Panetones ficam mais caros no Natal de 2021 em Belém, aponta Dieese
Aumentos chegam ao dobro da inflação. Preço do açúcar, trigo e frutas cristalizadas elevaram custos de produção
Os panetones da ceia natalina estarão mais caros nas festas de fim de ano das famílias paraenses em 2021, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Enquanto o preço mínimo do panetone de 400 gramas registrado ano passado nos supermercados foi de R$ 8,50, neste ano está difícil encontrá-los por menos de R$ 9,99, ou seja, uma alta de 17%.
Os panetones comuns eram vendidos por no máximo R$ 17,75 na Grande Belém em 2020, mas em 2021 os preços chegam a R$ 23,99 - um aumento de 35% no valor máximo, que pode variar entre marcas, tipos e locais de compra. A alta, em média, foi de 28%.
Jorge Portugal preside a Associação Paraense de Supermercados e diz que os preços desanimam os supermercadistas em relação a um eventual aumento nas vendas, que deve ser no máximo de 5% em relação ao ano passado.
Ele falou que os varejistas evitaram comprar estoques grandes, prevendo que a crise econômica afetaria o poder de compra dos paraenses.
"O poder aquisitivo das famílias ainda não voltou ao normal. Se você pega o trigo, o maior componente do panetone, ele é quase todo importado do exterior. O Brasil importa quase todo o trigo que consome. Por outro lado, o panetone tem uma diversificação de preços, desde os mais simples até o mais barato, com diferentes tipos, qualidade, componentes, a própria embalagem. A procura maior está sendo por aqueles mais simples. A cada ano isso vem acontecendo mais. As pessoas não deixam de comprar, porque é um símbolo do natal, faz parte da ceia. Aqueles que variam entre R$ 13 e R$ 15 reais são os que mais saem. Os de R$ 20 reais, também. Naqueles acima de R$ 50 reais houve uma queda [nas vendas]", diz ele, ao lembrar que as vendas só começam a turbinar mesmo em dezembro.
Quem opta pelos panetones de 750 gramas também vai ganhar do Papai Noel uma ceia mais cara este ano: o aumento chega a 31%, com os mais caros custando R$ 49,90 e os mais baratos saindo por R$ 35,90. Ano passado, era possível encontrá-los por até R$ 21,20, segundo o Dieese.
Chocotones também tiveram alta
Os chocotones, que caíram no gosto do brasileiro na última década, seguiram a tendência, com aumentos de 11%. Além do aumento no preço do açúcar e do trigo em 2021, as frutas cristalizadas também pesaram no custo de produção da iguaria, já que a média de preço de 80 gramas teve um aumento de 25% entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021.
Mas nem só as grandes indústrias de panificação sofreram com os aumentos. Arthur Sobral que o diga. Ele começou a produzir panetones e diversos pães artesanais “na brincadeira” e ano passado acabou assando mais de 400 no forno comum que ele tem em casa ("entre vendas, presentes e tentativas erradas", ele estima).
Depois que foi tomando gosto pela coisa, estudou, se cadastrou como Microempreendedor Individual, se especializou e o negócio virou um sucesso. Sobral conta que está animado com as festas natalinas, quando os pedidos e encomendas explodem, mas admite que a inflação pesou na hora de planejar os gastos com ingredientes.
"A inflação impactou para mim principalmente por conta do gás de cozinha, que dobrou de preço. Para eu produzir um panetone eu preciso que o forno fique pré-aquecido durante 30 minutos e assar por mais 40. Eu gastava oito reais para produzir cinco panetones grandes e o gás aumentava mais R$ 3 em cada um. Agora o preço do gás equivale a R$ 5 por panetone. Um aumento de quase 75%. Eu vendia um [panetone] de 450 gramas por R$ 25 ano passado e já estou vendendo a 30, ou seja, 20% de aumento. O [panetone] de gotas de chocolate que era R$ 30 hoje é R$ 35. E teve um aumento substancial em um insumo: as frutas cristalizadas. Antes da pandemia, em 2019, o quilo era R$ 8 e hoje chega a R$ 15", afirma.
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