No Pará, programa de desconto do carro zero reflete na queda de preço do usado

Vendedores ainda esbarram na falta de crédito a clientes negativados e juros elevados.

Enize Vidigal

O movimento de consumidores em busca do carro novo com o desconto garantido pelo programa do governo federal já é uma realidade nas concessionárias do Pará, informa a presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos e Máquinas dos Estados do Pará e Amapá (Sindcovid-PA/AP), Karina Dinardin. Os descontos variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil em modelos com valor total de até R$ 120 mil.

O benefício pressionou a redução dos preços dos veículos usados, informa o presidente da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado do Pará (Assovepa), Aldo Oliveira. Porém, o maior entrave na concretização do negócio tem sido a falta de crédito e a alta dos juros.

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No total, R$ 1,5 bilhão estão reservados para os descontos, que podem variar de R$ 2 mil a R$ 8 mil

“Se o Mobi zero (Km) veio para R$ 59.900, como vou vender o seminovo a R$ 55 mil?”, compara Oliveira. “Hoje, o cliente está procurando mais o zero com desconto do que o seminovo porque os preços se aproximaram. A venda do seminovo está empacada, retraída, porque só tem desconto no zero quilômetro”, informa. Para manter a competitividade, as lojas de seminovos estão aplicando o desconto de R$ 5 a 6 mil, em média. “A gente tem que acompanhar, senão não vende”.

Segundo o titular da Assovepa, o mercado de venda de veículos ficou 15 dias retraído, durante o intervalo entre o anúncio do programa e o prazo para a medida entrar em vigor, pois quem estava se preparando para comprar carro, segurou o investimento para esperar o desconto. As vendas deram uma pausa nesse período e, agora, “as lojas estão abarrotadas de carros”, informa.

Denardin afirma que a medida governamental já está estimulando a venda dos carros populares, especialmente por pessoas físicas. Apesar do benefício alcançar o carro zero, mesmo a procura do usado “está grande”, acrescenta Oliveira.

Ao todo, são 200 lojas de revenda de veículos em Belém e Ananindeua. O dono de loja de venda de usado, Wess Muller, confirma o aumento da procura. “As pessoas estão procurando descontos, principalmente para trocar de veículo”.

Curta duração

O programa dispõe de um total de R$ 1,5 bilhão em redução de alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), dos quais cerca de R$ 500 milhões são destinados aos automóveis. Quando esses recursos se esgotarem, as montadoras não poderão mais oferecer os descontos.

A dirigente da Sindcovid reproduz a estimativa do setor de que o programa vá durar apenas um mês. Já o titular da Assovepa é mais otimista, avaliando que vá durar 15 a 20 dias apenas. O setor espera uma “corrida” de clientes às concessionárias e lojas de revenda de veículos usados.

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Nesta segunda, terminou o prazo para as montadoras responderem se participarão do programa de subsídios de automóveis, e quais modelos ficarão mais baratos.

Entraves

Karina Denardin observa que, apesar do programa de desconto, o maior entrave para concluir a venda do carro zero quilômetro tem sido a liberação do crédito nos bancos, pois muitos consumidores estão negativados por dívidas. “Mas esse problema a gente já vinha enfrentando”, diz.

“Junho é um mês propício de venda, todo mundo quer trocar o carro para as férias de julho. As perspectivas (de vendas) são boas. O problema tem sido a falta de crédito do cliente e os juros altos das prestações. Os bancos não aprovam os endividados. Antigamente, as parcelas saíam mais baixas, hoje, facilmente passa de R$ 1.400”.

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