Guerra segue afetando importações de fertilizantes no Pará; altas no preços já passam de 150%
Escassez do insumo provoca alta nos preços, causando efeito em cadeia na agropecuária paraense
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia segue elevando os custos da produção agropecuária no Pará, especialmente por conta da crise mundial de fertilizantes, já que o Brasil importou 23% dos fertilizantes que utilizou em 2021 da Rússia.
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O zootecnista Guilherme Minssen, diretor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, afirma que os fertilizantes são essenciais para garantir pasto de boa qualidade para o gado paraense, que possui alta demanda por ser o mais barato do Brasil.
"E, no mundo, o Brasil tem a carne mais barata, que alimenta, hoje, cerca de 1,2 bilhões de habitantes na Terra e quanto mais o país produz, maior é a necessidade dessa produtividade ser alavancada por meio dos insumos fertilizantes, seja de correção ou de adubação. Esse cenário fica propício para neste momento ocorrer uma outra guerra: a mercadológica, de preços", afirma.
Segundo Minssen, a guerra no leste europeu deveria ser vista como uma oportunidade para o Brasil debater sobre autossuficiência na produção de fertilizantes, ainda longe de ser alcançada, principalmente na Amazônia.
"Temos aqui as principais ofertas de minério, de nitrogênio, fósforo e potássio do planeta. Temos o direito de explorá-las. Elas estão debaixo do solo e não servem para a sociedade da maneira que estão. Precisamos sentar agora e conversar com diversos organismos para poder explorar e traduzir isso em alimento. A conversa tem que ser séria e justa. Não é justo que irmãos nossos passem fome ou paguem muito caro pela comida porque alguns tentam fazer política barata contra o agronegócio", afirma.
Produtores rurais sentem o aumento no preço dos fertilizantes
Paulo Quartiero é produtor rural e conta que a alta no preço dos fertilizantes já vinha pressionando a agropecuária paraense desde o início da pandemia, problema que foi acentuado com a guerra.
Em pouco tempo, o preço da tonelada de cloreto de potássio saltou 157%, chegando a U$900.
Ele conta que diversos amigos do ramo o procuram de outros estados para saber se há fertilizantes sobrando no Pará, por conta da escassez do produto. "Só a ameaça de faltar insumos já prejudicou a safra passada. Imagina agora. Não podemos ser uma potência agrícola sem ter controle algum dos insumos", lembra ele, ao dizer que o impacto é amplo, saindo do preço da carne vermelha até o arroz.
Para Nilson Monteiro, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Químicos, Petroquímicos, Farmacêuticos e de Perfumaria e Artigos de Toucador do Estado do Pará, se houvesse algum impacto da guerra na indústria de fertilizantes do Pará, ele seria positivo, pois o Estado precisa se tornar mais robusto nesta área.
"Não temos indústria significativa no Pará. Mas deveríamos, pois iria suprir a crise atual da importação. A nossa produção de fertilizantes é muito pequena mesmo e a guerra não tem impacto nenhum na empregabilidade, pois é uma indústria pequena, incipiente, que não gera muitos empregos. O que temos aqui são misturadores de adubo para atender uma necessidade muito pequena. Temos um projeto grandioso de implantação que está parado há anos", lamenta ele.
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