Petrobras realiza treinamento de equipes para atendimento à fauna

CRD Belém já qualifica profissionais para atuação em projetos de exploração de petróleo na Amazônia

Fabrício Queiroz

A negativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para liberar a licença para realização da Avaliação Pré-Operacional (APO) na região da costa do Amapá não interrompeu os planos da Petrobras para exploração de petróleo na Amazônia. Enquanto a empresa aguarda a resposta do pedido de reconsideração, outras ações previstas no plano de licenciamento continuam sendo desenvolvidas. Nesta quinta-feira (3), uma dessas medidas ocorreu no Centro de Reabilitação e Despetrolização da Fauna (CRD Belém), que promoveu a capacitação de equipes para atuarem em situações de emergência.

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O CRD Belém é um espaço de 3,2 mil m² instalado no distrito de Icoaraci. A construção da unidade foi uma das exigências cumpridas pela Petrobras para a obtenção da licença da APO. O Grupo Liberal e demais veículos de imprensa foram convidados para conhecer as instalações do local, que conta com seis salas e outros espaços, como recintos específicos, que servirão para o atendimento e manejo veterinário de espécies marinhas. O objetivo é oferecer suporte aos animais que eventualmente fossem atingidos por óleo durante as operações.

“A gente é responsável pela captura dos animais oleados no ambiente, traz os animais para cá, faz todo o processo de admissão, establilização, limpeza, enxague e recondicionamento até fazer a soltura desse animal de volta no ambiente”, explica a biologa e coordenadora do CRD Belém, Camila Mayumi.

image A construção do CRD Belém foi uma das condicionantes atendidas pela Petrobras para conseguir o licenciamento na foz do Amazonas (Carmem Helena / O Liberal)

Apesar de ainda não estar em funcionamento pleno, o centro já mobiliza e qualifica profissionais da área ambiental para atuarem no atendimento de demandas da Margem Equatorial. No treinamento acompanhado pela imprensa, bichos de pelúcia foram utilizados para o exercício da prática de despetrolização.

“A gente entende que a região Norte de uma forma geral não tem muito contato com emergencias, principalmente envolvendo óleo. O processo de reabilitação desse tipo de fauna é diferente da reabilitação de uma fauna silvestre comum. Por isso, estamos treinando profissionais da área ambiental para entender o processo, colocar a mão na massa, saber como faz a limpeza para que, caso aconteça alguma coisa, a gente possa agregar essas pessoas à nossa resposta”, acrescenta Camila.

Por ser um centro pioneiro no Norte do país, a expectativa é que o CRD Belém sirva também para disseminar o conhecimento sobre a fauna atingida por qualquer tipo de óleo, inclusive os refinados que já são transportados pelos rios da região. “A fauna da Amazônia é diferente, por isso que na nossa equipe técnica em sua maioria é daqui. A gente precisou capacitar as pessoas daqui e elas também estão nos capacitando sobre as espécies e o ambiente. É uma troca”, completa Camila Mayumi.

image Camila Mayumi, coordenadora do centro de despetrolização, destaca pioneirismo da estrutura de atendimento à fauna (Carmem Helena / O Liberal)

Licença

A Margem Equatorial é uma das áreas estratégicas para investimentos da Petrobras. De 2023 a 2027, a estatal deve direcionar cerca de US$ 3 bilhões para os projetos na área. A expectativa é que o primeiro poço da região, denominado poço Morpho, que está localizado no Bloco FZA-M-59, a cerca de 175 Km da costa do Amapá fosse perfurado até março, porém em maio o pedido foi negado pelo Ibama.

A empresa entrou com pedido de reconsideração, mas ainda não há resposta do órgão ambiental. Em meio ao conflito de interesses entre as áreas energética e de meio ambiente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou sobre o assunto, afirmando que a decião do Ibama não seria definitiva e que uma decisão ainda será tomada.

"O estudo do Ibama disse que não era possível, mas não é definitivo porque eles apontam falhas técnicas que a Petrobras pode corrigir”, disse Lula, que defendeu a averiguação científica do potencial das reservas. "Primeiro, a gente tem que fazer a pesquisa, se a pesquisa apontar constatar que a gente tem o que a gente pensa que tem lá embaixo. Aí sim nós vamos fazer a segunda discussão. Como fazer para explorar sem causar nenhum prejuízo a qualquer espécie amazônica?", destacou o presidente

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