Projeção de aumento da Selic para 13,25% preocupa mercado paraense
Próxima reunião do Comitê está marcada para essa semana e deve trazer uma nova taxa para conter a escalada inflacionária que o país vive
A projeção de aumento da Selic para 13,25% tem preocupado o mercado paraense, que afirma já viver uma fase de instabilidade. É que a taxa básica de juros deve sofrer uma nova guinada para tentar conter a escalada inflacionária que o país vive e a previsão é que o parecer final sobre o assunto seja dado na próxima quarta-feira (29), com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Atualmente, a Selic está em 12,25%, resultado de quatro aumentos seguidos. O Brasil, com isso, já é o segundo colocado no ranking dos maiores juros reais. Se a taxa continuar seguindo o mesmo ritmo, a expectativa é que ela atinja a marca dos 15% em junho de 2025, patamar mais elevado obtido em quase 20 anos. As previsões têm como base informações do Banco Central (BC), que indicam esses aumentos.
No entanto, o mercado prevê que elevações além das que a entidade sinaliza. A próxima reunião do Copom será a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, ex-braço-direito de Fernando Haddad (Fazenda) e novo presidente do BC indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também será a primeira vez que os diretores nomeados por Lula serão maioria no Comitê.
No Pará, ainda que a decisão de aumento da Selic não tenha sido completamente resolvida, os efeitos já são sentidos. José Maria Mendonça, presidente do Centro de Indústria do Pará (CIP), explica que a perspectiva para agora é de aumento da taxa básica de juros e o consequente risco fiscal que vem com ele. “A gente acha que, enquanto não houver diminuição do gasto público, vamos ter que conviver com esses aumentos”.
“O dinheiro já está escasso. Sempre que a Selic aumenta, aumenta a taxa de juros nos bancos. As empresas e as indústrias perdem. Mas a gente acha que ainda vai piorar. A nossa expectativa é que a inflação vai continuar ampliando o risco fiscal e, com isso, os juros. Não estamos otimistas. O aumento da Selic, a falta de confiança na política fiscal do governo e os constantes impostos deixam o pessoal com expectativas ruins”, adiciona Mendonça.
COP 30
De acordo com o presidente do CIP, a capital paraense e o estado vivem duas realidades distintas, ambas marcadas pela aproximação da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP), que será realizada em Belém. “Achamos que está melhorando a circulação de dinheiro em Belém, por causa da COP, mas não é a realidade para o Pará todo. O resto do estado está tendo um impacto negativo”, finaliza José Maria.
Juros altos impactam população endividada
Economistas consultados pela reportagem de O Liberal explicaram que o país vive uma realidade de déficit fiscal que obriga o governo federal a segurar os gastos. No entanto, segundo Valfredo de Farias, isso não vem acontecendo. “A população é muito impactada, principalmente as pessoas que estão endividadas. Se tiver um aumento de juros, a gente vai ter aumento de cheque especial, de rotatividade do cartão, de várias coisas”, diz.
O setor mais impactado por essa conta é o varejo, porque o consumo e as indústrias ficam estancadas. “Um vai puxando o outro. Todo mundo vai ser impactado, mas o que vai sofrer de cara é o varejo, depois, as indústrias, serviços e vai puxando todo mundo. Então, a solução hoje seria o governo, de fato, trazer uma solução eficaz de corte de gastos. Aí, sim, o país voltaria a ter credibilidade”, conclui o economista.
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