Pão e gasolina podem ficar mais caros com alta do dólar; entenda

Leonardo Cardoso, assessor de investimentos, explica o impacto da alta para consumidores e investidores e dá dicas

Amanda Engelke
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A valorização do dólar, que fechou a semana em R$ 5,86 — seu segundo maior valor nominal na história (descontada a inflação), pode pesar no bolso dos paraenses. Como explica o assessor de investimentos Leonardo Cardoso, “muitos dos itens consumidos no dia a dia passam por uma negociação que envolve a moeda americana”. Esse é o caso do trigo, usado no pão, e da gasolina, além de diversos outros produtos essenciais.

A influência do dólar ocorre porque boa parte dos insumos e matérias-primas consumidos no Brasil são importados ou têm seu preço fixado em dólar, mesmo quando produzidos localmente. Óleos combustíveis refinados estão entre os principais produtos importados pelo Brasil, por exemplo. Com a alta da moeda americana, os custos de importação sobem, e isso reflete nos preços finais, que chegam ao consumidor.

Cardoso analisa que a alta do dólar aumenta a pressão inflacionária. Ele explica que o câmbio elevado reflete tanto a instabilidade interna quanto fatores externos. “Esses fatores aumentam a procura por dólar como proteção, o que pressiona o câmbio e impacta o consumidor final”. O efeito, na prática,é especialmente sentido em produtos importados e em itens que dependem de insumos atrelados ao dólar.

Para quem investe, momento é de oportunidades

Para os investidores, o momento oferece oportunidades de proteção e valorização. “Esse é um bom momento para diversificar com ativos atrelados ao dólar e proteger o patrimônio”, orienta Cardoso. Ele recomenda opções como fundos cambiais e ações de empresas exportadoras, como Vale e Suzano, que se beneficiam com a moeda americana em alta. “Essas empresas ganham competitividade e tendem a valorizar”, completa.

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Já quem pretende adquirir dólares para viagens ou investimentos deve ter cautela e planejamento. “O ideal é comprar aos poucos, mês a mês, para suavizar as oscilações do câmbio”, orienta Cardoso. Ele explica que essa estratégia permite ao comprador evitar uma exposição maior em momentos de alta, além de diluir o impacto das variações ao longo do tempo, garantindo uma média de preço mais estável.

Recomendação é de planejamento financeiro

Além dos preços, a alta do dólar pode impactar a taxa básica de juros, a Selic, o que encarece o crédito. “Com a Selic mais alta, o crédito fica mais caro e menos acessível, dificultando o consumo e afetando o orçamento das famílias”, alerta Cardoso. Ele recomenda que consumidores repensem o uso de financiamentos de longo prazo, considerando o cenário de juros elevados.

Cardoso aponta que “a possibilidade de novos aumentos de juros nos Estados Unidos e as eleições americanas criam incertezas, o que fortalece a moeda americana”. Isso representa mais que a alta de preços — pode também encarecer o crédito e complicar as finanças pessoais. “É fundamental que consumidores e investidores busquem proteção e ajustem seu planejamento financeiro”, conclui o especialista.

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