Preços das frutas em Belém tiveram altas calculadas acima da inflação no primeiro trimestre do ano
Novo estudo do Dieese mostra que reajuste chega a quase 28%; período de chuvas está entre os fatores envolvidos
A maioria das frutas comercializadas nos supermercados e feiras livres de Belém fecharam o primeiro trimestre de 2023 - período que vai de janeiro a março -, com altas acima da inflação, estimada em 2%. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Pará mostram que, por exemplo, o quilo da tangerina teve um aumento de 27,25%, seguido da unidade do abacaxi, que teve preços 12,97% mais altos. Entre os motivos, a entidade destaca que as variações climáticas têm forte influência nesses valores.
Somente em março deste ano, em relação a fevereiro, o quilo do maracujá teve alta de 14,91%: de R$ 9,12, passou a custar R$ 10,48, em média. A manga rosa também registrou crescimento, ficando em 7,92%: era R$ 8,46 e teve o preço atualizado para R$ 9,13. Entretanto, algumas frutas tiveram baixas, como é o caso do limão, que recuou 25,98% nos estabelecimentos, do abacate, que diminuiu 10,14%, e da acerola, com queda de 5,54% no valor final. O resultado não é exclusivo do período e o Dieese já tinha identificado que nos últimos doze meses, esses produtos tiveram reajustes maiores que a inflação, em 5%.
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Everson Costa, supervisor técnico da instituição, explica que o período de chuvas no Pará, aliado ao preço dos fretes, são fatores decisivos para o resultado no cenário visto. “Tem sempre o período da entressafra de algumas frutas e isso é comum, mas, para nós, a distância dos grandes centros produtores e o custo dos fretes são elementos que ajudam a formar um preço muito mais caro. É preciso levar em consideração que esse momento de chuvas e a variação climática deixam o frete mais caro do que já é para cá. Então, a fruta já chega nas feiras com esse preço final embutido”, afirma.
Opção de feirante é priorizar frutas mais baratas
Evanisson Costa trabalha há 30 anos na feira da Pedreira e diz que sentiu uma diferença de 20% no quilo do maracujá e 30% no custo do mamão. Para ele, a solução encontrada foi optar por frutas mais baratas, como a pupunha. “Tem sido complicado, porque a gente tenta não repassar [os valores] para o cliente e segura o preço. Se você repassa, o cliente vai embora. Então, a gente procura por frutas alternativas. Tem que fazer o jogo de cintura, né? Procura as que estão mais baratas para não deixar o consumidor ir embora sem levar. Já está difícil, se ele for sem levar, fica mais ainda”, lamenta o vendedor.
Outra alternativa que Evanisson começou a adotar foi o delivery. Com isso, o autônomo sente que a clientela não perde o costume, mesmo com os preços altos. “Os nossos clientes não nos abandonaram, pelo contrário, eles dão bastante apoio. Não deixam de pedir por delivery e a gente faz bastante contato. Então, não sentimos muito a diferença [na movimentação], estamos fazendo até novos clientes. Está tranquilo, mas não para todos. Nem todos têm a mesma faixa de consumidores que a gente. Como trabalhamos há anos na feira, as pessoas já nos conhecem”, finaliza.
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