Pesquisa aponta avanços do agronegócio no Pará

Aumento do rebanho bovino e da produção de grãos são tendências no campo paraense

Fabrício Queiroz
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O avanço da pecuária, o incremento da cultura da soja e o maior número de empregos gerados no campo são alguns dos destaques do Boletim da Agropecuária Paraense 2022, divulgado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). Os dados do setor indicam, por exemplo, que o Produto Interno Bruto (PIB) do Agro registrou crescimento de 5,8%, entre 2019 e 2020, a despeito da queda de 0,2% no PIB do estado do Pará e de 3,3% no PIB brasileiro observada nesse período em decorrência da pandemia de covid-19.

Nesse cenário, a agropecuária contou com avanços em diversos setores. O efetivo do rebanho bovino alcançou o seu maior patamar histórico, com 23,9 milhões de cabeças de gado em 2021. Trata-se do terceiro maior rebanho do país, atrás apenas dos estados do Mato Grosso (32,4 milhões) e de Goiás (24,3 milhões).

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Além disso, o Pará possui quatro municípios entre os dez maiores produtores de rebanho bovino no país. Altamira conta com cerca de 900 mil cabeças de gado, Novo Repartimento tem 1,1 milhão, Marabá são 1,5 milhão, mas o grande destaque é São Félix do Xingu, que ocupa a dianteira nacional com mais de 2,5 milhões de animais. A criação de búfalos também tem representatividade no estado, que conta com 40% de todo o efetivo nacional. São mais de 620 mil cabeças de gado bubalino.

Outro fator que contribuiu para o avanço do agronegócio paraense foi o aumento da produtividade. Em 2021, o Pará produziu 739,2 milhões de toneladas de carne, cerca de cinco vezes mais do que em 1997, quando o índice alcançado foi de 129,8 milhões de toneladas de carne. Esse resultado coloca o estado como responsável por 2,7% de toda a produção nacional.

No que se refere à produção agrícola, as lavouras permanentes e temporárias paraenses tem representatividade nacional, sobretudo com mandioca, dendê, açaí e cacau. Porém, outras culturas vem aumentando sua importância, como é o caso da soja, cuja produção aumentou mais de mil vezes em um período de 20 anos, segundo a Fapespa. Atualmente, a taxa média de crescimento desse grão é de 58,1%, enquanto que a variação anual da mandioca, que é a principal cultura do Pará, está em 1,5%. A pesquisa aponta que a tendência é que a soja poderá se tornar o produto mais representativo da lavoura temporária do estado.

“O Boletim da Agropecuária confirma mais uma vez a força do agronegócio paraense, que cresceu em praticamente todas as suas variáveis, não só aumento de rebanho, mas também nos produtos de origem vegetal, como soja, açaí, pimenta-do-reino, cacau e outros, e dependendo da balança comercial alguns tiveram também aumento da comercialização”, analisa Marcel Botelho, presidente da Fapespa, que ressalta que o setor é também responsável um grande impacto social no estado, já que emprega mais de 688 mil pessoas formalmente.

Para ele, o Pará tem uma vocação natural para o setor em razão de fatores, como o solo de boa qualidade, o clima favorável, a previsibilidade do regime de chuvas, bem como as ações governamentais que tem incentivado à incorporação de tecnologias e a intensificação.

“Até hoje o nosso crescimento foi baseado no aumento da extensão, isto é, com aumento da área de pasto, por exemplo. Agora, o governo tem incentivado o aumento da intensividade, com uso de tecbnlogias, investimentos em ciência e o apoio de entidades como a Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA). Juntos esses fatores fazem com que se tenha ganhos em aumento de produtividade, ou seja, vamos produzir muito mais com a mesma área”, pontua Botelho.

Entre essas estratégias, Marcel Botelho destaca as perspectivas de investimentos em bioeconomia, na verticalização e em modelos mais sustentáveis, como o de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A doutora em Ciências Agrárias e pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental, Gladys Martinez, desenvolve há mais de 10 anos projetos nesse ramo e pontua algumas vantagens dessa abordagem.

“Em áreas pobres e degradadas, a Embrapa sugere o ILPF como uma forma de inserir a agricultura, que vai permitir a recuperação do solo, além de geração de riquezas com os produtos. Depois se entra com a pastagem e em um período de até quatro anos se introduz os animais em áreas em que se pode agregar as árvores, por exemplo. No momento que o animal vai pastejar, o animal se protege, ele fica menos agressivo e, com isso, tem melhorias na quantidade de leite e na qualidade da carne. Além de que isso possibilita o sequestro de carbono porque pastagens de qualidade também absorvem carbono na atmosfera”, explica Gladys.

De acordo com a pesquisadora, essa estratégia foi inicialmente incorporada por grandes produtores de grãos brasileiros, mas hoje já vem sendo adotada com bons resultados até mesmo por pequenos produtores rurais nas regiões sul, sudeste e oeste paraense. “Quando se começa a usar tecnologia, o produtor começa a ver o lucro e ver sua produção aumentar. Nós temos que incentivar cada vez mais a adoção dessa tecnologia que não é coisa de outro mundo”, frisa a especialista.

Rebanho Bovino

  • Brasil – 224,6 milhões
  • Mato Grosso - 32,4 milhões
  • Goiás – 24,3 milhões
  • Pará – 23,9 milhões

Culturas com maior produção na lavoura do Pará

  • Mandioca – 4,1 milhões de toneladas
  • Dendê – 2,8 milhões de toneladas
  • Soja – 2,2 milhões de toneladas
  • Açaí – 1,4 milhão de toneladas
  • Cacau – 1,2 milhão de toneladas
  • Milho – 1,1 milhão de toneladas
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