Gás de cozinha em falta e mais caro em Belém, entenda
Mesmo com o reabastecimento, consumidores ainda precisarão lidar com o preço mais alto

Desde a última sexta-feira (28), revendedoras de gás de cozinha em Belém sofrem com o desabastecimento dos estoques, devido a um atraso no navio que transportava a carga mais recente com destino ao Pará. Empresários do ramo afirmam que a carga deve chegar nesta terça-feira (1), mas virá acompanhada de um novo reajuste de R$ 1,70 anunciado pelas companhias de gás. Clayton Nunes, gerente de uma revendedora na capital paraense, avalia que o botijão pode chegar a R$ 125 com o novo aumento.
A unidade de revenda de Nunes, localizada no bairro de Canudos, tem apenas 16 botijões cheios para comercialização, o que é muito em comparação a outros empresários que ficaram sem estoque ainda na sexta-feira. A estratégia do revendedor foi priorizar o consumidor direto e com uso doméstico, ou seja, reduzindo a venda para restaurantes e estabelecimentos maiores. Ele relata que o último estoque da sua unidade veio abaixo do normal, com apenas 113 botijões, contra os 150 que vinham em um período comum.
“A última notícia que tive da companhia é que provavelmente amanhã chegará uma carga para nós, mas também não me deram certeza e nem a quantidade. Então, estamos na expectativa de vir alguma coisa, devido já estarmos com um estoque bem baixo”, afirma.
Apesar das incertezas sobre a data e a quantidade dessa carga aguardada, já foi confirmado que o reabastecimento virá acompanhado de um novo reajuste, anunciado nesta segunda-feira (31) pelas companhias de gás. O acréscimo de R$ 1,70 eleva o valor atual dos botijões de em média R$ 115 para até R$ 125, o que preocupa os empresários. Isso porque os reajustes anteriores, segundo eles, não foram repassados ao consumidor final, devido a uma concorrência desleal com os clandestinos, o que eles não garantem repetir a partir do novo aumento.
“A gente já teve outros reajustes da companhia, teve reajuste de combustível e agora tem mais um, então eu acredito que dessa vez os revendedores não vão conseguir segurar esse reajuste, devido a não ter repassado ao consumidor final anteriormente. E, esse acúmulo de reajuste já começa a pesar no orçamento”, explica Nunes.
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Fiscalização
Para o presidente executivo do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás Liquefeito de Petróleo do Estado do Pará (Sergap), Francinaldo Oliveira, o problema do setor é a falta de fiscalização e o novo aumento é apenas “mais uma imposição”. O grande problema enfrentado pelos revendedores na sua avaliação surge da concorrência desleal com os clandestinos. Eles agem sem toda os critérios exigidos, disputando os clientes com valores mais atraentes, o que obriga os regularizados a segurarem os preços, apesar dos reajustes que chegam.
“A Agência Nacional do Petróleo (ANP), encarregada de conceder autorização para revenda e de fiscalizar, é totalmente irresponsável quando ela concede o registro indistintamente… o que tem prejudicado bastante o mercado que está entregue ao vendedor clandestino”, explica Francinaldo.
Para manter a autorização da ANP, é necessário atender exigências quanto à arrecadação de impostos, licenças ambientais e outros, o que os clandestinos não cumprem, segundo o presidente. A precariedade dessa fiscalização obriga as empresas regularizadas, que totalizam impostos e outras tarifas, a não acompanharem os reajustes, o que afeta seus rendimentos.
“O gás hoje era para estar perto de R$ 130 e não se consegue vender a R$ 115. Então, esse aumento que vem agora é mais uma imposição das companhias”, afirma.
Ao todo, o país possui quatro companhias nesse mercado que definem os valores sobre os botijões. Após a chegada das cargas, o GLP passa às companhias e posteriormente às empresas regularizadas. Nesse processo, os vendedores clandestinos conseguem autorização para funcionamento e podem adquirir o gás, mas não seguem cumprindo as normas.
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