Por que a Bolsa não despencou após os atos terroristas?
Analistas de bancos e gestoras veem que as instituições sobreviveram ao teste e explicam comportamento do mercado
Mesmo com os atos terroristas ocorridos em Brasília no último domingo (8), a Bolsa fechou com alta de 0,15% nesta segunda-feira (9), aos 109.129 pontos, resultado distante da expectativa de "derretimento". Já o dólar comercial ficou longe das máximas recentes, embora tenha fechado o dia com alta de 0,41%, a R$ 5,25. Mas por que o impacto no mercado financeiro foi menor que o esperado? Analistas de bancos e gestoras veem que as instituições sobreviveram ao teste. As informações são do jornal O Globo.
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Segundo o analista de investimentos João Lucas Tonello, tensões políticas são sempre ruins, tanto que o Ibovespa foi a única Bolsa das Américas que abriu em território negativo. Já para o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, o fato de as autoridades terem reagido aos atos de forma rápida e a percepção geral de que a maior parte da população rechaça iniciativas deste tipo serviram de atenuantes de pressão.
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Ele diz, inclusive, que a curto prazo o presidente Lula pode se beneficiar politicamente. O risco, afirma, é adotar medidas mais populistas: "O governo deve enfrentar uma oposição raivosa nas ruas e com grande capacidade de mobilização, o que pode até levá-lo a adotar medidas populistas", de acordo com Rostagno.
Ao longo do tempo, diz ele, será possível ver uma preocupação maior com a governabilidade à medida que a economia desacelere e a popularidade do presidente diminua. "Os atos desse final de semana não devem ter grande impacto no mercado no curtíssimo prazo, mas ao longo do tempo".
Economista e pesquisador da LCA e da Fundação Getulio Vargas (FGV), Braulio Borges ressalta que a reação de curto prazo do mercado não é um bom termômetro agora: "A reação do governo foi enérgica, mas temos que esperar para ver se os responsáveis, civis e militares, serão punidos. Se persistir uma situação em que muitas pessoas não são punidas, na prática isso alimenta a possibilidade de mais episódios, até mais graves, nos próximos meses", afirma.
Para ele, o Lula "sai mais forte", mas a discussão do arcabouço fiscal vai durar, pelo menos, seis meses. "Não acredito que esse capital político que ele conquistou vai se estender por todo o semestre", declara. Outra preocupação, diz Borges, é a percepção do investidor estrangeiro, já que esse tipo de episódio pode assustar o investidor estrangeiro. "Instabilidade institucional pode indicar mudança de regra a qualquer momento, como impedir saída de capital".
Já Roberto Attuch, fundador e CEO de uma casa de análise, não espera estragos na imagem do país junto a investidores internacionais, mas diz que os danos serão mais para a imagem do bolsonarismo do que a do Brasil, com o presidente Lula e as instituições saindo fortalecidos. "Nem de longe dá para classificar os ataques como um movimento popular e espontâneo. Ele foi orquestrado e pago por alguém, e contou com a absoluta conivência e leniência do governo do Distrito Federal", ressalta.
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