Governo institui Grupo de Trabalho (GT) para discutir a chamada cota-parte do ICMS
No modelo atual, municípios mineradores são beneficiados em detrimento dos outros
Após sugestão encaminhada via ofício pelo Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco Pará), em 28 de junho deste ano, o Governo do Pará publicou ontem (14), no Diário Oficial do Estado (DOE), o decreto nº 1.856, que institui um Grupo de Trabalho Especial (GT) para debater e propor critérios para o cálculo da partilha da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é dividida entre os 144 municípios paraenses. No modelo atual, o Valor Adicionado (VA) sobre o que é produzido é o principal critério de apuração da divisão da cota-parte dos municípios, o que tem causado inequidade entre as cidades paraenses, conforme análise do Sindifisco Pará.
De acordo com o sindicato, no ofício nº 030/2021, há “graves distorções verificadas na distribuição da cota-parte do ICMS entre os municípios paraenses, que vêm consolidando e aprofundando a concentração da receita do imposto em favor dos municípios produtores de commodities – em especial as minerais – alguns dos quais com grande densidade populacional e, portanto, com maior demanda por serviços e assistência públicos”.
O GT será formado por representantes da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa); da Procuradoria-Geral do Estado (PGE); da Secretaria de Estado da Educação (Seduc); da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) e da Federação das Associações de Municípios do Estado do Pará (Famep), num prazo de 60 dias, que poderá ser prorrogado uma única vez.
O presidente do Sindifisco-Pará, Charles Alcântara, afirma que além de enviar a sugestão da criação do GT ao governador Helder Barbalho, também acionou a Alepa e os prefeitos de Belém e Ananindeua. “Conversei pessoalmente com o prefeito Edmilson Rodrigues e recebi um telefonema do prefeito Daniel Santos. Ambos se mostraram preocupados com o fato de que Belém e Ananindeua estão recebendo cada vez menos parcelas da arrecadação do imposto. Fico feliz que a sugestão tenha sido acatada, com a representação do poderes Executivo estadual, Legislativo e com a representação dos municípios, a Famep”, declarou.
O secretário estadual da Fazenda, René Sousa Júnior, afirma que o GT deve revisar as normas estaduais para regulamentar os novos critérios e formas de cálculo da cota-parte de ICMS. “A ideia é tentar reduzir as desigualdades em função das disparidades existentes em relação aos índices dos municípios mineradores e os não mineradores”, específica.
Do total da arrecadação do ICMS, 25% pertencem aos municípios, segundo critérios definidos na Constituição Federal e em Lei estadual (Lei Nº 5645/1991). O Índice de Participação dos Municípios (IPM) é calculado no ano anterior a sua vigência. O Valor Adicionado (VA) é o critério responsável por 75% da apuração, e reflete a movimentação da atividade econômica.
A Sefa afirma, ainda, que os critérios atuais estão determinados pelo artigo 158 da Constituição Federal, mas adianta que outras formas de calcular a partilha já estão sendo consideradas. “Com as alterações legais advindas da emenda constitucional 108/2020, estão sendo estudadas mudanças nos critérios da distribuição da cota-parte do ICMS aos municípios, que serão encaminhadas para aprovação no Poder Legislativo. De acordo com o texto da emenda 108/2020, o valor adicionado passa de 75% para 65% e os critérios definidos em lei estadual passam de 25% para 35%. As alterações propostas pela Sefa são no sentido de beneficiar os municípios que tenham maiores investimentos na área da educação”, destaca.
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