Artigos de luxo podem ser considerados bons investimentos? Entenda

Adeptos em Belém apontam facilidade de revenda e especialista cita necessidade de conhecimento prévio

Amanda Engelke
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Artigos de luxo como relógios, joias e bolsas são frequentemente associados a status e exclusividade. Mas, além de serem itens desejados por muitos, eles também podem se transformar em investimentos rentáveis. Leonardo Cardoso, assessor de investimentos de um escritório em Belém credenciado pela XP Investimentos, destaca que a exclusividade e a valorização ao longo do tempo são os diferenciais.

Segundo Cardoso, investir em artigos de luxo com o objetivo de revenda tem grande potencial lucrativo. Ele observa que “hoje em dia, muitas pessoas investem nesse mercado”. Entretanto, ele adverte: “é necessário conhecimento prévio, e fazer isso sem entender o mercado pode ser muito arriscado”. Para minimizar riscos, ele diz ser essencial ter uma boa organização financeira e uma sólida reserva antes de começar.

Cardoso pontua que, apesar da gama de marcas, são considerados “bens de luxo” itens exclusivos, fabricados com matérias-primas complexas e em baixa escala, frequentemente são atemporais. Algumas marcas, inclusive, têm interesse em reforçar esse senso, “com fábricas diminuindo suas linhas de produção e até fechando unidades para evitar a rápida proliferação dos produtos, aumentando assim a raridade e valor no mercado”.

image Leonardo Cardoso aconselha investidores estudem bastante sobre o tema (Arquivo/O Liberal)

Casal aposta em bolsas e sapatos e apontam ‘venda rápida

A empresária Samara Cavalcante conta que ela e seu marido, o médico Ruan Cavalcante, costumam investir nesse tipo de item. “Meu primeiro item de luxo foi uma bolsa da Jacquemus (grife francesa). Ganhei de presente do meu marido. Adoro essa bolsa; ela é rara e hoje está valendo o dobro do preço que pagamos. Além de ser colecionável, ela valoriza com o tempo por seu couro e estética diferentes”, diz.

A marca favorita de Samara é a Gucci, pois suas peças “são atemporais, feitas com couro de alta qualidade e valorizam com o tempo”. Segundo ela, as peças de “second hand” da marca vendem rapidamente. “Tenho uma ‘Marmont Mini’, que, “mesmo após uso frequente, está em ótimo estado e pode ser revendida por um valor superior ao de compra, provando que o investimento vale a pena e o item pode ser passado para gerações futuras”.

Samara também diz que Ruan é um consumidor mais ávido, especialmente de sapatos. Ele gosta de marcas como Golden Goose, Gucci, Burberry, Off-White e Louis Vuitton, e possui uma variedade de pares dessas marcas, que usa no dia a dia. “Quando ele decide vender algum par, consegue fazê-lo rapidamente", diz. Um dos itens da coleção de Ruan é um sapato da marca Golden Goose, que só tem 850 no mundo. O par de Ruan é o 263. 

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Sapato da marca Golden Goose que só tem 850 no mundo. O par de Ruan é o 263. (Arquivo Pessoal)

Para a empresária, o mercado de luxo em Belém ainda é limitado e as peças são difíceis de encontrar. O casal utiliza aplicativos para experimentar e devolver produtos se necessário. "Aqui, há mais pessoas vendendo artigos second hand e algumas lojas oferecem coleções cápsulas para eventos, que esgotam rapidamente. Normalmente, compramos mais quando viajamos, por exemplo, para São Paulo, ou online", diz Samara.

Investidor diz que escassez aumenta valorização

Marcas renomadas costumam ter uma valorização significativa ao longo do tempo. A bolsa Hermès Birkin, por exemplo, é conhecida por sua escassez e alta demanda, o que leva a uma valorização anual média superior à de muitos ativos tradicionais. Relógios de marcas como Rolex e Patek Philippe também são exemplos de itens que podem se valorizar, especialmente modelos raros ou de edição limitada.

Renan Mello, investidor, considera os artigos de luxo como uma "reserva de valor" semelhante ao ouro. Embora trabalhe apenas com investimentos tradicionais, ele tem interesse em relógios. “Um rolex, por exemplo, é uma espécie de reserva, assim como as joias, e é muito difícil elas perderem valor. Seria necessário que o ouro perdesse valor para que o relógio começasse a desvalorizar, o que historicamente não acontece”, diz.

image Renan Mello compara artigos de luxo com o ouro. (Arquivo Pessoal)

Mercado restrito

Apesar de considerar a possibilidade, Renan vê o mercado como "complexo". Ele menciona que itens das marcas Patek Philippe e Hermès têm processos de compra restritos e preferências para clientes tradicionais, tornando o investimento mais complicado do que aparenta. "Não é apenas comprar uma bolsa ou relógio; é preciso ter conhecimento para considerá-los um investimento, e não apenas artigos para usar", diz.

"Há casos de pessoas, até influenciadores, que tentaram comprar Patek Philippe e não conseguiram por não serem clientes antigos ou de famílias tradicionais. Existe uma preferência por compradores de Genebra (Suíça). As bolsas Hermès seguem a mesma lógica, dando preferência a clientes que já compraram outros itens, como carteiras, antes de poderem adquirir uma bolsa", compartilha Renan.

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