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'Não estamos organizando nenhuma paralisação por enquanto', diz sindicato dos caminhoneiros do Pará

Aumento nos preços dos combustíveis tem feito categoria pensar em greve nacional, mas momento difícil da economia e motivações políticas preocupam a categoria no Pará

O Liberal
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 O diretor do Sindicato de Transportadores de Cargas do Estado do Pará, Edilberto Ventania, afirmou que no momento não há nenhuma manifestação ou paralisação sendo organizada pela entidade no Pará, que conta com mais de 25 mil caminhoneiros em todo o território paraense.

Segundo ele, o Sindicato apoia o direito da classe de protestar nacionalmente contra a política de preços da Petrobras, mas ele teme que o ato se torne político

"Quero deixar bem claro que nós, enquanto instituição, apoiamos o movimento nacional, mas desde que ele seja de fato voltado para protestar contra o combustível. Não estamos inseridos na questão política contra A ou B. Claro que tudo na vida é política. Eu seria um demagogo se negasse isso. Mas a nossa pauta no momento é a diminuição dos preços", afirmou ele em conversa para a reportagem de O Liberal na manhã desta segunda-feira (14). 

Ventania lembra que a alta dos combustíveis afeta a vida de todos os paraenses diretamente, pois mesmo aqueles que não possuem veículos sofrem com o efeito dominó nos preços das mercadorias, acrescidos do frete.

"Eu também tenho veículo. Não sofro com isso apenas como caminhoneiro. O que quero é um Brasil melhor, como todos querem. Mas não vamos sair atirando para Ministério Público, Tribunal de Justiça. Não estamos mirando governo nenhum, estadual ou nacional", avalia. Segundo o diretor, caso a entidade decida organizar uma paralisação, será apenas após uma ampla conversa com toda a classe. 

Na opinião de Edilberto, a política dolarizada da Petrobrás, que equipara o preço do barril ao valor da moeda estadunidense, é inadmissível. "Ninguém recebe em dólar. Hoje já está quase em R$ 8. Não tem cidadão que tenha condições. Estou vendo muita gente andando de bicicleta e a pé. Acho que temos que definir uma outra forma de trazer um conforto maior para o consumidor, porque o brasileiro está perdendo poder de compra. Precisamos buscar outra metodologia para melhorar a vida do brasileiro. Porque quando sobe o combustível tudo sobe, sobe a carne, os alimentos", lamenta.

"Situação é pior no Pará"

Já o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens no Estado do Pará, Eurico Tadeu Santos, afirma que a situação no Pará está pior do que nos outros estados do Brasil, mas que a princípio não há paralisação marcada.

"O Pará não tem indústria. Então os caminhões trazem os produtos e voltam vazios. O frete já vinha defasado há muito tempo na região e agora com esse aumento de 25% no combustível que estava ruim ficou pior. Falta estrutura na região norte como um todo então o caminhão consome muito mais combustível no Pará. O caminhão que roda numa estrada em Minas Gerais ou São Paulo, mesmo que tenha mais serra, mais morro, a estrada oferece melhor rentabilidade ao combustível. Fora a manutenção que é o dobro aqui", afirma. 

Santos diz esperar as decisões que estão sendo tomada em Brasília, mas acredita que é importante que a categoria se organize para garantir que as empresas que dependem das transportadoras para distribuir mercadorias paguem os preços dos fretes corrigidos pelos aumentos.

"Estamos propondo de ir com as empresas e indústrias para fazermos acordos comerciais, isso é legal, está na lei, negociar com frete, seguro, imposto. Tem empresa que demora de três a quatro meses o preço do frete para transportadora. Muitas para não aumentarem o prejuízo, pararam o frete. Se os caminhoneiros pararem não vai ser só por greve, mas sim por falta de condições de trabalho", avalia. 

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