Equilibrando as contas a dois: casais de Belém tem desafios e estratégias para vida financeira

Casais contam como organizar finanças, superar desafios e construir futuro estável e harmônico.

Jéssica Nascimento

A vida financeira de um casal exige mais do que simples ajustes de contas. Para muitos casais belenenses, a divisão de responsabilidades, a comunicação constante e a adaptação a imprevistos são essenciais para o sucesso. De acordo com economistas entrevistados, o segredo para enfrentar dificuldades financeiras está em manter a comunicação aberta e realista, ajustando o orçamento conforme as circunstâncias. 

Divisão das contas: equilíbrio ou desigualdade?

A forma como os casais dividem as despesas pode ser um fator determinante para o equilíbrio financeiro dentro de casa. Keila Vale, casada com Dhony Vale e mãe de três filhos, fala sobre como as responsabilidades financeiras são distribuídas em sua casa. 

“Geralmente, o provedor de casa assume uma responsabilidade maior com os custos fixos familiares, deixando a esposa responsável pelos medicamentos, plano de saúde, cosméticos e produtos de higiene pessoal. Eu fico tranquila quanto às minhas finanças, pois temos tudo organizado,” comenta Keila.

No entanto, ela ressalta que os desafios surgem principalmente com o cartão de crédito e os gastos desnecessários. 

image Dhony Vale e Keila Vale. (Foto: Cristino Martins)

“Hoje, temos nossos gastos controlados e priorizamos apenas o que é necessário. A reserva de emergência é essencial para mantermos a casa e realizar investimentos, principalmente com imóveis e comprando e vendendo produtos e serviços," afirma.

Por outro lado, Eberth Wanghon, que mora há anos com Bruno Brito, adotou uma abordagem diferente ao dividir as despesas. 

“Nós preferimos dividir as contas de acordo com a nossa renda. Cada um contribui proporcionalmente ao que ganha, o que nos parece mais justo. Dessa forma, conseguimos evitar que um de nós fique sobrecarregado, o que acaba equilibrando as finanças de forma mais eficiente,” explica Eberth. 

Ele destaca que, ao longo do tempo, o maior desafio enfrentado foi uma despesa inesperada com saúde, que exigiu ajustes no orçamento. “A boa comunicação entre nós foi fundamental. Com o diálogo aberto, conseguimos tomar decisões rapidamente e cortar alguns luxos para priorizar o pagamento dessa despesa,” conta.

Luana Silva, professora que divide um apartamento com Jorge Tavares, também adota uma divisão simples das finanças: “Dividimos a conta, e até o momento não tivemos nenhum desafio financeiro significativo. Graças a isso, conseguimos pagar todas as nossas contas sem dificuldades,” revela Luana. 

Para ela, o segredo está na prática de guardar 10% da renda mensal em investimentos no banco, o que permite uma maior segurança financeira para projetos como viagens e outros gastos programados. 

"Quando queremos viajar, por exemplo, guardamos durante um ano uma quantia específica para isso. Nunca pensamos em complicações financeiras, mas sabemos que é algo que precisa ser planejado," diz.

Para Selma Brito, casada com Gérson Gonçalves e dona de casa casada há mais de 30 anos, a chave é a divisão proporcional, considerando a renda de cada um. 

“Meu marido se encarrega das contas maiores, como a casa e o carro, enquanto eu fico com as do dia a dia, como supermercado e gás. Isso nos ajuda a evitar sobrecarga em um dos dois e mantém a justiça”, explica.

Já Maria Helena Gaspar, que depende exclusivamente da renda do marido, Cid Guimarães, adota uma abordagem mais simples. "Gastamos apenas o necessário, e qualquer gasto extra só é feito em emergências." 

Essa diferenciação nas abordagens reflete realidades diversas e destaca como as prioridades podem mudar conforme a situação financeira e a estrutura do casal.

Superando crises: como ajustar o orçamento em tempos difíceis

O maior desafio de Selma e do marido foi durante a crise econômica, quando ele perdeu o emprego e ela ainda cuidava da filha pequena. A solução foi cortar custos e buscar novas fontes de renda, com o casal ajustando suas expectativas. 

“A comunicação foi a chave. Sem desespero, buscamos alternativas e conseguimos superar a fase difícil”, afirma Selma.

No caso de Maria Helena, o desafio foi o pagamento da moradia própria, uma situação que exigiu grande esforço financeiro para garantir a estabilidade. Para ela, a solução foi simples: economizar ao máximo e buscar formas de complementar a renda quando necessário.

Para Keila, o controle de gastos e a reserva de emergência são essenciais.

“Hoje, usamos a reserva emergencial para manter alguns compromissos, especialmente quando precisamos reduzir gastos com acessórios ou roupas, ou quando enfrentamos algum imprevisto,” explica.

Eberth também compartilha a experiência de uma crise financeira no casal. “O maior desafio foi quando tivemos que lidar com uma despesa inesperada de saúde. Isso nos pegou de surpresa, mas fizemos ajustes no orçamento, cortamos alguns luxos e priorizamos o pagamento da dívida,” diz. 

