Greve dos guardas portuários compromete abastecimento de gás no Pará
Representante do setor admite que o estoque de algumas revendedoras está no final
O fechamento do Terminal Petroquímico de Miramar, em Belém, pode provocar também prejuízos econômicos e transtornos à população. O local abastece com combustíveis diferentes regiões do Estado. Uma das principais preocupações é a possibilidade de desabastecimento de gás, tanto para residências como empresas.
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De acordo com o advogado e presidente do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás Liquefeito de Petróleo do Estado do Pará (Sergap), Francinaldo Oliveira, os estoques estão terminando. Donos de alguns pontos de venda informaram à entidade que vão fechar as portas por volta do meio dia de hoje, porque não terão mais produto para a venda.
“Quem mora mais perto das bases, em Belém, praticamente faz compra diária, para não ficar armazenando muito produto. O pessoal que trabalha dessa forma já está com o estoque baixo, aqui na região metropolitana”, diz Francinaldo. “Em relação ao interior, certamente eles vão ter alguma dificuldade também, porque apesar deles abastecerem com o volume maior, tem o problema da logística, volume apertado, os estoques não são de longa duração”, completa.
O advogado explica que o produto chega pelo Terminal de Miramar, onde é engarrafado e distribuído para o resto do Pará e também do Amapá. Sobre o impacto do protesto no preço do botijão, Francinaldo Oliveira não descarta a possibilidade de aumento. “A gente espera que não, mas pode, é a lei da oferta e da procura”, ressalta.
David Nascimento tem revenda de gás nos bairros do Jurunas e Canudos, em Belém, na avenida Augusto Montenegro, também na capital, e em Marituba. “O nosso estoque só dá pra hoje”, afirma. Ele explica que como tem mais de uma empresa, redistribuiu os produtos, para manter o abastecimento e suprir a necessidade das revendas menores, mas não vai conseguir segurar a situação por muito tempo. “Se não liberar hoje, amanhã a gente nem abre”, declarou. “As outras revendas que têm capacidade menor, já estão sem gás desde ontem”.
Segundo ele, o problema afeta não apenas o consumidor residencial. “Vai impactar para os grandes restaurantes, para as empresas que usam gás para empilhadeira. Tem empresa grande que está ligando pra gente, como distribuidoras de bebidas, e a gente não tem estoque”, revela.
Sobre o preço, Davi diz que as empresas foram avisadas de um novo reajuste na segunda-feira e já repassaram ao consumidor, porque vão comprar com o novo preço os próximos produtos que chegarem. No caso das revendas de David, o botijão está sendo vendido a R$ 115 para entrega e R$ 110 na portaria.
O motorista de caminhão Sidney Lobato, que aguarda a liberação no Terminal de Miramar, conta que o município de Bragança também está enfrentando desabastecimento. “Com esse negócio aí a gente passou o dia todinho de ontem perdido, mais o dia de hoje, e já estamos sem o produto em Bragança, o depósito tá vazio. O pessoal tá procurando o produto e isso está impactando na economia do nosso depósito. A gente não fez a conta de quanto está sendo o prejuízo, mas não vai ser pouco. Um caminhão desse, que já era pra ter feito a terceira viagem essa semana, não fez nenhuma. Meu caminhão leva 500 botijões”, argumentou.
O Grupo Liberal também procurou o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Pará (Sindicombustíveis-PA) e aguarda um retorno.
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