de devedores, o que representa 47% da população com 18 anos ou mais. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O número reflete o quadro de dificuldade que ainda pesa sobre as famílias da região. Mesmo com a recuperação econômica iniciada em 2017, o desemprego permanece elevado e a renda não superou os patamares de antes da crise, prejudicando a capacidade pagamento dos consumidores.

 

A proporção nortista de negativados é a maior entre todas as regiões do País, seguido pelos resultados do Centro-Oeste, com 43% dos habitantes negativados (5,14 milhões); do Sudeste, com 40% (26,91 milhões); do Nordeste, com 40% (16,39 milhões); e do Sul, com 37% (8,50 milhões). Em todo o País, o número de consumidores registrados nos cadastros de proteção ao crédito alcançou a marca dos 62,6 milhões em abril, o que corresponde a 40,1% da população brasileira adulta.

 

No fim de abril, o número de devedores da região Norte se manteve praticamente estável tanto em relação a março (-0,59%) quanto a abril de 2018 (-0,42%). No Nordeste foi observado uma alta de 0,27%, contra queda apresentada no mês anterior. Já na região Sudeste, o avanço no volume de pessoas com contas atrasadas foi de 3,72%, enquanto no Centro-Oeste chegou a 1,57% e no Sul a 1,97%.

 

Já a inadimplência nacional cresceu 2,0% em abril na comparação com o mesmo período do ano passado. O número confirma a desaceleração do avanço da inadimplência, que vem perdendo fôlego desde novembro de 2018, quando a variação foi de 6,0%.

 

Com relação ao número de dívidas, observou-se queda anual de 4,83% na Região Norte - média de 1,839 dívida por cada consumidor da região, ante 1,930 do mesmo período do ano passado. Em todas as regiões houve decréscimo de 1,23% em relação a abril de 2018. É o quarto mês seguido em que foi registrado um recuo no Indicador de Inadimplência. A queda do número de dívidas, em contraste com o avanço do número de devedores, resultou no recuo do número médio de dívidas, que passou de 1,927 em abril do ano passado

para 1,866 em abril de 2019.

 

Já os dados abertos por setor apontam que a maior parte das pendências (52%) está ligada aos bancos, que envolvem dívidas com cartão de crédito, cheque especial, financiamentos e empréstimos. Em seguida aparecem os segmentos do comércio (17%), de comunicações (12%) e de água e luz (10%).

 

Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, embora o crescimento da inadimplência no país ainda persista, nota-se que o ritmo desse avanço menor e acontece em paralelo com o crescimento do saldo de crédito, segundo dados do Banco Central. "Por muito tempo, o aumento da inadimplência foi mitigado pela restrição do crédito. Agora, a desaceleração acontece em um contexto de retomada das concessões, o que indica um cenário melhor para mercado do crédito", analisa.

 

A estimativa por faixa etária revela ainda que o maior índice de negativados está entre o público de 30 a 39 anos. Em abril, mais da metade (51%) da população nesta faixa etária tinha o nome inscrito em alguma lista de devedores, somando um total de 17,7 milhões. Também merece destaque o fato de porcentagem significativa da população com idade entre 40 e 49 anos (43%) estar negativada. Entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 16% ou 4 milhões de pessoas. Na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, a proporção é de 33%.

 

"É justamente nessa fase da vida em que a corrida ao crédito acaba sendo inevitável, pois muitos já constituíram família, possuem filhos e assumem mais compromissos financeiros. Em um momento de crise, pode ser difícil equilibrar o orçamento se não houver controle e disciplina", explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

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