A comunicação, segundo ele, foi essencial para garantir que ambos estivessem alinhados nas decisões.

Planejamento de futuro: segurança e objetivos conjuntos

Investir no futuro é um objetivo comum entre os casais, e isso envolve criar uma reserva de emergência, além de planejar compras significativas, como a casa própria. Selma e o marido, por exemplo, já têm uma poupança que garante uma certa segurança em momentos de crise.

“Temos um planejamento para a compra de um imóvel, mas é um objetivo que vem sendo alcançado aos poucos, sem pressa”, diz Selma.

Maria Helena, por sua vez, não está mais focada em comprar outro imóvel, já que o casal já conquistou a casa própria. No entanto, ela afirma que o orçamento familiar segue voltado para a gestão eficiente dos gastos mensais, sem extrapolar o necessário.

Keila e o marido têm um planejamento financeiro focado em viagens e compras essenciais.

“Hoje, planejamos nossas viagens, usamos pacotes promocionais, compramos presentes em datas comemorativas e o lazer fica por conta de ocasiões especiais. Estamos focados em manter nossa reserva de emergência e em reduzir os gastos não essenciais," explica Keila.

Eberth e o companheiro também têm metas financeiras claras, incluindo a compra de outro imóvel. “Temos um planejamento financeiro bem estruturado, focado em economizar e investir de forma estratégica. Revisamos periodicamente nosso progresso para alcançar nossos objetivos a longo prazo,” afirma.

Para Luana e o companheiro, o foco é manter o controle de gastos e investimentos, poupando regularmente para o futuro.

“Nunca pensamos em complicações, mas sabemos que ter um planejamento financeiro nos garante um futuro mais tranquilo,” comenta.

Dicas de economistas: como organizar as finanças a dois

Kleber Mourão, presidente do Corecon PA/AP (Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá), sugere que o primeiro passo para qualquer casal é listar suas fontes de renda e mapear suas despesas. "A comunicação é essencial, assim como o mapeamento das prioridades", recomenda.

Para Pablo Damasceno, vice-presidente do Corecon PA/AP, a colaboração dentro do casal é fundamental. “Quando os dois têm a mesma visão e comportamento, os gastos desnecessários diminuem. E é importante também que o casal revise suas despesas, como o uso de energia e água, para economizar no dia a dia.”

Genardo Oliveira, economista paraense, propõe uma série de estratégias, como a definição de metas financeiras conjuntas, a criação de um orçamento compartilhado e o uso da regra 50-30-20 para a distribuição de recursos. 

Segundo ele, há dez pontos que devem ser considerados para casais que desejam organizar as finanças de forma eficiente e harmoniosa:  

1. Comunicação transparente  
   - Iniciar com uma conversa aberta sobre renda, dívidas, gastos e expectativas.
   - Eliminar tabus: discutir dinheiro é essencial para evitar conflitos futuros.  

2. Definição de metas conjuntas
   - Estabelecer objetivos de curto prazo (viagens, mobília) e longo prazo (casa, aposentadoria).  
   - Alinhar prioridades fortalece o compromisso mútuo.  

3. Orçamento compartilhado  
   - Criação de um orçamento mensal que inclua despesas fixas (aluguel, contas), variáveis (lazer) e poupança.  
   - Sugestão: usar a regra 50-30-20 (50% necessidades, 30% desejos, 20% poupança/dívidas) ou adaptar conforme realidade do casal.  

4. Reserva de emergência
   - Poupar 3 a 6 meses de despesas básicas em uma conta separada.  
   - Proteger contra imprevistos (desemprego, gastos médicos).  

5. Estratégia para dívidas
   - Priorizar quitar dívidas de alto juro (cartão de crédito, empréstimos).  
   - Métodos como "Avalanche" (focar na dívida com maior taxa) ou "Bola de Neve" (quitar as menores primeiro) podem ser úteis.  

6. Contas conjuntas e individuais
   - Uma conta conjunta para despesas compartilhadas (ex: moradia, mercado) e contas individuais para gastos pessoais.  
   - Preservar autonomia e reduz atritos sobre escolhas individuais.  

7. Revisões financeiras periódicas
   - Realizar reuniões mensais para avaliar o orçamento, ajustar metas e celebrar progressos.  

8. Investimentos e proteção 
   - Após a reserva de emergência, investir conforme perfil de risco (ex: Tesouro Direto, previdência privada, ações).  
   - Contratar seguros (vida, saúde) para mitigar riscos.  

9. Equilíbrio entre coletivo e individual  
   - Respeitar diferenças de renda: divisão proporcional das despesas (ex: quem ganha mais contribui mais).  
   - Manter uma quantia para gastos pessoais sem necessidade de prestar contas.  

10. Buscar ajuda profissional se necessário 
    - Um consultor financeiro ou economista profissional pode auxiliar em casos de conflitos complexos ou dívidas acumuladas.  

 

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