Obras da COP 30 geram demanda por engenheiros especializados com salários de pelo menos R$ 9,1 mil
Segundo a presidente do Crea-PA, com a alta demanda, os profissionais estão recebendo o piso, que, na categoria, equivale a seis salários mínimos
As obras estruturantes que a capital paraense e outros municípios do Estado estão recebendo como consequência da realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) prometem gerar dezenas de milhares de novos postos de trabalho em 2025. Uma das profissões mais requisitadas é a de engenheiros, e o que o mercado procura atualmente são as pessoas especializadas. Os salários são a partir de R$ 9,1 mil, segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Pará (Crea-PA).
Segundo a presidente da entidade, engenheira civil Adriana Falconeri, embora não haja ainda um levantamento da capacidade de contratações que o mercado paraense tem hoje, existem vários serviços que não possuem mão de obra qualificada no Pará e, para as obras da COP, o mercado tem procurado em outros estados. “Por exemplo, a área de andaime, que é um serviço de baixa complexidade, tiveram que contratar de Minas Gerais porque não tinha a quantidade necessária aqui no Pará”, menciona.
As áreas mais promissoras dentro da engenharia, de acordo com a líder da categoria, são as especialidades relacionadas com construção civil, indústria, mecânica e elétrica. “Tudo isso está bem em alta. Naval também, para a dragagem dos portos e a possibilidade de atracamento de navios para se tornarem leitos de hotéis. São vários engenheiros que estão envolvidos nesse plano de contingência”, diz.
Salários
Em relação aos salários, a presidente do Crea-PA informa que, com a alta demanda proporcionada pelas obras preparatórias para a COP 30, as remunerações estão maiores no Pará, e há a tendência de que elas cresçam ainda mais. Segundo Adriana, pelas regras da categoria, um profissional de engenharia que trabalha seis horas por dia precisa ganhar pelo menos seis salários mínimos no mês, o que hoje corresponde a pouco mais de R$ 9.100.
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Porém, o que os profissionais, de fato, ganhavam no Pará ficava bem abaixo do piso e girava em torno de R$ 2.000. Agora, com a COP 30, as remunerações já atingem o mínimo. “A maioria recebia abaixo do piso salarial da categoria. E agora, com essas oportunidades, eles estão ganhando o mínimo. Isso é o básico para viver. Sabemos que, com um bom financeiro, o profissional consegue ter qualidade de vida, saúde e transporte. Estará habilitado e oferecerá o suporte necessário para os projetos”, enfatiza.
Novos profissionais
Mesmo quem não tem experiência e está se formando agora ou ainda vai finalizar a graduação terá espaço nesse mercado, na avaliação de Adriana. Ela afirma que este é o momento de aprimoramento na profissão. Como algumas obras só serão totalmente entregues no ano que vem, após a COP 30, há tempo para que os novos profissionais se especializem e se tornem, por exemplo, engenheiros trainee, com uma oportunidade de crescimento.
“A gente tem feito contato com algumas instituições para levar esses alunos para conhecer as obras, principalmente os que estão no final do curso, porque são obras não tão convencionais. Não são casas, que todo dia a gente faz, são mais estruturantes e complexas, é um nicho de mercado que muitas vezes o profissional não tem oportunidade de conhecer”, salienta.
Adriana adianta que, neste ano, as oportunidades serão muito maiores do que nos anos anteriores no Pará. Ela aponta que a classe tecnológica, que inclui as engenharias, terá um déficit de 1,5 milhão de profissionais em todo o país até 2030. Somente no Pará, há 60 mil profissionais da área registrados no Crea-PA e, segundo a presidente da entidade, eles precisam ser capacitados para ter mais oportunidade de trabalho, com remunerações mais altas.
Indústria
Uma demanda imediata, de acordo com a engenheira, é na parte de indústria e mecânica. “Lá no Porto Futuro II, os produtos vão ser industrializados. No galpão seguinte vai ter a comercialização desses itens e no outro a parte de alimentação para degustar. Em um mesmo local vai ser a fabricação, o beneficiamento e o produto final, e profissionais estão sendo demandados ”, pontua.
O Mapa do Trabalho Industrial desenvolvido pelo Sistema Indústria aponta que, no Pará, as áreas de formação que mais gerarão empregos até 2027 serão logística e transporte (79,4 mil trabalhadores), seguido por construção (70 mil), manutenção e reparação (39,6 mil), operação industrial (29,9 mil) e metalmecânica (27,1 mil).
Analisando as áreas com o maior número de trabalhadores formais, o maior crescimento entre 2024 e 2027 será observado em manutenção e reparação (aumento de 8%) e serviços gerais (expansão de 5,9%), segundo o estudo. Ainda pelo levantamento, o Pará tem uma demanda por formação profissional de 286,3 mil pessoas; uma demanda por formação inicial de 47,6 mil; e uma demanda por treinamento e desenvolvimento de 238,7 mil profissionais.
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